Culto ecumênico lembra 29 anos de acidente com o Césio

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio do Centro de Assistência aos Radioacidentados – CARA, vai realizar um culto ecumênico para relembrar os 29 anos do acidente com o Césio 137. A celebração religiosa vai acontecer nesta sexta-feira, dia 30 de setembro, às 9 horas, na sede do CARA, situado na Rua 16A, nº792, Setor Aeroporto.

Foram convidados para ministrar a cerimônia religiosa o Padre Rafael de La Torre, o pastor evangélico Júlio Cézar Medeiros e o representante espírita Edson Bueno. O evento vai reunir vítimas do Césio 137, familiares, profissionais de saúde e demais voluntários que se sensibilizam com o drama vivido pelas pessoas atingidas pelo acidente radiológico.

Assistência

O acidente com o Césio 137 ocorreu em setembro de 1987. O desastre é considerado o maior acidente radiológico do mundo. O Governo do Estado considera o dia 27 de setembro como o aniversário da tragédia pelo fato de ter sido nesta data que as autoridades sanitárias constataram que o pó azul e de brilho intenso, que encantou dezenas de pessoas, se tratava de elemento radioativo, extremamente danoso à saúde.

Quatro pessoas morreram e várias outras contraíram sequelas em decorrência do contato direto e indireto com o Césio 137. Com o objetivo de garantir a assistência médica, psicológica e social a estas pessoas, o Governo do Estado de Goiás realizou uma série de ações, entre as quais a estruturação e criação da FUNLEIDE e a concessão de pensões vitalícias às vítimas direta do acidente. Ao longo dos anos, a FUNLEIDE passou por reestruturação, sendo substituída pela Superintendência Leide das Neves, a extinta SULEIDE, e, posteriormente, pelo Centro de Assistência aos Radioacidentados.

Home Care

O CARA presta atendimento multidisciplinar a todas as pessoas que são reconhecidas e cadastradas como vítimas do acidente com o Césio 137, além de filhos e netos dos Grupos 1 e 2. São realizados acompanhamentos médicos nas especialidades de clínica geral, pediatria, ginecologia, cardiologia, dermatologia e oncologia. Também é ofertada a estas pessoas assistência odontológica nas áreas de prevenção, periodontia, dentística e exodontia, além de acompanhamento complementar em enfermagem, psicologia, farmácia e assistência social.

Atualmente, 1.307 pessoas são assistidas pelo CARA. Destas, 93 pessoas – entre vítimas, filhos e netos – estão inseridas no Grupo 1, que agrega aqueles que receberam maiores níveis de radiação (acima de 20 rads). Outras 85 pessoas – também incluindo filhos e netos – são reconhecidas como vítimas do Grupo 2, no qual estão inseridos os que receberam níveis de radiação moderada (menos de 20 rads). Já o Grupo 3 é integrado por 1129 pessoas que trabalharam por ocasião do acidente radiológico nas áreas contaminadas e vizinhos de moradores de Grupo 1 e 2. Neste grupo estão incluídos os policiais militares, servidores do Corpo de Bombeiros, da Secretaria da Saúde e do extinto Consórcio Rodoviário Intermunicipal S.A (CRISA), que executou a remoção dos rejeitos radioativos.

A equipe responsável por prestar a assistência no CARA é composta por 50 profissionais, entre os quais médicos, psicólogos, enfermeiros, farmacêutico, assistentes sociais, odontólogos e servidores administrativos. Além de atendê-los nos consultórios do CARA, a equipe desloca-se até as residências das vítimas idosas, sobretudo quando há a ocorrência ou persistência de casos graves que necessite de internação hospitalar. O Diretor Geral do CARA, André Luiz de Souza, destaca que os profissionais desenvolvem uma ação semelhante a home care.

Pensões

O Estado de Goiás também concedeu pensão a 540 pessoas que sofreram os efeitos da radiação pelo Césio 137. Este benefício está previsto na Lei 10.977/1989, para as vítimas do Grupo 1 e 2, e na Lei 14.226/2002, que reconheceu os trabalhadores que exerceram atividades nas áreas contaminadas e que contraíram doenças crônicas.

A pensão federal, prevista na Lei 9.425/1996 da União, fixada em 1 salário mínimo, é paga a 240 pessoas incluídas nos Grupos 1 e 2. Deste total, 130 recebem cumulativamente as pensões estadual e federal. Atualmente, cerca de 100 processos tramitam nas áreas administrativas, judiciárias estadual ou federal com o requerimento de pensões.

Governo na palma da mão

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