Agenda segue até quarta-feira (10), com mesas-redondas, oficinas e seminários sobre mitigação, adaptação e inovação em políticas climáticas

O primeiro dia do Congresso Goiano de Mudanças Climáticas, realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), começou com a mesa-redonda “O avanço da agenda climática em Goiás”. O encontro foi marcado pela defesa da integração entre governo, ciência, órgãos de controle e sociedade civil no enfrentamento dos desafios ambientais do Estado.

Reunindo representantes da Semad, da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Tribunal de Contas do Estado e da Federação Goiana de Municípios, o debate reforçou que nenhum setor consegue avançar sozinho diante das transformações climáticas em curso.

O congresso começou nesta segunda-feira (8/9), no auditório da Área IV da PUC Goiás, em Goiânia, e integra a programação da Semana do Cerrado, organizada pela Semad em celebração ao Dia do Cerrado, comemorado em 11 de setembro. A agenda segue até quarta-feira (10), com mesas-redondas, oficinas e seminários sobre mitigação, adaptação e inovação em políticas climáticas.

Abrindo as falas, o subsecretário de planejamento, gestão ambiental e desenvolvimento sustentável da Semad, José Bento da Rocha, destacou que Goiás vem estruturando uma política robusta de enfrentamento às mudanças climáticas, com pilares em prevenção, mitigação e adaptação. Ele apresentou os eixos do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento, Queimadas e Incêndios Florestais (PPCDQIF), que reúne 11 objetivos estratégicos, 19 resultados esperados, 35 linhas de ação e 131 indicadores.

“Não basta só comando e controle. Precisamos de incentivos, ordenamento territorial e instrumentos econômicos para avançar”, ressaltou.

O subsecretário também apresentou os resultados do programa de Pagamento Por Serviços Ambientais (PSA), o Cerrado em Pé, que remunera proprietários que conservam áreas nativas. Até agora, 429 inscrições foram deferidas, contemplando quase 16 mil hectares.

“É um programa inovador que enfrenta ainda a desconfiança e a desinformação, mas que já mostrou impacto real na conservação do Cerrado”, avaliou.

Outro destaque foi o Programa Estadual de REDD+, em fase de estruturação, que deve remunerar a conservação com base em resultados de redução de emissões.

Ao final da mesa, o público pôde participar com questionamentos. Entre os temas levantados, destacou-se a pergunta sobre racismo ambiental, que trouxe reflexão sobre como populações vulneráveis sofrem de forma desproporcional os efeitos das mudanças climáticas e da degradação ambiental. Os debatedores reconheceram a urgência de incluir esse recorte nos planos e políticas do Estado.

José Bento afirmou que esse debate precisa ser transversal em todas as políticas ambientais de Goiás: “As populações mais vulneráveis são as que mais sofrem com os eventos extremos, e o Estado tem a responsabilidade de criar políticas que considerem essa desigualdade. Essa pauta já está sendo discutida e será incorporada no redesenho da política estadual”.

Também houve questionamentos sobre financiamento de projetos, integração entre órgãos estaduais e federais e as possibilidades de ampliar o PSA para comunidades tradicionais.

Os representantes da mesa explicaram que essas frentes já estão em discussão e que os novos editais de PSA devem contemplar comunidades tradicionais e RPPNs ainda em 2025, fortalecendo a adesão e garantindo maior justiça social.

Agro de baixo carbono

O superintendente da Seapa, João Asmar Júnior, reforçou o papel do agronegócio como aliado da agenda climática. Ele destacou o Plano ABC+ Goiás, que incentiva práticas de agricultura de baixo carbono e recuperação de áreas degradadas.

“É impossível pensar o agro sem o meio ambiente. Um depende do outro para sobreviver”, afirmou.

Ciência e inovação como base

Representando a Secti, a gerente de formação da cultura da sustentabilidade Márcia Pires Lobo apresentou projetos de inteligência climática, como sistemas de previsão meteorológica, o programa Oásis Meteorológico em escolas e o projeto Goiás 20, que busca comprovar cientificamente a sustentabilidade da agricultura goiana.

“Nosso papel é transformar dados complexos em insumos para políticas públicas e inovação aplicada”, disse.

Dados e monitoramento

A professora Elaine Barbosa da Silva, da UFG, destacou o papel do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) e do MapBiomas na produção de dados e mapas de desmatamento e vegetação remanescente.

“Produzir ciência aberta e acessível é fundamental para subsidiar decisões mais precisas e autônomas em Goiás”, defendeu.

Controle externo e governança

O auditor Lucas Marques Monteiro, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), ressaltou que a governança climática já faz parte da rotina do órgão.

“Não basta analisar conformidade legal. O desafio é garantir eficiência e efetividade das políticas públicas de clima”, destacou.

Municípios na linha de frente

Fechando as exposições, Priscila Inácio, da Federação Goiana de Municípios (FGM), chamou atenção para as dificuldades locais diante dos eventos extremos.

“As cidades são as primeiras a sentir os impactos. Precisamos de apoio técnico, capacitação e recursos para agir na ponta”, disse.

O Coronel Pedro Carlos Borges, da Defesa Civil, também reforçou a necessidade de preparação diante de secas prolongadas e chuvas concentradas.

“Defesa civil é a linha de frente quando esses eventos acontecem. Quanto mais preparados estivermos, menor será o impacto sobre a população”, alertou.

