Técnica de Dissecção Endoscópica da Submucosa é considerada uma revolução em procedimento de tumores do trato digestivo

O Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) realizou, esta semana, um procedimento de alta complexidade para remover um tumor do reto de um paciente sem a necessidade de cortes externos, por meio da técnica de Dissecção Endoscópica da Submucosa (ESD).

Os médicos que integram o Serviço de Endoscopia Digestiva do hospital realizaram a cirurgia para a retirada de um adenoma gigante – tumor benigno que se origina em células epiteliais. O paciente, José Manoel Damasceno Rosa, de 63 anos, convivia com um tumor que estava localizado junto à linha pectínea – uma região anatomicamente desafiadora, próxima ao esfíncter anal.

A chefe do Serviço de Endoscopia Digestiva do HGG, Daniela Milhomem, explica que a lesão, de aproximadamente 12 x 12 centímetros, foi totalmente removida sem necessidade de cirurgia convencional. O método possibilitou a preservação completa do reto e do esfíncter anal, garantindo ao paciente uma recuperação mais rápida e com menor risco de complicações.

“Essa técnica representa uma mudança de paradigma na abordagem de lesões do tubo digestivo. Sem essa técnica o paciente, muito provavelmente, viveria com uma bolsa de colostomia. Além de preservar o órgão, a Dissecção Endoscópica da Submucosa proporciona recuperação rápida e menor risco de sequelas, transformando completamente a experiência do paciente”, ressalta a médica.

Daniela afirma ainda que o procedimento representa uma cura para o quadro do paciente. “Ele poderá levar uma vida normal. A cirurgia foi um sucesso e ele se recuperou muito rápido. Nossa expectativa é de que ele já vá de alta médica nesta sexta-feira.”

Desenvolvida no Japão, a técnica de ESD é considerada uma revolução no tratamento de tumores e lesões do trato digestivo, por permitir a remoção completa das alterações por via endoscópica, sem cortes externos. O procedimento utiliza equipamentos de alta precisão que descolam a camada submucosa do órgão, possibilitando ressecções amplas e margens livres, o que reduz o risco de recidiva e preserva a anatomia e a função do trato digestivo.

O HGG está entre os poucos hospitais públicos do país com equipe habilitada para realizar procedimentos endoscópicos avançados de terceiro espaço, como miotomia endoscópica peroral (POEM), dissecções submucosas (ESD), tratamento do divertículo de Zenker e tunelizações terapêuticas. Essas técnicas colocam a unidade em posição de destaque nacional no campo da endoscopia terapêutica minimamente invasiva, consolidando seu compromisso com a inovação, a capacitação profissional e a excelência no cuidado ao paciente.

Alex Maia (texto e foto) / Idtech