Mais de 250 produtores rurais e técnicos debatem cenários para produção de banana em Goiás
Foram abordados temas como desafios da cadeia produtiva e as medidas fitossanitárias para evitar entrada e disseminação de doenças e pragas na atividade no estado. Goiás é o maior produtor da fruta no Centro-Oeste
Com foco em orientar produtores rurais e técnicos sobre cenários e a importância da adoção de medidas fitossanitárias para prevenir e controlar pragas na cultura da banana, a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), em parceria com outras entidades, realizou nesta quarta-feira (23/08) o evento “Desafios da Bananicultura em Goiás”. Mais de 250 pessoas participaram do encontro, que ocorreu na sede do Tatersal do Parque de Exposições de Anápolis.
Atualmente, Goiás ocupa a 1ª posição em produção da fruta no Centro-Oeste e está na 10ª posição no ranking nacional, com previsão de se tornar 9º lugar ainda na safra 2023. “Por isso é necessário debater temas e compartilhar informações que possam agregar à atividade e assegurar a produção de fruta de qualidade, livre de pragas e doenças. Sabemos que é um desafio, porque são vários os fatores que podem contribuir para a introdução de doenças na bananicultura. Mas com educação sanitária e um trabalho forte de campo, orientando e evitando práticas erradas, aumentamos as possibilidades de garantir a sanidade na cultura da banana”, enfatizou o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, durante a abertura do evento.
Doutor em Fitopatologia e auditor fiscal da Superintendência Federal da Agricultura no Estado de São Paulo (SFA/SP) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Wilson da Silva Moraes foi um dos palestrantes convidados. Ele abordou os riscos da introdução e disseminação de pragas que ameaçam a bananicultura goiana, destacando cenários para a cultura e os problemas que Sigatoka Negra, Moko da Bananeira e Fusarium Raça 4 Tropical podem acarretar nas lavouras. “O produtor deve cumprir o controle legislativo, porque essas pragas e doenças podem causar grandes danos econômicos e fitossanitários na bananicultura”.
A Sigatoka Negra, por exemplo, é a mais grave e temida doença da bananeira no mundo, implicando em aumento significativo de perdas, que podem chegar a 100% da produção, onde o controle não é realizado. O fungo causador é a Mycosphaerella fijiensis Morelet. O desenvolvimento de lesões de Sigatoka Negra e a disseminação do fungo são fortemente influenciados por fatores ambientais como umidade, temperatura e vento. Outras vias importantes na disseminação têm sido as folhas doentes utilizadas em veículos bananeiros para proteção dos frutos durante o transporte, e as bananeiras infectadas.
Para evitar a entrada e a disseminação de doenças, o coordenador do Programa Estadual de Prevenção e Controle de Pragas da Banana da Agrodefesa, Juracy Rocha Braga Filho – que é doutor em Produção Vegetal -, compartilhou, com os participantes, os desafios da bananicultura no estado. Segundo ele, os principais são cadastramento das unidades produtoras e de depósitos de Centrais de Abastecimento (Ceasas), uso de caixas plásticas higienizadas para transporte da produção, utilização de mudas propagadas, certificadas e livres de pragas, além da emissão de Autorização e Permissão de Trânsito de Vegetais (ATV), juntamente com a nota fiscal.
“É importante seguir essas medidas para evitar a entrada do Moko da Banana em Goiás, a disseminação da Sigatoka Negra e alertar sobre os riscos do Fusarium Raça 4 Tropical, já detectado na Colômbia, Peru e Venezuela”, informa. Ele acrescenta que essas pragas e doenças, sem controle, podem aumentar os custos de produção da cadeia produtiva, causando, inclusive, entraves na comercialização para outros estados.
Já a supervisora técnica das Cadeias de Fruticultura e Horticultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), Nozi Carneiro, destacou outra vertente voltada para a cultura da banana, que é a assistência técnica e gerencial. Atualmente, 807 propriedades rurais no estado são cadastradas na área de fruticultura e recebem o trabalho de profissionais do Senar. Ela explicou que cada produtor é atendido de forma individual, tendo suas necessidades e demandas avaliadas pela entidade.
Participação
O presidente do Sindicato Rural de Anápolis, José Caixeta, ressaltou que eventos, como este da banana, são importantes para proporcionar maior conhecimento ao produtor rural. “Mostra ainda a preocupação de várias entidades, que juntas, em parceria, buscam trabalhar em prol do setor, fortalecendo a cadeia”.
Já o diretor de Regional e Planejamento do Senar Goiás, Flávio Henrique – representando o presidente do Sistema Faeg/Senar/Ifag, José Mário Schreiner -, reforçou que Goiás possui características positivas de fomento à fruticultura, especialmente a banana na região de Anápolis. “Por meio de uma missão técnica, visitamos recentemente o Vale do São Francisco e percebemos como o local se transformou em um polo de fruticultura. Foi uma experiência enriquecedora. Trouxe um aprendizado de que políticas públicas, quando direcionadas com responsabilidade, dão muito resultado. E essa união entre entidades aqui, voltadas para debater um tema tão importante, mostra também que estamos alinhados para fortalecer a bananicultura em Goiás”.
Durante a abertura do evento, participaram também: deputado estadual Amilton Filho; ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha; superintendente de Engenharia Agrícola e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Asmar; secretário de Agricultura de Rio Verde, Paulo Martins; representante da Coordenação Regional Rio das Antes da Emater, Odimar Moraes; Superintendente Federal de Agricultura (SFA/GO) interino do Mapa, Carlos Wellington Fernandes dos Santos, representante do Incra/Goiás, Augusto Peiro; fiscais estaduais agropecuários da Agrodefesa; e demais convidados.
Panorama da banana em Goiás
– 12,9 hectares de área colhida – safra 2023
– 197,3 mil toneladas produzidas – safra 2023
– 1º lugar no ranking do Centro-Oeste
– R$ 395,6 milhões de Valor Bruto de Produção, com crescimento de 13,9% em relação a 2022
– 19,2 mil toneladas comercializadas na Ceasa Goiás – de janeiro a julho de 2023
– Anápolis, Pirenópolis, Uruana, Itaguaru e Santa Isabel são os cincos maiores municípios produtores em Goiás
Fonte das informações: Mapa/IBGE/Conab
Comunicação Setorial da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) – Governo de Goiás
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