Amamentação evita câncer e garante a saúde do bebê
O aumento de campanhas governamentais ao longo dos anos tem reforçado a importância da amamentação para as crianças por diversos benefícios. No entanto, poucas pessoas conhecem as vantagens do ato para a saúde feminina. A preocupação em incentivar e orientar mulheres para a relevância do assunto extrapola o aspecto alimentar. Uma pesquisa divulgada pela revista britânica “The Lancet” em 28 de janeiro aponta que o aleitamento materno preveniria mais de 800 mil mortes infantis e até 20 mil óbitos por câncer de mama a cada ano no mundo. Em nível global, o câncer de mama é o que mais mata mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele tipo não melanoma, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O coordenador de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), Wilson Arantes, reforça a associação entre amamentação prolongada e prevenção ao câncer de mama e câncer de ovário devido a produção de hormônios específicos, incentivo à funcionalidade da mama, reserva folicular (a população total de óvulos de uma mulher em um intervalo de tempo) e repouso do ovário. Para o médico, a lactação deve ser incentivada como alimento por causa dos benefícios imunológicos e até emocionais na relação entre mãe e filho.
Apesar disso, ele ressalta a importância do aleitamento independentemente do tempo de duração. “Quanto mais tempo a mulher se dedicar a esse ato, pelo menos até por volta dos dois anos de idade da criança, melhor. Esse fator associado a várias gestações contribui para a prevenção dessas doenças”, afirma. Com novas mudanças no estilo de vida, ele espera que a proteção natural se estenda às mulheres modernas que têm menos filhos e mantêm lactação exclusiva por tempo reduzido. Na pesquisa veiculada pela revista inglesa, houve constatação de que uma a cada cinco crianças que vivem em países com rendas elevadas são amamentadas até os 12 meses, enquanto apenas uma em cada três de países com renda média e baixa se alimentam de leite materno durante os primeiros seis meses de vida.
De acordo com o coordenador de Pediatria da MNSL, Rodrigo Basílio, o reflexo na saúde e no desenvolvimento dos pequenos é positivo em toda a vida. “A amamentação aumenta a imunidade infantil por causa de anticorpos que evitam infecções virais e bacterianas, como diarreias e infecção de vias aéreas superiores (pneumonia, gripe, bronquiolite e outras)”, diz. Além disso, ele explica que “o ato aumenta o vínculo entre ambos e também oferece nutrientes para o desenvolvimento neuropsicomotor por conter substâncias que atuam no cérebro e na retina da criança”. Na prática, a falta de atenção ao aleitamento materno representa maior impacto financeiro com sistemas de saúde do segmento materno e pediátrico e menor expectativa de vida.
O mesmo estudo sinaliza que a amamentação diminui o risco de morte súbita da criança em mais de um terço dos casos, enquanto nos países com rendas baixas seria possível evitar a metade dos episódios de diarreia e um terço das infecções respiratórias. Como as vantagens para mãe e filho estão relacionadas ao tempo de lactação, quanto mais as mulheres alimentam a criança com leite materno, maior a proteção. Especialmente para as mamães de primeira viagem, a orientação sobre a melhor forma de executar é fundamental.
Na MNSL, por exemplo, elas contam com equipe de profissionais de saúde disponível para fornecer informações e instruções. Com as recomendações, a mulher se sente mais segura facilitando assim a adaptação à nova rotina. Entre as sugestões oferecidas estão a ingestão de líquidos, refeições balanceadas ao longo do dia e mamadas frequentes, que estimulam a produção do leite materno considerado alimento mais completo para o bebê.
Interrupção – A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde recomendam a amamentação exclusiva por seis meses. Após esse período, o Ministério da Saúde recomenda a combinação com alimentação complementar. Em relação à amamentação exclusiva, a indicação é suspensão apenas em caso de reação negativa do bebê por suspeita de sensibilidade ou alergia alimentar a alguma substância que a mulher tenha ingerido (leite de vaca, castanhas, frutos do mar e carne de porco costumam ser vilões). No caso das mulheres que trabalham fora de casa, a sugestão é armazenar o leite para que o cuidador da criança a alimente durante a ausência da mãe. O pediatra Rodrigo ressalta a necessidade de cuidados em relação à higiene e ao armazenamento em potes de vidro com tampa de plásticos.