Resistência à vacina é principal desafio no combate ao HPV
Durante o mês de março, SES-GO realiza vacinação contra o vírus nas escolas do Estado. Desinformação e fake news colocam adolescentes sob risco de câncer no colo do útero, pênis e garganta Fake news sobre efeitos negativos da vacina e falta de cultura de procura pela imunização – sobretudo de pais que deveriam levar os filhos aos postos, mas não o fazem – são os principais desafios das autoridades de Saúde no combate ao vírus HPV, que pode causar câncer do colo do útero, câncer de pênis, ânus, vagina e garganta. Apesar da vacina contra o vírus fazer parte da rotina dos postos, ao longo de março, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), em parceria com secretarias municipais de Saúde e Educação, intensifica a campanha de vacinação contra o HPV levando as doses às escolas. Objetivo é imunizar meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos. “Além do diagnóstico precoce, a principal arma contra o HPV é a prevenção, por meio da vacinação. O uso de preservativos também é importantíssimo, já que o vírus é altamente contagioso e a principal forma de infecção é pela via sexual”, alerta a coordenadora estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, Milca de Freitas Queiroz. Ela afirma que os pais precisam levar seus filhos adolescentes até os postos de vacinação. Milca lamenta que, desde o início do programa nacional de vacinação do HPV, em 2014, as autoridades de saúde têm enfrentado grande resistência de pais que veem na imunização um incentivo a uma vida sexual precoce. “Isso é uma inverdade perigosa, pois a vacina é mais eficaz quando tomada antes do início da vida sexual; portanto, é um ato de amor e cuidado”, esclarece. “A vacina é uma opção segura e eficaz na prevenção da infecção pelo HPV e suas complicações”, continua Milca, ao explicar que, em adolescentes vacinados antes do primeiro contato sexual, a quantidade de anticorpos é dez vezes maior que a encontrada na infecção naturalmente adquirida em um prazo de dois anos. A vacina contra o HPV está disponível nas salas de vacinação durante todo o ano, para as pessoas do público alvo. É uma vacina segura e eficaz na prevenção dos cânceres de colo de útero, vagina nas meninas e de pênis nos meninos, além de proteger contra as lesões e verrugas anogenitais. Cobertura vacinal Diante desses e outros entraves, fica difícil atingir a meta de vacinar 80% das meninas e meninos, principalmente na segunda dosagem. Segundo dados da Gerência de Imunização e Rede de Frio da SES-GO, de 2014 até 2018 foi registrada uma série histórica de cobertura vacinal para meninas de 81,44% (primeira dose) e 52,47% (segunda dose). Já em relação aos meninos, a cobertura é de 47,9% (primeira dose) e 17,3% (segunda dose). A diferença maior para a cobertura na primeira dose se deve ao fato de vacinação ter sido realizada nas escolas em 2014. Por não ser um agravo de notificação compulsória, não é possível apontar o número de contaminações por HPV em Goiás. Mas, para se ter uma ideia da gravidade do problema, a Organização Pan Americana de Saúde (Opas) divulgou nota mostrando que, no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer em mulheres, com cerca de 570 mil novos casos em 2018. Isso representa 7,5% de todas as mortes femininas por essa doença. Estima-se ainda que ocorram, anualmente, mais de 311 mil mortes por esse tipo de câncer – mais de 85% delas em regiões menos desenvolvidas do mundo. SAIBA MAIS A vacina quadrivalente Papilomavirus humano 6, 11, 16 e 18 recombinante (HPV) é utilizada no combate aos quatro subtipos do vírus HPV. É ofertada desde 2014, pelo SUS, por meio dos municípios. Tem 98% de eficácia para quem segue corretamente o esquema vacinal. Meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos devem tomar duas doses da vacina HPV, com intervalo de seis meses. Meninas que completaram 15 anos ou mais e estão com o esquema incompleto também podem se vacinar. Para as pessoas que vivem com HIV, a faixa etária é mais ampla (9 a 26 anos), e o esquema vacinal é de três doses – intervalo de 0, 2 e 6 meses. Portadores de HIV precisam apresentar prescrição médica. A vacina contra o HPV é realizada em 907 salas de vacinação dos municípios goianos e distribuída pela Rede de Frio da SES-GO, por meio de suas 18 Regionais de Saúde. Mensalmente, são distribuídas 20 mil doses da vacina, em média. José Carlos Araújo, da Comunicação Setorial Foto: Reprodução Opas/Karina Zambrana |