HDS cria bosque em homenagem a pacientes remanescentes da internação compulsória

Evento reverencia os 12 pacientes residentes da unidade do Governo de Goiás que remontam à antiga Colônia Santa Marta, como símbolo da resistência e dignidade deles

Uma das remanescentes da Colônia Santa Marta, Messias Pereira planta árvore que a simboliza

“Ver essas árvores sendo plantadas é como ver um pedaço da nossa história ganhar vida”, diz, com emoção o paciente Adélio Ramos durante a ação Plante e Encante, realizada na manhã desta sexta-feira (27/9), no Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta (HDS). O evento marca a criação de um bosque em tributo aos 27 pacientes remanescentes da antiga internação compulsória da Colônia Santa Marta, que estavam em regime asilar quando a Agir assumiu a gestão da instituição, em 2013.

Em uma cerimônia marcada por emoção e reflexão, familiares dos pacientes, colaboradores e os próprios moradores participaram do plantio, que simboliza não apenas a vida, mas a resistência daqueles que sobreviveram a um dos capítulos mais dolorosos da história da saúde no Brasil. O bosque, composto por árvores da espécie pata de vaca (Bauhinia variegata), foi cuidadosamente escolhido por sua adaptabilidade ao solo da área e por sua beleza exótica. Cada árvore plantada representa uma história de vida, resistência e dignidade, conectando a natureza ao legado daqueles que viveram na Colônia.

“Hoje é um dia de grande significado e emoção. Estamos reunidos aqui para prestar uma homenagem que vai além do presente, que se entrelaça com o passado e que deixará raízes profundas para o futuro”, declarou a diretora-geral da unidade do Governo de Goiás, Mônica Ribeiro Costa, em seu discurso. “Essas árvores não representam apenas a natureza que florescerá ao longo dos anos. Elas são um tributo àqueles que, por tantas décadas, viveram e lutaram em um contexto de isolamento e exclusão. Ao plantarmos essas árvores, reafirmamos nosso compromisso de nunca esquecer os que resistiram e de construir uma sociedade mais justa e inclusiva”, acrescentou.

O plantio das árvores também coincide com o início da primavera e o Dia da Árvore, integrando o propósito do hospital de cuidar de vidas e de promover a sustentabilidade ecológica por meio de seu programa de gestão ambiental. Cada árvore plantada simboliza uma vida, uma história marcada pela força e resiliência. “Assim como a pata de vaca floresce, mesmo em terrenos desafiadores, esses moradores representam a força que brota em meio às adversidades”, destacou Cledma Ludovico, supervisora da experiência do paciente e organizadora da ação, ao lado da bióloga Marcella Sabino.

Apenas 12 moradores continuam vivendo no hospital, enquanto outros 15 faleceram. “Aos 12 moradores que ainda estão aqui e aos 15 que já foram morar com Deus, nossa gratidão eterna. Que a história de cada um continue viva nas folhas e flores deste bosque”, completou Cledma.

O bosque será mais do que uma homenagem, será um lugar de paz, reflexão e encontro, onde o silêncio das árvores contará as histórias daqueles que viveram na Colônia Santa Marta. Durante o plantio, um dos pacientes moradores, que participou da ação, expressou sua gratidão: “Ver essas árvores sendo plantadas é como ver um pedaço da nossa história ganhar vida. A gente passou por muita coisa aqui, e agora essas árvores vão crescer e lembrar de tudo que a gente viveu. É um lugar de paz, de reflexão, e me sinto muito honrado de fazer parte disso”, disse com emoção Adélio Ramos.

Naiclea Luzia Da Silva (texto e foto)/Agir

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