Fósseis pré-históricos são encontrados durante trabalho de campo no Parque Estadual de Terra Ronca

Seguindo autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM), a Semad acompanhou a retirada de fósseis com risco de perda em cavernas de Terra Ronca. O paleontologista e professor Henrique Zimmermann Tomassi, da STCP, empresa responsável pela elaboração do Plano de Manejo Espeleológico do Parque Estadual de Terra Ronca (PETeR), foi o responsável pela retirada e esclarece que este procedimento é recomendado pela ANM, órgão federal responsável pela gestão do patrimônio fóssil nacional, pois há risco iminente de sua destruição

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), seguindo a autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão federal responsável pela gestão do patrimônio fóssil nacional, acompanhou a retirada de fósseis encontrados em cavernas, grutas e cavidades de Terra Ronca, no Nordeste goiano, que apresentam riscos de danos e prejuízo à coleta dos achados arqueológicos futuramente. Isso acontece por erosão do material que conserva o fóssil, sua exposição ao sol e chuva, risco de pisoteamento por turistas que frequentam as trilhas das cavernas, entre outros. A retirada ocorreu no último mês de novembro.

O professor Henrique Zimmermann Tomassi, paleontologista e geologista da STCP, empresa responsável pela elaboração do Plano de Manejo Espeleológico do Parque Estadual de Terra Ronca (PETeR), também acompanhou a retirada do material e esclareceu que este é o procedimento recomendado pela Agência Nacional de Mineração, órgão federal responsável pela gestão do patrimônio fóssil nacional.

“Por este motivo, como precaução, os profissionais de paleontologia sempre solicitam à ANM a autorização de coleta", explana. A STPC foi contratada pela Serra Verde Pesquisa e Mineração para confeccionar o plano, como forma de compensação ambiental fruto de trabalho fiscalizatório da Semad.

Existe apenas uma situação em que o fóssil encontrado em campo é escavado e coletado: caso se identifique o risco iminente de sua destruição. Isso acontece por erosão do material que conserva o fóssil, sua exposição ao sol e chuva, risco de pisoteamento por turistas que frequentam as trilhas das cavernas, entre outros.

Tomassi esclarece que o método de trabalho para retirada do fóssil se dá pela sua escavação e coleta. A não coleta não é uma opção para o profissional de paleontologia, pois isso acarretaria a perca do patrimônio fóssil. "Portanto constitui-se em obrigação garantir sua conservação, de outra forma estaria sendo negligente e, por omissão, permitindo a perda de materiais raros com valor cultural, científico e natural ímpar", destaca o professor.

Com a autorização de coleta dada pela ANM, os fósseis encontrados em cavernas do parque, localizado na região nordeste de Goiás, serão enviados para a Universidade Federal de Goiás (UFG), sendo a responsável pelos cuidados e preservação do material.

Plano de Manejo
Conforme conta o professor Tomassi, o Diagnóstico Paleontológico, parte integrante do Plano de Manejo Espeleológico do Parque Estadual de Terra Ronca, foca essencialmente na vistoria da área-foco com o objetivo de identificar potencialidades fossilíferas na localidade e identificar fósseis que eventualmente estejam visíveis em rochas, sedimentos, solo e demais materiais que conservem patrimônio Paleontológico. Com este objetivo, a seção paleontológica tem trabalhado para definir essas potencialidades e realizar essas identificações.

Riscos
No Parque Estadual de Terra Ronca foram identificados incontáveis restos fósseis e apenas em duas situações os profissionais identificaram que a inação resultaria em dano ao patrimônio fóssil e a equipe agiu de forma a protegê-lo. “O primeiro foi na dolina entre as cavernas Terra Ronca I e II, na trilha de transferência na mata entre as cavernas (ao ar livre), verificamos um deslizamento de detritos (rochas e sedimentos) de pequeno volume que continha fósseis de gastrópodes”.

Estes fósseis estavam expostos às intempéries e sendo pisoteados pelos turistas que percorrem a trilha. Assim, foi feita a coleta dos fósseis apenas no eixo da trilha, para evitar sua destruição iminente.

O segundo caso ocorreu dentro da caverna São Vicente II, em um pequeno salão na margem direita do Rio São Vicente, onde os processos erosivos da caverna estão rapidamente destruindo um pacote de camadas sedimentares com fósseis de vertebrados. “Os guias que nos acompanharam relatam que vários ossos eram visíveis no local e que parte deles já foi triturada pela ação da erosão”, contou o professor.

“Mais uma vez, diante de um processo de destruição do patrimônio fóssil, agimos no sentido de impedir que a depauperação dos fósseis continuasse a acontecer. Procedemos a coleta dos ossos visíveis nas camadas que estão se desfazendo”, confidencia o estudioso.

Permanência em Goiás
Assim, o pequeno conjunto de material coletado será encaminhado à UFG, onde será depositado e está disponível para pesquisa científica. E o professor faz ressalva de dois fatos: “primeiro, os fósseis estão permanecendo no seu Estado de origem, Terra Ronca é patrimônio natural goiano e a Nasor entende que seus fósseis devem permanecer no local e servirem de base para o desenvolvimento científico do Estado”.

E mais: “pretendo fazer a recomendação formal que estes fósseis sejam devolvidos ao Parque de Terra Ronca assim que houver infraestrutura para que eles sejam depositados e expostos para os turistas, pois o gestor do parque nos sinalizou o projeto de construção de um museu no local”, termina.

Governo na palma da mão

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