Secretária Andréa Vulcanis defende presença do Estado na criação de parque no Rio do Couros

A secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, defendeu, neste sábado (1º/08), a participação do Governo de Goiás no processo de criação da unidade de conservação na região do Rio do Couros. Em live da Fundação Mais Cerrado, a titular da gestão ambiental do Estado fez apelo para a unidade em torno do tema. 

“Estamos todos alinhados à criação do parque. Goiás hoje possui realizações na defesa do meio ambiente que não se alcançam em outros Estados. Essa cadeia favorável não pode ser quebrada por questões menores que não sejam a da preservação”, destaca a secretária.

O debate virtual reuniu a superintendente de Unidades de Conservação e Regularização Ambiental da Semad, Verônica Theulen, o prefeito de Alto Paraíso de Goiás, Martinho Mendes, a pesquisadora Gislaine Disconzi, a bióloga e diretora-executiva da Rede Pró Unidades de Conservação, Angela Kuczach, e o representante do Incra, Márcio Borges. 

Em sua fala, a secretária Andréa Vulcanis lembrou a mudança de eixo da gestão ambiental no Estado de Goiás a partir da posse do governador Ronaldo Caiado. “Tínhamos uma secretaria ausente, deficitária. A partir dos esforços do governador, conseguimos centralizar todas as ações da gestão ambiental e criar um cenário positivo para, por exemplo, discutir a criação de novas unidades de conservação”, aponta.

Para a diretora-executiva da Rede Pró Unidades de Conservação, Angela Kuczach, a presença do Estado na criação do parque é fundamental para sua perpetuação. “O Estado tem mais força para garantir a preservação deste espaço”, pondera. Ela ressalta que a legislação dispõe sobre as responsabilidades de gestão de quem se propõe a administrar a área protegida e critica o que classifica como “questões menores” sobre o parque ser municipal ou estadual. 

“A obrigação de quem deve cuidar da unidade de conservação não sai da nossa imaginação, está na lei. Então, precisamos desapegar de questões menores, deixar o ego de lado, ‘de quem será o parque’. O objetivo é ter o parque, o resto fica em segundo plano”, afirma Angela Kuczach.

A secretária Andréa Vulcanis também falou sobre a questão, que foi utilizada politicamente nas últimas semanas no município de Alto Paraíso de Goiás por grupos que se opõe à participação do Estado e defendem um parque integralmente municipal. “O município não conseguiria, mesmo que quisesse, administrar uma área complexa como a do Rio do Couros”, disse. “Manter uma unidade de conservação envolve muito mais do que boa vontade, envolve recursos, conhecimento e atuação dos poderes”, completa. 

Segundo a secretária, o parque ser municipal desobriga o Governo de Goiás a destinar recursos e material humano para a unidade. “O gestor estadual poderia optar por privilegiar as unidades com a qual o Estado tem obrigação em detrimento do Rio do Couros”, observa.

Alto Paraíso
Envolvido diretamente no processo de gestão compartilhada, o prefeito de Alto Paraíso de Goiás, Martinho Mendes, afirmou que a presença do Estado na criação do parque foi a forma encontrada de garantir que a unidade de conservação tivesse toda a estrutura necessária. 

“Minha preocupação sempre foi a de preservar aquela área, seja por meio dos governos federal, estadual ou pelo município”, disse. “Só que sabemos das limitações do município, uma vez que dificilmente a prefeitura teria condições de assumir uma área daquele porte. Nós temos sonhos de conseguir recursos aqui e ali, mas nenhuma garantia. E como está não poderia ficar. Por isso, conseguimos colocar para o Estado a urgência de se preservar aquele local”, lembra.

A superintendente Verônica Theulen fez um panorama das negociações e explicou as próximas etapas do processo de criação do parque. Segundo ela, a preocupação do Governo de Goiás é envolver a comunidade em todas as discussões. “Desde maio houve um entendimento com a prefeitura de que o melhor modelo era a gestão compartilhada”, disse. “Nosso foco é que todas as etapas tenham um forte componente de participação da sociedade”, destaca Verônica Theulen. 

Márcio Borges explicou a participação do Incra no processo. Segundo ele, parecer da equipe técnica atestou que a região necessita de proteção integral e apontou caminhos possíveis neste sentido. “Em um primeiro momento o ideal, por questões de gestão, seria anexar a área à Chapada dos Veadeiros e, não sendo possível por diversos motivos, a criação deveria ser por meio do Estado”, lembra. Segundo ele, o Incra mantém diálogo constante com os assentados que vivem na região e esta comunidade deve ser envolvida em todas as etapas futuras. “A questão principal é a conservação, mas tudo que for relacionado ao potencial turístico e sustentável deverá envolver os assentados, que não podem ser alijados do processo”, destaca.

A pesquisadora Gislaine Disconzi apresentou estudos realizados há mais de 20 anos e fez um alerta sobre a necessidade de se preservar o santuário. “A região do Couros é primordial para a manutenção de espécies ameaçadas de extinção no Cerrado. A bacia tem uma riqueza ímpar de fauna e de flora”, afirma. Para ela, com a localidade protegida, será possível ampliar pesquisas e conhecer melhor as peculiaridades do bioma Cerrado.

A criação de uma unidade de conservação na região do Rio do Couros foi anunciada no último dia 28 de junho pelo governador Ronaldo Caiado, depois de mais de 20 anos de idas e vindas do projeto. A nova unidade de conservação ambiental terá um modelo de gestão compartilhada entre o Governo de Goiás e a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás, o que garante uma maior democratização no planejamento e na tomada de decisões sobre os assuntos locais.

Governo na palma da mão

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