Ações emergenciais mantêm média de vazão do Meia Ponte estável, diz Andréa Vulcanis
A secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, afirmou, nesta quarta-feira (25/09), que as ações emergenciais implementadas pelo Governo de Goiás na Bacia do Meia Ponte conseguem afastar a possibilidade de racionamento de água em Goiânia e região metropolitana. Ela foi a entrevistada no programa Tarde CBN, da CBN Goiânia, pelos jornalistas Nathália Lima e José Bonfim.
“O Comitê da Bacia Hidrográfica do Meia Ponte definiu que a média de vazão abaixo de 1.500 l/s durante sete dias consecutivos dá início ao nível crítico 4, que estabelece o rodízio e o racionamento. Mas nós não registramos nenhum dia com média abaixo do nível crítico definido pelo comitê”, afirma a secretária.
“Os dados abaixo dos 1.500 l/s são pontuais e muitas vezes são erros de leitura dos equipamentos”, explica Andréa Vulcanis. Para manter a vazão, ela lembra que foi feita a abertura de três barramentos no final de semana, na capital, Inhumas e em Santo Antônio de Goiás. Foram, ainda, liberados outros dois, da Prefeitura de Goianira e da empresa Heinz, nos últimos dois dias. Até o momento, são sete represas já abertas para adicionar volume de água adequado ao Meia Ponte.
A secretária explicou que a Semad vem esclarecendo, inclusive junto ao Ministério Público, os registros que destoam do volume médio registrado. “A tecnologia aplicada nos aparelhos de medição utiliza ondas, que fazem o registro de cinco em cinco minutos. Quando um registro destoa muito da média que vem sendo apresentada é considerado um outlier, uma medição estatística que é desconsiderada”, aponta.
Segundo a secretária, a liberação de sete barramentos na região metropolitana e a redução da outorga de captação de água em 50% na bacia conseguiram manter a vazão do Meia Ponte em uma média entre 1.800 l/s e 2.000 l/s e devem ser suficientes para garantir o abastecimento até o retorno do período chuvoso. “Temos fôlego razoável para manter a vazão no nível atual com os cerca de 70 barramentos que estão de prontidão para terem o volume despejado no rio”, garantiu a titular da Semad.
Recuperação
Questionada sobre medidas para evitar que as crises hídricas do Meia Ponte se agravem no futuro, a secretária Andréa Vulcanis destacou que o regime de chuvas no Estado vem mudando nos últimos anos e, por isso, o grande desafio do Estado é revitalizar a bacia para que mais água seja produzida.
“Além das obras de infraestrutura para garantir a segurança hídrica, é absolutamente necessária uma revitalização da Bacia do Meia Ponte, que hoje conta apenas com 0,9% de vegetação nativa de Cerrado”, afirma a secretária. “Isso impacta significativamente a produção de água, uma vez que a falta desta vegetação impede que as chuvas infiltrem no solo e fiquem disponíveis no período de seca”, explica.
“Antigamente, tínhamos as chamadas ‘invernadas’, uma chuva contínua e que durava dias ou semanas, mas hoje o regime mudou para pancadas e tempestades, que não dão tempo para a água infiltrar no solo”, afirma a titular da Semad.
Para revitalizar a bacia, o Governo de Goiás e a Semad lançaram, no último dia 16 de setembro, o Projeto Pró-Águas Rio Meia Ponte, que contará com ações de curto, médio e longo prazos. O primeiro objetivo do comitê é viabilizar a recuperação de 3 mil hectares, em um trabalho que envolve desde a proteção de nascentes até a recomposição de vegetação nativa.
“O objetivo não é só solucionar o problema de abastecimento de Goiânia e região metropolitana”, afirma a secretária. “Nós temos que pensar que, a cada ano que passa, temos menos vazão nos rios da região e isso impacta a economia local”, relata. “Não ter água implica em menor produção da indústria, que gera 7 mil empregos diretos e indiretos, menor produção para os pequenos produtores, que hoje são em torno de 5 mil”, explica. “Ou seja, sem água disponível não há economia que se sustente”, salientou a secretária Andréa Vulcanis durante o evento de lançamento do projeto Pró-Águas Rio Meia Ponte.