Servidores do Lacen-GO participam do Medtrop 2025, maior congresso de medicina tropical da América Latina

Além dos trabalhos assinados por servidores da unidade, laboratório também contribuiu com dados e análises para diversas pesquisas apresentadas no evento por servidores da Suvisa

Servidores do Lacen no Medtrop 2025, em João Pessoa/PB

O Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) está representado no Medtrop 2025 – Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), realizado de 2 a 5 de novembro, em João Pessoa (PB). Considerado o maior evento multidisciplinar da área na América Latina, o congresso reúne pesquisadores, professores, profissionais de saúde e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) para debater os principais desafios das doenças tropicais no Brasil e no mundo.

Participam do evento os diretores Vinícius Lemes da Silva e Luiz Augusto Pereira, a coordenadora geral de Biologia Médica Robmary Matias de Almeida e os servidores Cristiano Gomes Nogueira, Gustavo Henrique Lein, Kelly de Oliveira Galvão da Silva, Sarah Caldeira Jardim e Vivianne Teixeira Duarte Valério. O diretor técnico do Lacen, Luiz Augusto Pereira, é um dos autores do ê-poster “Investigação de casos de Doenças Diarreicas Agudas, Campos Belos/GO, 2024” e o servidor Cristiano Gomes Nogueira é um dos autores de dois ê-posters científicos aprovados para apresentação.

Um deles, intitulado “Uso de Ovitrampas para o Monitoramento e Controle das Arboviroses Urbanas no Estado de Goiás”, também conta com a autoria da coordenadora da Seção de Entomologia do Lacen-GO, Carmeci Natalina Elias. O estudo avalia os resultados da implantação das ovitrampas — armadilhas simples e de baixo custo utilizadas para detectar a presença de ovos do Aedes aegypti — em municípios goianos entre 2023 e 2025.

O segundo trabalho, “Febre Maculosa em Goiás: Relato de Caso e Detecção de Rickettsia felis em Pulga”, apresenta um achado raro da bactéria Rickettsia felis em uma pulga (Ctenocephalides canis), identificada durante investigação ambiental realizada no município de Anápolis (GO).

Febre Maculosa em Goiás

A Febre Maculosa é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida principalmente pela picada de carrapatos infectados. No Brasil, existem dois cenários principais: a forma mais grave, chamada Febre Maculosa Brasileira (FMB), causada pela Rickettsia rickettsii, predominante na Região Sudeste; e uma forma mais branda, associada à Rickettsia parkeri, registrada nas regiões Sul, Sudeste e parte do Nordeste.

Em Goiás, a doença apresenta quadros clínicos leves e casos esporádicos. O risco de transmissão é maior em áreas rurais e de campo, especialmente próximas a rios, matas e pastagens com presença de capivaras e cavalos, que servem como hospedeiros dos carrapatos vetores. Embora mais raro, também podem ocorrer registros em parques urbanos e áreas verdes das cidades.

O estudo apresentado no Medtrop 2025 identificou Rickettsia felis em uma pulga — e não em carrapatos, como é mais comum —, o que amplia o entendimento sobre a circulação dessas bactérias em Goiás e reforça a importância da vigilância integrada entre laboratórios, equipes de campo e serviços municipais de saúde. O achado é relevante para o aprimoramento da vigilância epidemiológica e para o desenvolvimento de estratégias de prevenção mais eficazes.

Os principais sintomas da Febre Maculosa incluem febre alta, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e manchas avermelhadas na pele, geralmente após exposição a áreas de vegetação ou contato com animais. A prevenção envolve o uso de roupas compridas e claras em áreas rurais, aplicação de repelentes e verificação do corpo e de animais domésticos após passeios. O diagnóstico precoce e o tratamento imediato são fundamentais para evitar complicações graves.

Diagnóstico de Febre Maculosa no Lacen

O Lacen-GO atua como ponto central de recebimento das amostras clínicas relacionadas à suspeita de Febre Maculosa em Goiás. O material é encaminhado à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais, laboratório de referência nacional para esse agravo.

Entre os materiais enviados estão amostras de soro, sangue total, swabs e crostas de feridas, utilizadas para exames sorológicos e de biologia molecular (PCR). Além de amostras humanas, o Lacen também realiza o envio de vetores coletados em campo, como carrapatos e pulgas, que passam por análise específica na Funed.

Até setembro de 2025, 55 pacientes goianos tiveram amostras encaminhadas para diagnóstico, com sete resultados reagentes, oriundos dos municípios de Jataí (3), Bela Vista de Goiás, Itaberaí, Luziânia e Goiânia.

O Lacen-GO, por meio do seu Núcleo de Vigilância Laboratorial, realiza o monitoramento contínuo das amostras e comunica os resultados à Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SUBVS), fortalecendo a resposta oportuna e a tomada de decisões estratégicas no enfrentamento das zoonoses no Estado.

Esporotricose em Goiás

A coordenadora da Seção de Micologia do Lacen-GO, Disley Xavier Rodrigues Dias, é uma das autoras do ê-poster “Avanço da Esporotricose: Cenário Atual em Goiás”, que apresenta um panorama da doença no estado entre 2023 e 2025. A esporotricose é uma micose causada por fungos do gênero Sporothrix, transmitida principalmente por felinos infectados. O estudo mostra o aumento de casos humanos e animais em Goiás, com maior concentração nos municípios de Planaltina de Goiás, Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia.

Além dos trabalhos diretamente assinados por servidores do Lacen-GO, o laboratório também contribuiu com dados e análises para diversas pesquisas apresentadas no Medtrop por servidores da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (Suvisa), à qual é vinculado. Ao todo, 24 trabalhos da Suvisa foram aprovados para o Medtrop 2025, reforçando a atuação integrada entre o Lacen-GO e as áreas técnicas de vigilância do Estado na produção de conhecimento científico voltado à saúde pública.

Mariana Martins (texto e foto) / Lacen -GO

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