“Sem ciência, não há sustentabilidade”, afirma Vulcanis em evento pelo Dia do Cerrado
Evento marcou o Dia Nacional do Cerrado com anúncios de novos programas da Semad
A importância da ciência como base das políticas ambientais marcou a fala da secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andrea Vulcanis, durante o evento em celebração ao Dia Nacional do Cerrado, nesta quinta-feira (11/09), no Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), em Goiânia. “Sem ciência, não há sustentabilidade”, afirmou.
Segundo Vulcanis, o conhecimento técnico é indispensável para unir desenvolvimento econômico e conservação: “É a ciência que nos orienta a produzir da forma correta, integrando esforços e promovendo qualidade de vida”.
Vulcanis destacou ainda a responsabilidade de Goiás diante do bioma. “O Cerrado é o mais biodiverso e, ao mesmo tempo, o mais sensível do Brasil. Tudo o que fazemos aqui provoca reações rápidas e profundas”, alertou. Ela lembrou que em outros continentes, como na Europa, a fauna já foi drasticamente reduzida, e reforçou que cabe ao país preservar esse patrimônio natural, essencial para a água, a biodiversidade e a qualidade de vida das próximas gerações.
O encontro reuniu representantes do poder público, do setor produtivo, de órgãos de controle e da comunidade científica. Embora tenha encerrado a Semana do Cerrado, iniciada com o Congresso Goiano de Mudanças Climáticas, na segunda-feira (08/09), o evento desta quinta concentrou as comemorações da data nacional para o anúncio de novos programas da Semad.
A programação teve início com a palestra magna “Levando a Sério o Meio Ambiente como Política Pública”, ministrada pelo professor Saulo Coelho. Entre as entregas do dia, a Semad anunciou o Sistema Goiano de Cadastro Ambiental Rural (Sigcar), o sistema estadual para o Cadastro Ambiental Rural.

Foi lançado também o Sistema de Monitoramento de Áreas Degradadas, ferramenta que permite acompanhar, de forma automatizada, a recuperação e conservação de áreas, utilizando imagens de satélite e índices de vegetação para oferecer maior precisão ao trabalho técnico.
Também foi realizado mais um pagamento do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que reconhece financeiramente produtores e comunidades que preservam áreas estratégicas do Cerrado, reforçando a integração entre conservação e geração de renda.
Outro destaque foi a assinatura de um acordo de cooperação entre a Semad e a Agência Goiana de Gestão e Planejamento (Agevap), que formaliza a parceria para fortalecer a implementação de políticas públicas ambientais em Goiás.
Também foi apresentado o Pacto de Sustentabilidade e Economia Circular, iniciativa que envolve empresas e sociedade na adoção de práticas que reduzam resíduos, ampliem a reciclagem e estimulem o uso racional de recursos.
Por fim, ocorreu o lançamento do Selo de Sociobiodiversidade, criado para valorizar produtos do Cerrado ligados à cultura, tradição e práticas sustentáveis. O selo tem como objetivo fortalecer cadeias produtivas locais, ampliar a renda de comunidades e dar visibilidade a produtos que preservam o bioma.
Parceria em prol do meio ambiente

Durante a abertura, o chefe de gabinete da presidência do TCE de Goiás, Sérvio Túlio Teixeira, afirmou que o papel do Tribunal vai além da sua atuação interna. “Compete ao TCE induzir boas práticas, exigir transparência e garantir que os recursos destinados ao meio ambiente sejam aplicados corretamente”, disse. Para ele, essa é uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre quem implementa e quem controla as políticas públicas.
O promotor Juliano de Barros Araújo, que representou o Ministério Público, afirmou que a antiga oposição entre desenvolvimento e preservação não se sustenta mais. “O Cerrado é a caixa d’água do país e o berço da nossa biodiversidade. Precisamos fazer a transição ecológica da produção, crescer com responsabilidade e respeito à água e à biodiversidade”, disse.
Em nome da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o vice-presidente Eduardo Veras também defendeu o papel da ciência no avanço do agronegócio. “Se o produtor não seguir a ciência, ele não terá sucesso”, afirmou. Ele também destacou a necessidade de ampliar a assistência técnica ao pequeno e médio produtor para evitar o abandono das atividades no campo.
A prefeita de Rio Quente, Ana Paula Lima de Oliveira Machado, representando a Federação Goiana de Municípios (FGM), destacou a importância da gestão ambiental para fortalecer também a economia local. Ela agradeceu à Semad pela concessão do Parque Estadual da Serra de Caldas. “Essa medida vai fortalecer a economia regional com novos equipamentos turísticos, como teleférico e trilhas revitalizadas”, afirmou.
A concessão do Pescan prevê investimentos de mais de R$ 300 milhões ao longo de 30 anos, incluindo a modernização da infraestrutura de visitação, a implantação de teleférico, revitalização de trilhas, centro de visitantes reformado, novos equipamentos e serviços como praça de alimentação, mirantes e transporte interno sustentável. O modelo prevê ainda que parte da receita seja destinada a projetos de conservação, educação ambiental e fortalecimento de cadeias produtivas locais.
Ana Paula também ressaltou a queda expressiva do desmatamento e das queimadas em Goiás. “Conseguimos reduzir em cerca de 72% os focos de incêndio, com apoio do Corpo de Bombeiros e das brigadas”, disse. O índice foi divulgado pelo MapBiomas, em maio deste ano, que apontou Goiás como o estado brasileiro que mais reduziu o desmatamento em 2024.
O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Marcos Ariel, apresentou iniciativas que aproximam ciência e preservação. “O Centro de Excelência em Monitoramento e Previsão Ambiental tem prestado um serviço fundamental à sociedade”, afirmou. Ele também citou o projeto Araguaia Vivo, voltado para biodiversidade e educação ambiental na região do rio.

Legenda: Celebração do Dia do Cerrado reuniu autoridades e apresentou novos projetos ambientais para o Estado
Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Governo de Goiás


