Seminário reforça estratégias de vigilância e prevenção das arboviroses em Goiás

Evento promovido pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES reúne profissionais dos municípios e das regionais na Escola do Futuro Luiz Rassi, em Aparecida de Goiânia

Cristina Laval e demais profissionais da Saúde durante Seminário de Vigilância em Arboviroses

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SUBVS), realizou o Seminário de Vigilância das Arboviroses, que reuniu profissionais das vigilâncias epidemiológicas municipais e regionais para alinhar estratégias de prevenção e fortalecer a vigilância diante do risco de aumento de casos em 2026. O evento ocorreu nesta semana, na Escola do Futuro Luiz Rassi, em Aparecida de Goiânia,

Arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por mosquitos, como o Aedes aegypti. Entre as mais conhecidas estão dengue, chikungunya e zika, que podem provocar febre, dores no corpo e complicações graves, especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades.

A abertura do seminário foi conduzida pela superintendente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da SUBVS, Cristina Aparecida Borges Pereira Laval, que destacou a importância de revisar e atualizar os planos de contingência municipais, aproveitando o atual período de baixa transmissão para preparar respostas mais efetivas frente a um possível aumento expressivo de casos em 2026.

A superintendente enfatizou que o momento é estratégico para o planejamento, pois as ações de rotina se tornam insuficientes em cenários de epidemia, exigindo planos estruturados que contemplem redistribuição de equipes, ampliação do atendimento nas unidades de saúde e reforço nas ações de campo.

Cristina também alertou sobre a subnotificação de casos, apontando que a falta de registros distorce o cenário epidemiológico e compromete o planejamento das ações. “A notificação é essencial para espelhar a realidade e orientar decisões. Sem ela, não há como o gestor agir adequadamente”, reforçou.

Cenário nacional
Representando o Ministério da Saúde, Alessandro Igor, técnico da Coordenação-Geral de Vigilância das Arboviroses, apresentou o cenário epidemiológico nacional, explicando que os intervalos entre os grandes surtos de dengue estão cada vez menores e que fatores como crescimento urbano desordenado, armazenamento inadequado de água e inserção de novos sorotipos têm intensificado a transmissão.

O técnico ressaltou ainda que 87% dos casos se concentram em poucos Estados, entre eles, Goiás, e que é essencial o fortalecimento dos Laboratórios Estaduais Centrais de Saúde Pública (Lacens) e dos sistemas de vigilância laboratorial, já que os sintomas das arboviroses (dengue, chikungunya e zika) são semelhantes e só o diagnóstico laboratorial pode diferenciar os vírus circulantes.

O coordenador de Dengue, Chikungunya e Zika da SES-GO, Murilo do Carmo, também ressaltou a necessidade de ampliar o envio de amostras biológicas ao Lacen-GO, laboratório de referência estadual responsável por confirmar os sorotipos e subsidiar as estratégias de vigilância e controle. Segundo ele, o fechamento de casos apenas com base em critérios clínicos e epidemiológicos pode gerar interpretações equivocadas do cenário de transmissão.

A coordenadora da Seção de Virologia do Lacen-GO, Yulla Fernandes dos Passos Chaves, apresentou um panorama detalhado sobre o diagnóstico das arboviroses, abordando os critérios de coleta e transporte de amostras e os métodos empregados, elucidando as dúvidas dos profissionais municipais. Ela destacou que o início dos sintomas define o tipo de exame mais adequado e que a correta identificação dos sorotipos depende da qualidade das amostras enviadas. E reforçou a importância do preenchimento completo das fichas e dos dados no sistema GAL, ferramenta essencial para o rastreamento dos casos e o monitoramento da circulação viral em Goiás.

A diretora técnica do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) Regional de Goiânia, Isabela Costa Borges, e a representante do Comitê Estadual de Investigação dos Óbitos Suspeitos por Arboviroses, Josela Palmeira, destacaram a investigação de óbitos como instrumento de gestão e aprendizado. Segundo elas, a análise detalhada desses casos permite identificar falhas na assistência e aprimorar a resposta dos serviços de saúde. A maioria dos óbitos, enfatizaram, é evitável com diagnóstico precoce e atendimento adequado.

Diretrizes nacionais
No encerramento do seminário, Alessandro Igor voltou ao palco e apresentou as novas tecnologias e diretrizes nacionais para o controle das arboviroses urbanas, destacando que o plano de ação proposto pelo Ministério da Saúde envolve quatro eixos principais: vigilância entomológica (com monitoramento de criadouros e índices de infestação), estratificação de risco (a partir de mapas de calor e indicadores locais), intervenções de controle vetorial adequadas ao perfil de cada município e interface social, com a participação ativa dos agentes de endemias e comunitários.

Entre as novas tecnologias de controle vetorial adotadas pelo Ministério da Saúde estão as Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs), estão o Método do Inseto Estéril por Irradiação, a liberação de mosquitos com Wolbachia e a utilização de ovitrampas, armadilhas usadas para monitorar a presença e a densidade do Aedes aegypti por meio da coleta de ovos do mosquito.

O representante do MS ressaltou que cerca de 70% dos criadouros do mosquito estão nas residências, o que reforça a necessidade de mobilização comunitária e integração com as equipes de saúde locais. Alessandro enfatizou que os municípios têm autonomia para definir suas estratégias de controle, conforme seus indicadores e realidades territoriais, mas contam com suporte técnico contínuo do Estado e das regionais de saúde.

Mariana Martins (texto) e Cássio Gomides (foto)/Comunicação Setorial

Seminário reúne profissionais das vigilâncias epidemiológicas municipais e regionais para alinhar estratégias contra as arboviroses

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