Gente que cuida das dores e da independência dos pacientes

Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais celebram em 13 de outubro a data do reconhecimento profissional

No domingo, 13 de outubro, são homenageados profissionais responsáveis pelo bem-estar físico e manutenção das capacidades motoras das pessoas. Nesta data é comemorado o Dia Nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional. Ela foi escolhida por representar o dia da criação dessas profissões.

De acordo com o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em Goiás existem 7.430 fisioterapeutas com registro ativo. Há também 394 terapeutas ocupacionais. Eles atuam em unidades de saúde públicas e privadas, clínicas e até em academias destinadas às pessoas com necessidades especiais. Na rede pública, as unidades hospitalares da Secretaria do Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) possui profissionais de ambas as áreas para atendimento de pacientes internados ou que necessitam de recuperação física.

A fisioterapia é uma área da saúde envolvida com o estudo, prevenção e tratamento de lesões no corpo humano, que podem decorrer de traumas e doenças adquiridas ou genéticas. O profissional da área é denominado de fisioterapeuta e deve ter formação acadêmica superior. Quem atua na fisioterapia está habilitado a trabalhar em hospitais, clínicas, centros de reabilitações, entre outras unidades de saúde.

Na saúde coletiva, o fisioterapeuta é responsável por promover ações que garantam a saúde de grupos de pessoas, podendo participar, por exemplo, de programas de fisioterapia do trabalho e de ações básicas de saúde. O profissional também é importante para realizar terapias de reabilitação com pacientes com problemas respiratórios e pessoas que passam grandes períodos internadas em hospitais, como em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Também ajudam na melhoria da qualidade de vida de idosos com ações que melhorem problemas musculares e de coluna.

A terapia ocupacional é uma área relacionada com o estudo, prevenção e tratamento de problemas físicos, mentais, emocionais e sociais que dificultam a realização das atividades diárias de um paciente. Durante o tratamento, o profissional deve buscar meios para que a pessoa, aos poucos, consiga realizar essas tarefas, garantindo assim seu bem-estar e independência. O curso de formação é de nível superior. O terapeuta ocupacional, seja em clínicas, hospitais e unidades básicas, atua no tratamento de pessoas com dificuldades no desempenho de tarefas simples, sendo fundamentais características como paciência e amor pela área escolhida.

Histórias de superação

Trabalhando no Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) há cerca de quatro anos, a fisioterapeuta Luciana Viana Aguiar, de 42 anos, tem 15 anos de formação, presenciando muitas histórias de superação com o trabalho desenvolvido em UTIs. Luciana Viana investiu na formação para trabalhar em Unidades de Terapia Intensiva, cursando especialização e residência voltadas para essa área hospitalar, o que caracteriza o trabalho como fisioterapeuta intensivista como sua grande paixão.

A profissional relata que no seu dia a dia atua na fisioterapia motora e respiratória, observando e monitorando oxigenação, força muscular e demais instabilidades que podem afetar a terapêutica de cada paciente. “Precisamos ter uma visão ampla do paciente e avaliar a parte respiratória, motora e física da pessoa é uma maneira de realizar um trabalho completo aos pacientes de UTI”, disse. Luciana Viana atende principalmente pacientes com traumas, como acidentados de carro e moto, feridos por arma de fogo e arma branca, entre outros.

Segundo a fisioterapeuta, o olhar respiratório é um diferencial da profissão, que avalia diversos fatores fisiológicos em pacientes que estão em repouso, internados em UTI. “Um paciente intubado precisa de uma atenção ainda mais precisa, observando secreções e exames laboratoriais, para que o uso da ventilação mecânica seja bem controlada e eficiente”, conta. O uso de parâmetros e indicadores pelos fisioterapeutas da unidade também é um diferencial, reforça Luciana Viana. “O trabalho multidisciplinar, com atuação ampla de fisioterapeuta, médico, enfermeiro, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e assistente social proporciona uma internação mais humana aos pacientes que recebem nosso atendimento”, conta.

Emocionada, Luciana Viana lembra que todos os dias chega ao Hugol às 6 horas da manhã para começar um novo dia de trabalho e que, muitas vezes, os pacientes atendidos não sabem seu nome e de seus colegas, mas sabem que os fisioterapeutas exercem um trabalho importante dentro do ambiente hospitalar. “Os pacientes valorizam e respeitam a ‘fisio’. Muitas vezes não sabem nossos nomes, mas agradecem o trabalho que desenvolvemos. E é assim que queremos ser lembrados e respeitados, como aqueles que proporcionam qualidade de vida para os pacientes que atendemos”, finaliza.

