Unidade de saúde do Governo de Goiás realiza um procedimento inédito no País, em gêmeas siamesas, entre outras histórias que emocionaram a equipe do hospital

O Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) celebra seus casos de sucesso em cirurgias cardipediátricas. Na semana passada, por exemplo, a unidade do Governo de Goiás foi palco de procedimento inédito no País, realizado em gêmeas siamesas, entre outras histórias que emocionaram os profissionais envolvidos.

É o caso de Thales Gabriel Andrade Negreiros, de 8 meses, que nasceu com a tetralogia de Fallot, uma das cardiopatias congênitas mais comuns em recém-nascidos, ou seja, é uma doença que surge quando o feto ainda está no útero da mãe. Desde 2020, o Hugol já atendeu 27 casos de tetralogia de Fallot.

Cirurgiã cardiopediátrica do Hugol, Laura Barboza explicou que a tetralogia de Fallot é causada por uma combinação de quatro malformações cardíacas, o que provoca fluxo sanguíneo pobre em oxigênio para fora do coração e para o resto do corpo. “Em geral, essa cardiopatia é descoberta ainda durante a gravidez, por meio de um ecocardiograma fetal, entre a 20ª e a 24ª semana de gestação, daí a importância de um pré-natal adequado. Afinal, quanto mais cedo o diagnóstico, melhor para o tratamento”, contou.
 
No caso do Thales, a malformação só foi descoberta aos 4 meses de vida. Ele nasceu no dia 10 de maio de 2023, em Teresina (PI). Após a descoberta, os pais se mudaram com ele de Matões (MA) para Goiânia, em busca de tratamento. “Estávamos preocupados com o tratamento, até que um primo me disse que em Goiânia existia um hospital referência no atendimento de crianças com cardiopatias, então nós nos mudamos para cá e vamos continuar por aqui para garantir o acompanhamento do meu filho no Hugol”, contou Patrícia Andrade da Silva, mãe da criança.
 
O pequeno Thales chegou ao Hugol em novembro de 2023, quando passou pela primeira cirurgia. Em dezembro, foi realizado o segundo procedimento e, no dia 18 de janeiro, após uma excelente recuperação, ele recebeu alta hospitalar.

Os pais, muito felizes com a boa notícia e com todo o carinho recebido durante os dois meses de internação, presentearam a equipe da cardiologia com uma a foto do Thales, para recordação. “A equipe foi muito atenciosa conosco, cuidaram muito bem do nosso filho e até de nós mesmos. Quando estávamos tristes e preocupados, sempre nos davam força para continuar na luta”, contou o pai, Welton Negreiros Rego.
 
Gêmeas siamesas
O procedimento inédito no País em gêmeas siamesas ocorreu no Hugol, na quarta-feira (24.01). A equipe de cardiologia da unidade fechou o canal arterial em Lara e Larissa, de 3 meses. Internadas no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), elas passaram brevemente pelo Hugol para realizar o procedimento. Com a presença dos médicos Zacharias Calil, Maurício Prudente e Mirna de Sousa, o procedimento foi um sucesso e as irmãs seguem em boa recuperação.

Dra. Mirna explica que o fechamento do canal arterial foi feito por cateterismo, ou seja, sem cortes. “São poucos hospitais que fazem esse procedimento, e o Hugol é um deles. Inclusive, aqui já foram realizados outros procedimentos semelhantes, mas nunca em crianças siamesas. A realização desse procedimento em gêmeas siamesas é inédito no País”, explicou.
 
A médica conta ainda que o grau de complexidade em siamesas é muito maior e que a equipe do hospital realizou tudo com maestria. “Isso mostra para a sociedade que o Hugol tem um nível de qualidade equivalente a grandes centros hospitalares no mundo. Em termos de tecnologia, nós não perdemos para nenhum lugar, e isso motiva a equipe a se aperfeiçoar sempre mais, pois podemos chegar muito mais longe”, garante.
 
O Hugol é o único hospital em Goiás que dispõe de UTI Cardiopediátrica. A unidade também conta com serviço de hemodinâmica e cirurgias cardíacas. Desde o início dos serviços, a unidade já realizou 253 cirurgias cardíacas pediátricas (janeiro de 2020 a dezembro de 2023) e 383 procedimentos de hemodinâmica em crianças (abril de 2018 a dezembro de 2023).
 
Juliana França (texto) e Thauann Sales (foto)/Agir