Com a chegada do período chuvoso, Semad orienta donos de barragens para ações preventivas
Em 2020 a pasta criou o Sistema de Cadastramento de Barragens e mediante uma campanha permanente de conscientização junto aos proprietários, atualmente mais de 6,3 mil reservatórios de diferentes portes já estão regularizados. Destas, mais de 1,3 mil já foram classificadas
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), chama a atenção de empreendedores goianos para a chegada do período chuvoso, época em que se torna imprescindível a adoção de ações preventivas para garantir segurança aos reservatórios e, principalmente, às pessoas que moram em locais próximos a barragens. Diante de desastres de grande repercussão nacional e centenas de vítimas, desde 2019 a pasta implementa uma série de medidas para diminuir riscos aos empreendimentos e à população.
Segundo relata a titular da Pasta, secretária Andréa Vulcanis, com a aproximação do período de chuvas intensas os donos de barramentos devem seguir atentos quanto à situação da estrutura, se não tem fissura, abaulamento e árvores que possam provocar instabilidades, tornando a barragem mais frágil a situações críticas, no caso um alto volume de água da chuva. Também é preciso atenção com as estruturas de escoamento, uma vez que qualquer entupimento pode diminuir a capacidade de extravasão da água, gerando danos às barragens e risco à população.
Levantamento do Cadastro Ambiental Rural aponta a existência de mais de 30 mil acumulações hídricas no Estado de Goiás. Estudos mais aprofundados apontam que destas, aproximadamente 10,2 mil possuem área superior a 01 hectare, ou seja, 10 mil m². A estruturação da área de segurança de barragens elaborada pela Semad permitiu atender à demanda pela implementação dessa importante política pública, provendo o Estado das condições necessárias para se garantir a segurança das acumulações e consequentemente a segurança dos cidadãos.
Em 2020 a Semad criou o Sistema de Cadastramento de Barragens e mediante uma campanha permanente de conscientização junto aos proprietários, atualmente mais de 6,3 mil reservatórios de diferentes portes já estão regularizados e mais de 1,3 mil já foram classificados. Como destaca Andréa Vulcanis, mesmo com os prazos para o cadastramento já finalizados, o sistema permanece aberto para que os donos de barragens possam se regularizar junto à Semad. Basta acessar o link https://portal.meioambiente.go.gov.br/barragens.
Em caso de emergência
A Semad também instrui todos os proprietários de barramentos para que estejam sempre em prontidão para comunicar possíveis emergências às Defesas Civis municipais da região onde se encontram, além de constituir uma rede de comunicação com vizinhos e comunidades residenciais em um raio de 10 quilômetros da represa. “Qualquer situação extrema deve ser levada às autoridades para que as medidas emergenciais, principalmente evacuações, sejam aplicadas imediatamente”, pontua a secretária Andréa Vulcanis.
Outro dado importante são os levantamentos feitos pelo Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo). Por meio desses dados, que apontam previsões de precipitações para todo o Estado, é possível traçar medidas de segurança para reservatórios localizados em regiões com altos índices pluviométricos. “É preciso seguirmos todos em alerta”, aponta o gerente do Cimehgo, André Amorim.
Medidas
Com o solo encharcado aumentam os riscos de rompimento. Logo, é preciso verificar as condições dos extravasores/vertedores, com a devida limpeza e manutenção, para que possam exercer a finalidade para a qual foram projetados e dimensionados em casos de cheias. Ainda precisa ser observada a descarga de fundo, com atenção para o correto manuseio nos casos de cheias, com sua abertura total.
Em algumas situações, as cheias que chegam ao reservatório são bastante superiores às regulares para as quais as barragens foram projetadas, levando a uma ocupação quase completa do vertedouro e correndo-se o risco de galgamento. Trata-se de uma situação de emergência em potencial e que deve ser tratada com muita seriedade.
Do ponto de vista da operação da barragem, se houver enchente o empreendedor deve ler e registrar o nível d’água do reservatório, isolar o acesso ao empreendimento logo que o nível da água ultrapassar o máximo maximorum e abrir 100% a tomada d’água e a descarga de fundo sempre que constituam uma estrutura independente.
Também observar e acompanhar a descarga pelo vertedouro, com o objetivo de evitar que a água acumulada ultrapasse a altura do barramento. E verificar a ocorrência de erosão do canal quando não revestido, mantendo as condições do escoamento na bacia de dissipação, na zona a jusante do vertedouro, ou seja, a saída da água, e junto ao pé de jusante da barragem e evitar a obstrução das estruturas por detritos flutuantes ou por deslizamento de terras pelo vertedouro.
Por fim, a Semad orienta que seja inspecionado o vertedouro, o seu canal de restituição, da tomada d’água e da descarga de fundo. Ainda, o pé de jusante da barragem, que fica rio abaixo, após o término do evento de cheia. A meta é identificar problemas estruturais ou obstruções que devem ser corrigidos antes da próxima cheia, na primeira oportunidade, o mais rápido possível.
Cheias excepcionais podem causar também impactos significativos à população residente rio abaixo. Portanto, no caso de existência de moradias ou áreas industriais ao longo de 10 km, logo que o nível da água no reservatório ultrapassar o nível máximo maximorum, o empreendedor deve avisar a Coordenadoria de Defesa Civil do município.
Se houver risco de transbordamento, o dono do reservatório deve informar aos moradores residentes ao longo da calha do rio e ao proprietário da primeira barragem situada rio abaixo, caso existente, sobre a passagem da cheia. A orientação é para que fiquem de prontidão para eventual evacuação ou remoção de pertences.