Humanização: doação de órgãos é um gesto que promove a continuidade da vida

Em Goiás, o HGG é a única unidade estadual de saúde  que realiza transplantes renais e hepáticos

HGG é referência em transplante de órgãos em Goiás

Você sabe o que é a doação de órgãos? E porque ela é tão importante? A doação de órgãos é uma escolha que pode ser feita ainda em vida. Basta avisar seus familiares e pessoas mais próximas. É um gesto, que na maioria das vezes, pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação para continuar vivendo. Podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, válvulas cardíacas, pele, ossos e tendões. Com isso, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador.
 
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é uma referência mundial em relação aos transplantes e possui o maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo, financiado pelo Sistema único de Saúde (SUS) que oferece e garante a toda população atendimento gratuito, assistência médica integral a pacientes doadores e receptores de órgãos, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. Além disso, o país é considerado o 2º maior transplantador da terra, atrás apenas dos Estados Unidos da América. O Ministério da Saúde ressalta ainda que apesar do grande volume de transplantes realizados no país, ainda há uma quantidade significativas de pessoas em lista de espera para receber um órgão.
 
Em Goiás, o Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG, unidade do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) é a única unidade da rede estadual de saúde que realiza transplantes renais e hepáticos, sendo uma referência nos serviços transplantadores. Desde a sua implantação, em 2017, o Serviço de Transplantes Renais do HGG já realizou mais de 826 procedimentos, além de 45 transplantes de fígado até setembro deste ano. Atualmente, o hospital também conta com uma nova unidade de transplantes, que fornece atendimento humanizado e de qualidade aos pacientes. O coordenador da ala A do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HGG, médico Guilherme Carvalho de Souza, explica que a melhor forma de auxiliar na redução da lista de espera para realização de transplantes, é com o apoio e atenção dos profissionais de saúde para identificar e notificar óbitos principalmente os de morte encefálica.
 
“Precisamos preparar nossas equipes de profissionais de saúde e, ao mesmo tempo, compreender que aquela família perdeu um ente querido. É uma dor para aquela família, mas nosso papel é conversar e mostrar que existe uma possibilidade de esperança e continuidade de vida daquela pessoa que se foi, se mantendo viva em outras pessoas. Essa é uma filosofia íntima, que de certa forma pode trazer mais sentido a vida e consequentemente a resolução positiva para a doação. A questão não é só nascer, viver e morrer, a questão é nascer viver e ter continuidade.”
 
O médico explica ainda que as chances para doação de órgãos são maiores quando as famílias já estão envolvidas com as equipes médicas que cuidam do pacientes. “O vínculo dos familiares com as equipes são um ponto importante e fundamental neste momento de morte. Pois, o cuidado com o enfermo vai muito além do físico, há conexão entre ambas partes, nós conseguimos ouvir, sentir a dor da família que esta perdendo o ente querido. Dessa forma, tentamos da  melhor maneira possível transparecer para os familiares que, na verdade, eles tem uma possibilidade de continuidade de vida, isso de certa forma, deixa o processo mais humanizado e aumenta as chances de captação”, comenta.
 
A retirada dos órgãos ou tecidos é realizada por meio de cirurgia, e o procedimento pode ser em uma pessoa viva ou falecida (doadores) para serem utilizados no tratamento de outras pessoas (receptores), que precisam restabelecer as funções de um órgão adoecido. Depois do procedimento cirúrgico, é realizado um transplante, método no qual é feita a substituição do órgão doente por um sadio.
 
Saiba mais sobre doações de órgãos
O que preciso fazer para ser doador de órgãos?
Para ser doador, no Brasil, você não precisa deixar nada por escrito, em nenhum documento. Muitas pessoas acham que é preciso registrar a opção de doador de órgãos em qualquer documento pessoal, mas isso não é mais necessário. Basta você conversar com sua família sobre seu desejo de ser doador. A doação de órgãos só acontecerá após a autorização da família.
 
Quais os tipos de doadores que existem?
Doador vivo: qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, desde que não prejudique sua própria saúde e seja compatível com a pessoa que vai receber o órgão. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até quarto grau (pais, filhos, irmãos, avós, netos, tios e primos), além dos cônjuges, podem ser doadores em vida. Para os não parentes, somente com autorização judicial.

Doador falecido: são pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano graves ou AVC (derrame cerebral) extenso. Podem doar órgãos e tecidos, com autorização de parente até 2º grau, sendo grande o número de doadores em morte encefálica cujas doações não acontecem e, consequentemente, muitas pessoas deixam de ser contempladas com tão importante procedimento.
 
Quais os órgãos e tecidos que podem ser obtidos de um doador falecido?
Órgãos: coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino e rins. Tecidos: córneas, vasos sanguíneos, ossos, tendões, pele, medula óssea e válvulas cardíacas.
 
Para quem vão os órgãos?
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em fila única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Quem irá recebê-los depende de diversos fatores, tais como compatibilidade, idade, doenças associadas, maior ou menor urgência, conforme avaliação da equipe cirúrgica e sempre com o conhecimento do receptor.
 
Posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?
Sim. O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar, que é interpretado por um médico. Não existe dúvida quanto ao diagnóstico.
 
Após a doação o corpo do doador fica deformado?
Não. O processo de retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, restando apenas a incisão. O doador poderá ser velado normalmente.
 
Texto: Suzana Meira
Foto: Idtech

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