Painel detalha ações de combate à crise hídrica: “Soluções coletivas para problemas coletivos”, diz secretária Andréa Vulcanis
A gestão de cenários de crise hídrica na bacia do Rio Meia Ponte e Piancó para o ano de 2020 foi o tema do painel realizado na manhã desta quarta-feira (03/06), dentro da programação da Semana do Meio Ambiente 2020, evento organizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
A mesa, realizada de forma virtual por conta da pandemia de covid-19, contou com a participação do secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Antônio Carlos de Souza Lima, do presidente da Saneago, Ricardo Soavinski, do superintendente de Recursos Hídricos e Saneamento da Semad, Marco José Melo Neves e da secretária Andréa Vulcanis. “Estamos construindo soluções coletivas porque temos problemas coletivos, é preciso entender que essa construção é um processo lento e gradual”, lembrou a titular da Semad.
O superintendente iniciou o painel apresentando o planejamento de 2020 para minimizar os efeitos da crise hídrica nas bacias do Meia Ponte e do Piancó. “Os dados mostram um agravamento da seca no Estado nos últimos anos. Então, em um primeiro momento, montamos um plano de priorização do uso da água durante os períodos de escassez focado no consumo humano”, explicou. Hoje, o comprometimento da vazão em outorgas no Rio Meia Ponte chega a 96%, número considerado crítico. Marco José Melo Neves ressaltou, no entanto, que a segurança hídrica em Goiás vem sendo fortalecida graças a parcerias institucionais, estabilidade das políticas públicas e a participação social.
Para 2020, as ações da Semad estarão concentradas em torno de um aprimoramento na telemetria tanto de vazão quanto de utilização da outorga, na regularização dos usuários e na formalização da abertura dos reservatórios durante os períodos mais graves, medida que foi essencial para garantir uma vazão mais equilibrada em 2019.
Em sua fala, o presidente da Saneago, Ricardo Soavinski, destacou o fortalecimento das relações internas em torno do problema. “São medidas muito importantes, porque mesmo que tudo esteja bem nas bacias, o uso irracional acabaria prejudicando o abastecimento”, disse ele. “A Saneago é um dos usuários da bacia, o maior deles, então temos responsabilidade nas ações”, apontou.
Ricardo lembrou a assinatura dos novos contratos de serviço entre a empresa e os municípios em Goiânia e Anápolis, que estabeleceu prazos para intervenções que garantam melhoria no abastecimento e na coleta de esgoto. Para ele, grandes municípios devem pensar a longo prazo, com décadas de antecedência, pois a falta d’água de milhões de pessoas não se resolve de forma rápida. “Um dos maiores focos, hoje, é diminuir a perda, que já é bem abaixo da média nacional”, disse. “Estamos implementando a integração dos sistemas, para não dependermos de uma fonte só de abastecimento, para evitar o que está acontecendo no Sul do Brasil”, completou.
O secretário Antônio Carlos de Souza Lima lembrou do papel do agronegócio no processo de preservação. “Produção com sustentabilidade, isso é determinante para o sucesso. E nossos produtores estão entendendo isso”, afirmou. “O setor agropecuário tem função importante na produção rural sustentável, garantindo segurança alimentar, crescimento econômico e preservação ambiental. O agro será fundamental para a retomada do país neste momento pós pandemia, então é preciso estreitar os laços com outros setores”, acredita.
O titular da Seapa comemorou o novo momento de relação entre o setor agrícola e a gestão ambiental do Estado. Segundo ele, o diálogo é importante para entender as necessidades de cada ator envolvido no processo. “Nosso legado será a construção de uma política pública de conservação de água e solo”, disse.
A secretária Andréa Vulcanis encerrou o painel traçando um panorama das mudanças promovidas pela Semad na gestão hídrica desde o ano passado. “Optamos por um trabalho de estreitamento e educação no ano passado, recebemos muitas críticas por não pesar tanto a mão na fiscalização, como era de praxe, mas o resultado está aí, com uma relação mais harmoniosa com o setor rural, um engajamento inédito”, disse ela.
O painel foi encerrado com a entrega de outorgas sazonais para pequenos produtores da bacia do Meia Ponte. Andréa Vulcanis apontou entrega como um símbolo desta nova era da gestão ambiental goiana, focada na legalidade, na inclusão e no desenvolvimento sustentável. “É um orgulho essa entrega, porque podemos ver que são pessoas humildes, que vivem da terra, que durante muitos anos foram chamados de vilões do Meia Ponte. Por trás de cada ponto de captação tem uma família, um fluxo econômico e o nosso papel é trazê-los para a legalidade e construir uma relação de confiança e respeito”, garantiu.