Programação Completa

Dia 08/09 – Segunda

Auditório – Matutino

• 09h00 – Abertura oficial
  Brunno Brito (Semad), Priscila Valverde (PUC Goiás)
• 09h30 – Mesa-redonda: O avanço da agenda climática em Goiás
  Kaoara Batista de Sá (Semad), José Bento da Rocha (Semad), João Asmar Júnior (Seapa), Márcia Pires Lobo (Secti), Elaine Barbosa da Silva (Lapig/UFG), Lucas Marques Monteiro (TCE), Priscila Inácio (FGM), Cel. BM Pedro Carlos Borges de Lira (Defesa Civil)

Auditório – Vespertino

• 14h00 – Minicurso: Adaptação às mudanças climáticas – Diego Tarley Ferreira Nascimento (UFG)
• 16h00 – Minicurso: Fomento às Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDECs) – Cap. Douglas Decarlo de Faria Soares (Defesa Civil)

Sala de Defesa de Teses

• 14h00 – Liga Cidade Limpa – Ministério Público
• 16h00 – Oficina: O potencial da compostagem para uma economia circular – André Baleeiro (Compô/UFG)

Sala Multiuso 1

• 14h00 – Minicurso: Mitigação das emissões de GEE – João Pedro Gurgel (Earth Innovation)
• 15h00 – Oficina: Mitigação aplicada à Agropecuária – Stella Miranda Menezes (Seapa)
• 16h00 – Roda de Conversa: Negócios de impacto socioambiental – lideranças femininas no Cerrado
  Suzan Kelly Macedo (Barucum), Ítala Marcelly Fernandes Alves (Adelita), Weiky Carniello Viega (CREIO Lab)

Apresentação de Trabalhos – Sala Multiuso 3 (14h às 17h)
Pesquisas sobre racismo ambiental, impactos climáticos na produção de alimentos, eventos extremos em Goiânia, mudanças climáticas e arboviroses, entre outros.

Dia 09/09 – Terça-feira

Auditório – Matutino

• 08h00 – Mesa: Infraestrutura Verde e Inovação Urbana
  Thaís Moraes de Sousa (SGG), Pedro Araújo Pietrafesa (PUC Goiás), Rubens do Amaral (LabPaisagem/PUC Minas), Carmecita Tonelini Pereira (PUC Goiás)
• 09h00 – Mesa: Governança e Inovação Climáticas
  Fabiana Baptista Bastos (PGE), Mariana Barbosa Cirne (AGU), Luciane Martins de Araújo (PUC Goiás), Luiza Mccillo (Earth Innovation)
• 10h00 – Mesa: Riscos e Oportunidades para o Setor Produtivo
  Aurélio Resende (SIC), Leandro Rodrigues da Silva Sousa (IFGoiano), Thaís Moraes de Sousa (SGG), Guilherme Ponce (CDP), Monica de Los Rios (Terra)

Auditório – Vespertino

• 14h00 – Oficina: Soluções básicas na Natureza com foco em mudanças climáticas – Karine Borges Machado (PROFAGUA/CEHIDRA)
• 16h00 – Oficina: Boas práticas para mitigar os riscos das mudanças climáticas na gestão da água em comunidades vulneráveis ​​– Carmencita Tonelini Pereira (PUC Goiás)
• 17h00 – Oficina: Medidas de Adaptação às mudanças climáticas para o setor público municipal – Rubens do Amaral (PUC Minas)

Sala de Defesa de Teses

• 14h00 – Oficina: Modelagem de Estoques de Carbono – Gabriella Arruda, Isabela Nogueira e Marcos Cardoso (Lapig)
• 16h00 – Oficina: Restauração do Cerrado – Semeia Cerrado

Sala Multiuso 1

• 14h00 – Oficina: Integração de Clima e Natureza na Estratégia Corporativa – Guilherme Ponce (CDP)
• 16h00 – Oficina: Eficiência Energética para o Setor Produtivo – Saymon Fonseca Santos (SGG)

Apresentação de Trabalhos – Sala Multiuso 3 (14h às 17h)
Estudos sobre mitigação e adaptação urbana, energias renováveis, legislações ambientais, jogos pedagógicos, biomonitoramento de agrotóxicos e justiça climática.

Dia 10/09 – Quarta-feira

Auditório – Matutino

• 09h30 – Apresentação da proposta do Pacto Goiano pela Economia Circular e Sustentabilidade
• 10h00 – Painel: Acelerando a transição para a economia circular em Goiás

Auditório – Vespertino

• 13h30 – Painel: Políticas Públicas para a Economia Circular no Estado de Goiás
• 14h45 – Painel: Negócios Circulares no Estado de Goiás
• 16h25 – Painel: Inovações na Economia Circular

Sala de Defesa de Teses

• 14h00 – CineClima: Sessão Tela Verde – Ecomamor

Sala Multiuso 1 – Seminário de Recuperação Ambiental do Cerrado

• 08h30 – Painel: Experiências de Restauração do Cerrado
  Manuel Eduardo Ferreira (Lapig/UFG), Alba Oliveira Cordeiro (Semeia Cerrado), Rafaela Wolff (Saneago)
• 10h00 – Painel: Impacto do aquecimento global na fauna e flora do Cerrado
  José Alexandre Filizola Diniz (UFG), Nelson Jorge da Silva (PUC Goiás)
• 11h00 – Painel: Rio Araguaia e Agenda 2030 – Josana de Castro Peixoto (UEG/CEHIDRA)
• 14h00 – Apresentação do Programa Juntos pelo Araguaia – Instituto Espinhaço/Semad

Programação Externa

• 08h00 – Hackathon do Clima: Soluções para o setor privado
• 14h00 – Oficina: Restauração no Viveiro de Espécies Nativas – Roberto Malheiros (PUC Goiás)
  (com transporte para inscritos – Campus II, Instituto do Trópico Subúmido)

Legenda: Congresso Goiano de Mudanças Climáticas acontece em Goiânia

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Governo de Goiás