Nota de Falecimento


MENSAGEM COMPLETA
MISSA DE 7º DIA
PAULO ROBERTO PERES FLORES
(*05.10.1949 + 23.07.2015)

 

Por Gerinaldo Teodoro de Assunção
Conselheiro Estadual de Saúde de Goiás

 

(Nascimento e Vida)

Um conselheiro de saúde
pediu ao poeta:
— Fale-me de um amigo que esteve entre nós…

 

Do alto Monte Carmelo avistou um horizonte e nele uma Planície cor de esmeralda e nela Rio Verde. Começa aqui a história de dois caminhos que se cruzaram e fizeram-se um só. Nessa planície havia um jardim, alguns dizem que era do Eden, outros um pedacinho do Céu encrostado na Terra. Nele havias vários canteiros de flores diferentes. Num: cravos; noutro: rosas. Uma das rosas atendia pelo nome de Haidée Carvalho Miranda e Paulo Roberto Peres era o cravo das Flores, desse Lírio em botão.

Uma barboleta azul saltitante levou um recado meu para um encontro. Desse encontro, não sei se por um descuido ou esperteza de alguém: disseram “SIM” e o curioso é que floriu: nascia aí uma nova esperança: Cristiano Carvalho Miranda Peres Flores. Como também era conhecido, Paulo Flores embalou vários sonhos de família, dentre eles, em seus braços acalentou mais uma esperança: seu neto Gabriel Henrique. Seu irmão Luis Antônio Peres e sua esposa Isa Regina.

(O Trabalho)

Da labuta do dia-a-dia, o pão se fez, às vezes escasso à mesa, mas nunca faltou. Fez-se profissional odontólogo, especialista em próteses, como acalento de dar condições de vida aos desafortunados do acidente repentino, buscando assim dignificar a humanidade de cada um.

 
   

(Apostolado)

Quando o Mestre deu a ordem de Ide e Pregai, deixou a todos a opção de aceitar a árdua Missão da Verdade, Caminho e Vida. Deu a certeza do amparo de não estar só. A proteção do Santo Espírito e da Virgem Maria fazem jugo suave de a fé inquebrantável de força e coragem para vencer as dificuldades. Paulo Flores era um apóstolo rebelde, não aceitava as coisas sem antes entendê-las, por isso era verossímil e até um pouco duro nas suas palavras, porém inarredável de seus princípios.

O amor pelos menos desfavorecidos carentes de saúde, já tinha começado como dentista e se confirmou na Santa Casa de Goiânia.

(O Conselho)

Ainda desconhecidos, numa discussão calorosa da Plenária, o poeta achegou-se ao amigo, e perguntou de que lado estava? Da Verdade! – foi a resposta silenciosamente consentida, como se houvesse necessidade de dizê-la. E assim fizeram-se conselheiros.

De muitos embates, foi minoria vencida, ante aos conchavos da política, nem sempre o melhor caminho. Vencedor em outros. Mas nunca o Poeta e Flores faltaram a responsabilidade. Na defesa do SUS, a Pastoral fez-se vigilante, enquanto Controle Social. Por esse pouco de tempo de convívio, marcou presença na Conferência da Saúde do Trabalhador e Trabalhadora em Itumbiara e Rio Verde. Participou de vários eventos do Conselho.

Aos conselheiros deixa um recado na voz desse poeta: não decepcionem a si mesmo, sejam verdadeiros, dignifiquem a saúde e a vida dos usuários.

Paulo e sua amada Haidê também marcaram presenças na Associação de Alzheimer do Estado de Goiás. Nascia ali a vontade de um trabalho com os Idosos. Agora … Seu sonho interrompido.

 

 
   

 

(A Partida)

É ainda na mesma voz desse poeta que me faço representar. A você minha amada permita-me dizer:

— Desculpe a dureza da partida. Fizeste tudo que podias por mim. Não te culpes por aquilo que não te cabias fazer. Mas por outro lado, alegra-te pelos momentos bons que compartilhamos, permeados pelo sal das dificuldades, que não foram poucas. Se em algum momento te assaltares pensamentos de que falhamos em nossa jornada, te asseguro que deveríamos estar agradecidos ao Pai, pois vivemos com emoção, garra aquilo que acreditamos, às vezes até impetuosos às verdades dos outros.

Ao meu filho Cristiano não tenho recomendações e nem conselhos. Cresceste com bons princípios, vontade e trabalho. Tornaste homem. Nessa jornada, para vencer os desafios, muitas armas são frutos de uma atenção vigilante diuturna. A despeito de uma disciplina rigorosa, sejas gentil contigo mesmo, sobretudo não te desespere com perigos imaginários, acredite, tenha fé.

O Poeta, olhando para a esposa e filho, pode antever seus sentimentos. Muitas coisas não foram ditas. Pedidos de desculpas caíram no silêncio… Muitas picuinhas… Talvez o silêncio do coração seja a melhor resposta No entanto dirá o poeta: Não preocupem com o que deixaram de fazer.

No final dessa jornada, é comum o caminhante sentir-se só. Embora a imanência de Deus existente em cada um clama por liberdade. A tranquilidade e Paz espiritual quase sempre afugentam a vulgaridade mundana; só uma dose de caridade pode compreender a verdade de cada um.

Senhor Poeta não esqueça de avisar:
— Haidê. Foi uma honra poder dividir contigo esse caminhar. Tu foste muito digna, por isso sou-te agradecido. Comunidade, igual honra foi poder compartilhar um pouco do que sabia do muito que preciso saber. Nos bancos dessa Igreja me sentei, de joelhos me fiz penitente, só não consegui compreender a grandeza de minha pequenez. Sempre mirei um alvo, mas a munição do entendimento me impedira de acertar em muitas vezes a verdade escondida em cada um.

_________________

Missa de Sétimo Dia de Paulo Roberto Peres Flores, celebrada na Igreja Nossa Senhora de Lourdes pelo Padre Everton – comunidade, Goiânia, 29 de julho de 2015. Paulo Flores nasceu em 5/outubro/1949 e deixou essa morada terrena em 23/julho/2015. A parte boa desse poeta conselheiro saúda a parte boa existente em todos aqui presentes, sobretudo em você Haidê e Cristiano. Conselheiro Estadual de Saúde de Goiás: Gerinaldo Teodoro de Assunção.

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo