Governo de Goiás inicia instalação gratuita de sistemas telemétricos para usuários de água do Alto Meia Ponte

O Governo de Goiás iniciou, na última semana, a notificação dos usuários de água da região do Alto Meia Ponte sobre a instalação de sistemas telemétrico nas motobombas. O procedimento, totalmente gratuito, integra o conjunto de ações para o enfrentamento da crise hídrica. 

A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) realiza um trabalho em duas frentes na região. Além da notificação sobre a instalação dos equipamentos, as equipes da pasta traçam um mapeamento completo de todos os usuários do Alto Meia Ponte. 

“Estamos notificando 17 pontos outorgados na bacia e 40 ainda não outorgados, mas que serão regularizados. Conhecer melhor os usuários, os trabalhos de cada um, as demandas, capacita a Semad a realizar uma gestão mais qualificada”, explica o superintendente de Recursos Hídricos e Saneamento, Marco José Melo Neves.

A secretária Andréa Vulcanis ressalta a importância do trabalho feito pela gestão ambiental do Estado junto aos usuários de água da região: “É essencial que todos que façam uso da água sejam conhecidos e regularizados. A realização de uma gestão moderna que envolva tecnologia e diálogo com os usuários é fundamental para que o objetivo final, que é garantir o acesso universal à água, seja cumprido”, afirma. 

“Com o máximo de usuários cadastrados e monitorados, podemos responder de forma rápida a uma diminuição da vazão nos períodos de estiagem, orientando as ações que venham a ser necessárias de forma mais otimizada, pontual e direta. Assim, quando for necessário restringir a captação ou ainda, por exemplo, ordenar a irrigação exclusivamente noturna, poderemos fazer à distância, usando as ferramentas de tecnologia como nossas aliadas”, detalha Andréa Vulcanis.

Crise hídrica
O Governo de Goiás publicou, no último dia 02 de junho, o Decreto 9.670/2020, que declara situação de risco de emergência hídrica por 210 dias nas bacias hidrográficas do Alto Rio Meia Ponte e do Ribeirão Piancó e define as ações para garantir o uso prioritário da água. O principal objetivo é evitar qualquer tipo de racionamento no abastecimento da Região Metropolitana de Goiânia e Anápolis.

Em 2019, as ações intersetoriais comandadas pela Semad evitaram racionamento e rodízio em toda a região metropolitana, mesmo com a redução da vazão do Rio Meia Ponte a níveis críticos. Para este ano, as tratativas se iniciaram logo após o encerramento da operação de 2019, em novembro passado.

As primeiras medidas já tomadas pela Semad foram o levantamento completo das barragens da bacia e o estreitamento das relações com os usuários de água de toda a região, que foram essenciais em 2019, ao fornecer vazão ao rio com a abertura das descargas. 

“No ano passado, a abertura foi em regime emergencial, praticamente negociada caso a caso, uma vez que tivemos a pior estiagem em muitos anos”, diz a secretária. “Para 2020, as medidas já foram planejadas e estão em plena execução. Já temos definidas as ações, detalhadamente, orientações para o estabelecimento dos níveis críticos e medidas de intervenção que visam garantir a quantidade de água necessária para o abastecimento público e para o uso rural e industrial”, explica Andréa Vulcanis.

Outra medida, firmada junto à Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, possibilitou à Semad a instalação de sistemas de medição pelo modelo acústico doppler e de duas estações hidrológicas, uma em cada estação de captação de água nos municípios de Inhumas e Goiânia, que farão análise em tempo real da vazão da água.

Equipes técnicas realizaram a chamada batimetria, uma análise aprofundada do perfil do fundo do rio, essencial para os cálculos de vazão feitos pela Semad. Com as informações, o Gabinete de Crise Hídrica terá mais agilidade na tomada de decisões sobre a abertura de represas e outras ações.

As medições preliminares do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), vinculado à Semad, apontam para uma redução ainda maior no regime de chuvas para 2020, uma sequência de quedas registradas desde 2015. 

Três eixos
O plano de ações foi dividido em três eixos principais. O primeiro, sob responsabilidade da Semad, fará a gestão da crise, definindo critérios de restrição de outorga, captação e, caso necessário, suspensão de abastecimento. Estabelecerá a necessidade de instalação de sistemas de monitoramento telemétrico e de vazão, liberação de água de barragens, campanhas de conscientização sobre o uso consciente da água, além de realizar comunicação com a sociedade e fiscalizar o cumprimento de medidas, entre outras iniciativas.

O segundo eixo, sob comando da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), implementará medidas de apoio aos agricultores, visando a melhoria da eficiência de uso da água nas atividades agropecuárias, orientará para o cumprimento da restrição de captação de água, adoção de sistema de monitoramento telemétrico e de vazão, conforme orientações da Semad. Além disso, apoiará os produtores rurais na execução de ações de recuperação de pastagens degradadas na bacia, dentre outras ações de conservação de solos e de produção de água. Realizará, também, ações de estímulo à produção sustentável.

 O terceiro eixo diz respeito a ações realizadas pela Saneago, que incluem a redução das perdas físicas de água na adução e rede de distribuição, apoio às medições telemétricas feitas em pontos de captação de água e aprimoramento dos mecanismos de barragens que possam ser utilizadas no escoamento com fins de reequilíbrio de vazão dos rios. Realizará campanhas de educação e conscientização da população para economia de água, além do apoio aos programas de recuperação ambiental nas bacias hidrográficas promovidos pelo Governo de Goiás.

“A gestão ambiental do Estado começa o período de estiagem mais preparada do que nunca”, diz a secretária Andréa Vulcanis. “A Semad e demais setores do governo, com apoio das nossas forças de segurança, estão afinados no mesmo objetivo de manter a situação controlada, mesmo com a redução dos níveis das bacias hidrográficas”, conclui.

Governo na palma da mão

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