Posicionamento da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás sobre vacina contra a dengue

 INFORMATIVO TÉCNICO GAB/SUVISA/SES-GO

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) avalia que, de forma geral, as vacinas têm apresentado uma série de conquistas consolidadas na diminuição da taxa de incidência de várias doenças imunopreveníveis tais como tétano, sarampo e difteria; e, na erradicação de outras enfermidades, como a poliomielite. São inquestionáveis os benefícios à saúde pública, tanto pela redução da morbimortalidade, quanto dos gastos financeiros pelo poder público.

A admissão de uma nova vacina, no âmbito da saúde coletiva, deve ser precedida da avaliação do impacto das doenças e dos óbitos que incidem na população, como também do seu custo beneficio, isto é, se a mesma traduz melhorias à saúde e se reduz os gastos relacionados à doença.

Em se tratando da vacina sintetizada pela Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda., a SES pondera que os estudos, conduzidos pela própria empresa, apresentam resultados de eficácia total de 56.5%, em estudos conduzidos na Ásia; e de 60.8%, em estudo conduzido na América Latina. Sendo a eficácia para o sorotipo 1, de 50.3%; sorotipo 2, de 42.3%; sorotipo 3, de 74% e para o sorotipo 4, de 77.7%. Portanto, a eficácia para o tipo 2 da doença é a menor entre os sorotipos, em estudos na América Latina. A eficácia da vacina em questão pode ser considerada baixa, comparada com os demais imunobiológicos oferecidos pelo Programa Nacional de Imunização.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacinação não é recomendada quando a soroprevalência (contato prévio da população com o vírus) está abaixo de 50% para a faixa etária alvo da vacina.

Outro fator ponderado pela SES-GO foi o fato da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) ter liberado a vacina para pessoas de 9 a 45 anos de idade. Enquanto, em território goiano, 63% dos óbitos ocorreram fora desta faixa etária, em 2015.

Mediante os fatores mencionados, a vacina pode, evidentemente, causar falsa sensação de proteção, levando a população a abandonar as medidas efetivas de controle vetorial. Esse comportamento pode, inclusive, recrudescer a infestação do Aedes aegypti, aumentando a incidência de Zika e também Chikungunya, doenças contra as quais ainda não existe vacina.

Portanto, a SES-GO ratifica o posicionamento do Comitê Técnico Assessor de Imunizações, em não recomendar a introdução de forma imediata da vacina. O custo deste imunobiológico, no âmbito estadual, para a faixa etária apta a receber o produto majoraria enormemente o orçamento da SES, podendo prejudicar programas essenciais à saúde do Estado, e, principalmente, não alcançando o impacto esperado pela aplicabilidade financeira exigida.

Embora esta seja a apreciação da SES, que leva em conta o interesse da saúde coletiva, não há objeção à aplicabilidade da vacina em caráter individual.

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