Governo de Goiás autua fazenda que desmatou território kalunga e vai realizar novas diligências 

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e com apoio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente, deflagrou uma operação no território kalunga, no município de Cavalcante, onde foi verificado o desmatamento de uma área de cerca de 530 hectares. Os proprietários da Fazenda Alagoas foram autuados em mais de R$ 300 mil e a propriedade foi embargada, com cerca de 300 toneladas de calcários apreendidas. O material seria utilizado para preparar o solo para o plantio de soja, segundo técnicos que acompanharam o trabalho.

A secretária Andréa Vulcanis foi pessoalmente à região para acompanhar os trabalhos a pedido do governador Ronaldo Caiado, que determinou ações enérgicas no caso. Segundo ela, o cenário encontrado foi “assustador” e as imagens “chocantes”. 

“É inacreditável que, em pleno Século 21, nas vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, tenhamos que agir para deter uma destruição desta magnitude”, afirma Andréa Vulcanis. “Foi uma ação que utilizou tratores e correntões, que arrasou uma área enorme e biodiversa. Em pouco tempo, um local absolutamente preservado, virgem, que a natureza construiu durante milhões de anos, foi destruído de forma covarde”, disse a secretária.

As equipes também visitaram uma propriedade vizinha, onde tratores foram desembarcados recentemente e, acredita-se, poderia realizar desmatamento semelhante no território kalunga. A região, embora esteja ligada à gestão do governo federal, tem atuação também estadual no que diz respeito à proteção do meio ambiente. 

A destruição chegou ao conhecimento da Semad na terça-feira (02/06) e, imediatamente, foi apurada por meio de levantamentos de imagens de satélite e deflagrada operação de fiscalização para conter os danos ambientais. 

O desmatamento de quase mil hectares foi identificado em propriedades que ainda não foram desapropriadas, mas que estão dentro do território quilombola, e parte na Área de Proteção Ambiental (APA) de Pouso Alto, sob gestão estadual. 

“Nosso questionamento e o de todos é: como alguém desmata mais de 500 hectares e ninguém vê?”, pergunta a secretária. “A resposta é que, em primeiro lugar os criminosos se valeram do período de pandemia para tentar agir nas sombras. Em segundo lugar, as imagens de alerta de desmatamento são geradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que demora um tempo no processamento antes de dar o aviso de desmatamento. Então, o alerta não chegou e só soubemos por meio das denúncias”, explica. 

Segundo Andréa Vulcanis, o governador Ronaldo Caiado está empenhando em buscar soluções no monitoramento ambiental em Goiás. “É um problema que estamos buscando alternativas, ter um sistema próprio, estamos buscando estabelecer uma parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para o  estabelecimento de um algoritmo de detecção de áreas que estão sendo desmatadas”, conclui.

Governo na palma da mão

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