Governo de Goiás promove encontro sobre saberes ancestrais dos povos indígenas
Evento voltado para os servidores da Seds contribuiu para levar muitas informações e desconstruir ideias equivocadas em torno dos povos originários
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), promoveu nesta terça-feira (02/04), no auditório da pasta, o encontro Roda de saberes ancestrais dos povos indígenas, em comemoração ao Dia dos Povos Originários, celebrado em 19 de abril. O evento teve como público os servidores da secretaria, principal responsável pela gestão de programas e ações para essa população no estado.
O encontro reuniu líderes de diferentes etnias indígenas de Goiás e de outros estados, contou com apresentações musicais, exposição de artes, mostra de adornos corporais e de produtos utilizados na medicina indígena. Em suas falas, os dirigentes destacaram a luta diária dos povos originários por seus territórios, pelo reconhecimento de uma cultura que é berço da constituição do país e pela desmitificação de muitas ideias e conceitos que a sociedade tem a respeito dessa população.
A superintendente da Igualdade Racial da Seds, Rosi Guimarães, destacou que a criação da Gerência de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas, tendo a sua frente o Karajá Sinvaldo Oliveira Saraiva, cujo nome na língua do seu povo é Wahuka (pronunciado por uma mulher) e Wahua (pronunciado por um homem), contribui para educar os próprios servidores sobre o universo indígena, que é parte da riqueza da diversidade do povo brasileiro.“É um verdadeiro letramento, que nos ensina a respeitá-los cada vez mais”, destacou a superintendente.
Saraiva falou sobre algumas ideias pejorativas cultivadas pela sociedade sobre os povos originários. Entre eles, chamá-los de índios, uma denominação equivocada dada pelos portugueses, quando aqui chegaram, usar a expressão “programa de índio”, dizer que eles vivem em tribos, quando o correto são etnias, aldeias ou comunidades, e ainda considerar que eles perdem a identidade, quando moram nas cidades.
O professor da Secretaria de Educação de Goiás (Seduc) José Alecrim, da etnia Canela, localizada no Maranhão, mas que vive em Goiânia desde criança, e que atua na formação de docentes, disse que faz parte do seu trabalho a descolonização do universo indígena. “As pessoas têm uma imagem de um indígena do século 16 e há muito tempo já estamos inseridos no ambiente urbano. É um trabalho de desconstrução do imaginário e construção do real”, afirmou Alecrim, que também expôs seus desenhos feitos com carvão.
A assessora de Projetos da Seds, Renata Moreira, disse que o encontro foi um marco educacional para ela. “Aprendi desde detalhes do contexto histórico, arte e cultura, até o uso adequado dos termos e a apreciação da complexidade das práticas espirituais, a riqueza da tradição oral que transmite conhecimento de geração em geração e a profunda conexão com a natureza”, avaliou. Ela também disse que se conscientizou sobre os desafios enfrentados por essas comunidades, como a luta contínua por seus territórios, a defesa de seus direitos e a preservação de sua cultura. “Esse aprendizado não só expandiu minha visão de mundo, como também aguçou minha vontade de conhecer mais e apoiar as causas indígenas”, partilhou a servidora. Para Ceusmar Santana, da gerência de Gestão de Desenvolvimento de Pessoas, o evento trouxe esclarecimentos importantes. “Gostei muito e espero que tenham outros assim”, afirmou.
Segundo o último Censo do IBGE de 2022, a população indígena do Brasil é estimada em 1,7 milhão, sendo que, aproximadamente, 19 mil residem em Goiás. O estado conta hoje com três comunidades aldeadas: os Tapuias (Rubiataba e Nova América), os Yny Karajá (Aruanã) e os Avá-Canoeiro (Minaçu). Os demais estão espalhados por outros 222 municípios goianos. Todos os benefícios do Governo de Goiás, são levados aos povos indígenas, por meio do Goiás Social, como o Mães de Góiás, Crédito Social, Aprendiz do Futuro e documentos de Registro Civil.