Devolvendo a independência

Há 16 anos Anna Paula Hirako trabalha com paciência e afinco no trato de pessoas com dificuldades em executar tarefas do dia a dia, seja por estar acamada em um leito de hospital ou com sequelas de alguma doença. Ainda no ensino médio, ao ler um manual do estudante, decidiu pela profissão de Terapia Ocupacional, cursando a faculdade na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).

“O meu papel é o de recuperar a independência do paciente”, afirma Anna Paula, de 36 anos e há dois atuando no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), uma unidade em que há pacientes submetidos a cirurgia complexas e passam longos períodos acamados. Com experiência em terapia ocupacional hospitalar, ela é especialista em terapia de mão. Mas, na rotina do dia a dia, cuida de pessoas que precisam de reabilitação para sair da cama, voltar a andar, conseguir escovar os dentes, pentear o cabelo e até mesmo se alimentar. “A missão do profissional consiste em devolver a capacidade funcional do indivíduo, às vezes criando adaptações de instrumento de uso diário, que permitem ao paciente realizar por conta própria atividades cotidianas”, diz Anna Paula.

 

O sonho do jaleco amarelo

Alberico Jayme Silva, de 37 anos, conseguiu dois sonhos na vida: trabalhar no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER) e usar o jaleco amarelo, uniforme dos terapeutas ocupacionais que trabalham na unidade hospitalar. “A profissão surgiu por acaso, depois de conversar com especialistas. Mas sempre gostei de cuidar de pessoas doentes, acho que por ter acompanhado minha avó materna e familiares que vinham do interior para tratamento em Goiânia”, conta o filho de advogado, que precisou convencer o pai sobre sua vocação profissional.

Alberico se formou há 14 anos e há nove é fisioterapeuta ocupacional na unidade da SES-GO, onde atua no CRER em Casa, programa de assistência domiciliar composto por uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e fonoaudiólogos. Ele conta que durante as visitas, além de avaliar o paciente, ele reforça para a família as orientações e cuidados que contribuem para a melhoria e evolução terapêutica do mesmo. “A participação dos familiares é importante no processo de recuperação, pois é uma extensão do tratamento”, afirma.

Segundo ele, o terapeuta ocupacional atua com os pacientes, familiares e cuidadores durante estas visitas. O trabalho consiste em preparar a família para a mudança de rotina com um acamado em casa; dá orientações simples, de como posicionar o paciente no leito, na hora de comer, ensina alongamentos a serem feitos diariamente. Ou seja: medidas que visam a melhor qualidade de vida.

“Levo muito amor em meus atendimentos, pois não é fácil entrar na casa do paciente e vivenciar o sofrimento dele. Não só sofrimento físico, emocional, social. Geralmente eles e familiares enfrentam condições econômicas graves, não tendo dinheiro para necessidades básicas como alimentação, material para curativo e medicações. Em alguns casos também convivemos com o abandono do doente. Nessas horas temos que escutar, abraçar, dar apoio, orientar e até ligar para alguma instituição em busca de ajuda”, revela Alberico emocionado.

No alívio da dor

Formado na cidade de Cuiabá há 23 anos, o fisioterapeuta José Ricardo Morais Campos, de 53 anos, trabalhou na emergência do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) durante 13 anos; teve uma breve passagem pelo Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS); e está, há quatro anos, atuando no Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic), todas unidades da SES-GO.

O profissional conta que a fisioterapia ajuda, de forma não farmacológica, os pacientes com suas dores. No Cremic, José Ricardo desenvolve a fisioterapia manipulativa, incluindo osteopatia e a massagem transversa profunda (Cyriax). Ele conta que essa é uma técnica mais pesada da fisioterapia e que no Cremic a desenvolve com público diverso, com foco no alívio da dor. “Essa é uma técnica que me permite trabalhar com crianças a partir de dez anos até idosos de 90 anos, indo além das práticas convencionais e proporcionando melhora já nas primeiras sessões”, esclarece.

Para José Ricardo, a fisioterapia aliada as outras profissões causa bem aos pacientes que buscam atendimento na unidade. “A melhor coisa é quando um paciente chega e conta que conseguiu dormir. Com dor ninguém dorme. Desenvolver essa técnica proporciona alívio da dor e bem-estar rápido aos pacientes”, conta. Ele trabalha com essa técnica da fisioterapia há pelo menos 22 anos e ressalta que exercer a profissão no Cremic proporcionou ainda mais aproximação dos pacientes. “Essa unidade é diferenciada na questão da humanização, realizando um trabalho mais próximo e familiar dos usuários, uma prática adotada por toda a equipe”, finaliza.

Felipe Cordeiro e Maria Vitória (texto); Sebastião Nogueira (foto capa) e Brito (foto 1)), da Comunicação Setorial

Foto 2: Assessoria de Comunicação do Idtech

Foto 3: Assessoria de Comunicação da Agir

Foto 4: Arquivo pessoal

 

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