Tracoma
O tracoma é uma doença inflamatória ocular, uma conjuntivite, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis que ocorre em áreas de maior concentração de pobreza, deficientes condições de saneamento básico e acesso à água. O tracoma é a principal causa de cegueira infecciosa e é responsável por prejuízos visuais em 1,9 milhões de pessoas, das quais 450 mil apresentam cegueira irreversível. Estima-se que 190,2 milhões de pessoas vivem em áreas endêmicas com risco de cegueira por tracoma.
Sinais e Sintomas
Em sua fase inicial, o tracoma é uma doença que ocorre com maior frequência nas crianças. A depender da forma clínica, o indivíduo com tracoma apresenta os seguintes sinais e sintomas:
- Fotofobia (sensibilidade e intolerância à luz);
- Prurido (coceira nos olhos);
- Sensação de corpo estranho dentro do olho;
- Vermelhidão nos olhos;
- Secreção;
- Lacrimejamento;
- Dor nos olhos, intensa fotofobia, dificuldades de abrir os olhos e diminuição da visão, nas formas sequelares.
Muitas pessoas com tracoma não apresentam ou referem nenhum sinal ou sintoma. O período de incubação (período entre o momento da infecção e o surgimento dos sintomas) do tracoma dura de 5 a 12 dias.
Diagnóstico
O diagnóstico do tracoma é clínico-epidemiológico e realizado por meio de exame ocular externo, utilizando lupa binocular de 2,5 vezes de aumento, onde buscam-se os sinais clínicos como a presença de folículos e cicatrizes na conjuntiva palpebral superior e alterações na posição dos cílios.
O diagnóstico laboratorial, de um modo geral, deve ser utilizado para a constatação da circulação da bactéria causadora do tracoma na comunidade, e não para a confirmação de cada caso, individualmente.
A técnica laboratorial padrão, para o diagnóstico das infecções por Chlamydia trachomatis é a cultura, porém não é utilizada como rotina nos laboratórios de saúde pública. No Brasil, a técnica de Imunofluorescência Direta foi realizada por vários anos e atualmente encontra-se em fase de validação a técnica de diagnóstico molecular de reação em cadeia da polimerase- PCR, para Clamídia ocular.
Tratamento
O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde é o antibiótico Azitromicina na dose de 20mg/Kg de peso em dose única, via oral, dose máxima 1g. O SUS disponibiliza tratamento gratuito de azitromicina nas apresentações em comprimidos de 500mg e suspensão de 600mg.
O objetivo do tratamento é a cura da infecção, interrupção da cadeia de transmissão da bactéria e diminuição da circulação do agente etiológico na comunidade, o que leva à redução da frequência das reinfecções e da gravidade dos casos.
Para impacto no controle do tracoma, em áreas de alta endemicidade, faz-se necessária a adoção de medidas de controle como o uso de antibióticos em massa, de toda a população, e medidas de melhorias ambientais, de saneamento e educação em saúde.
Transmissão
Modo de transmissão: contato direto de pessoa a pessoa por meio de secreções oculares ou nasofaringeas, ou indireto por meio de objetos contaminados (toalhas, lenços, fronhas etc). As moscas podem contribuir para a disseminação da doença, por transmissão mecânica. A transmissão só é possível na presença de lesões ativas.
A suscetibilidade à infecção por tracoma é universal, sendo as crianças as mais suscetíveis, inclusive às reinfecções. Não se observa imunidade natural ou adquirida à infecção por C. trachomatis.
Como prevenir o tracoma?
O tracoma está relacionado com as precárias condições de vida, de saneamento e acesso à água. Em países desenvolvidos, o controle da doença foi alcançado com melhoria das condições socioeconômicas, melhorias ambientais e de saneamento básico. São fundamentais para prevenir o tracoma a adoção de medidas de promoção da higiene e cuidados pessoais, tais como a lavagem facial, o destino adequado do lixo e dejetos e o acesso e disponibilidade de água. A prevenção do tracoma pode ser realizada com a adoção de hábitos adequados de higiene, como lavagem do rosto das crianças, com frequência e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal como lenços, roupas e toalhas, entre outros.
A busca ativa de casos deve ocorrer em comunidades de risco epidemiológico e social, em escolas e creches, e de forma sistemática nos locais onde haja suspeita da ocorrência de casos da doença. Deve ser ressaltada a importância das medidas de educação em saúde, envolvendo pais, professores, funcionários e crianças para o sucesso das medidas de vigilância e controle do tracoma. Não há necessidade de isolamento dos casos. Os indivíduos com tracoma devem receber tratamento e continuar a frequentar a instituição. O tracoma não é uma doença de notificação compulsória nacional, entretanto é uma doença sob vigilância epidemiológica de interesse nacional, por ser uma doença com metas de eliminação como problema de saúde pública.
Fonte: Ministério da Saúde