Oficinas de música e musicoterapia passam a integrar atividades do Sistema Socioeducativo do Estado

Medida faz parte do processo de reorganização da estrutura pedagógica proposto pelo Governo de Goiás para promover ressocialização dos adolescentes

Dentro do processo de reestruturação nas estruturas física e pedagógica proposto pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), para o Sistema Socioeducativo do Estado, a inclusão das oficinas de diversos temas entre as atividades de ressocialização para os adolescentes assistidos serão, a partir de agora, permanentes. No Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Goiânia foi dado início a uma delas, que oferece aulas de música e musicoterapia. Todas as nove unidades vão passar por reorganização.

“Nosso objetivo, com essas mudanças, é, aqui em Goiás, cumprir à risca as normas do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), que estabelece, além das atividades escolares, a inclusão de extraescolares, esportivas e lúdicas. Só assim, conseguiremos realmente promover a ressocialização dos adolescentes”, explica a secretária de Desenvolvimento Social, Lúcia Vânia . 

Segundo o gerente do Sistema Socioeducativo, Sandro Lacerda, é bastante perceptível o benefício que a mudança proposta traz. “Pois os adolescentes, que já participam das aulas regulares e dos cursos profissionalizantes, ficam menos tempo nos alojamentos, interagem mais, ficam mais calmos e, assim, realmente praticam atividades socioeducativas”, observa.

Nas aulas de música, são 30 adolescentes participantes, dos 50 que atualmente cumprem medidas socioeducativas na unidade. Mas, de acordo com o assistente operacional social Erick Christhian, que é o coordenador e um dos professores, o momento ainda é de seleção.

O trabalho é dividido em duas partes. A primeira são as aulas de música em si, com teoria básica para acompanhamento em violão, cifras, ritmo e execução, e a prática, no próprio instrumento. 

“Essas aulas visam despertar no adolescente o protagonismo de sua expressão artística, musical, porque percebemos que vários deles possuem essa aptidão, essa desenvoltura para executar o instrumento e se atraem pela área artística e cultural”, explica Erick.

A segunda parte, chamada de produção de oficina musical, trabalha a capacidade de o adolescente desenvolver composição e interpretação musical e abrange também a musicoterapia. O objetivo é desenvolver, por meio da música, as expressões artísticas dos adolescentes.

“Vários adolescentes gostam de escrever suas músicas e de cantá-las. Nesse trabalho, suas ideias e visão de mundo são descritas pelas letras. Posteriormente, são trabalhados com os adolescentes os ritmos, a questão da letra da música, da composição em si”, explica Erick. 

Ele informa que, a depender do resultado, encaminham a música para gravação em estúdio profissional, com violão, teclado, bateria e alguns outros instrumentos de percussão.

O professor explica que as oficinas de produção musical são apenas para os socioeducandos que despertam motivação e aptidão para composição musical e interpretação. Aos que são selecionados são ministradas aulas individualmente ou em duplas.

A primeira turma começou a ter aulas no início de agosto. “E já detectamos alguns adolescentes que escrevem música e nosso intuito é prepará-los para apresentações posteriores e para uma possível graduação de seus trabalhos.”

Erick comemora o que ele chama de “bom resultado em pouco tempo” observado em quatro adolescentes que estão na primeira turma. “Estamos finalizando a segunda composição desse quarteto. E outros já demonstraram interesse e solicitaram o atendimento também nessa oficina”, ressalta.

“Participo das aulas e estou aprendendo a tocar violão, estou compondo música e ensaiando. Isso é bom porque incentiva a gente a mudar de vida. Fico mais aliviado”, diz um dos adolescentes do Case de Goiânia.

Outro aluno das oficinas diz que gosta das aulas de música. “Eu já sabia tocar bateria. Agora, estão ensinando violão. As aulas do Erick e da Adriana a gente vai levar para vida. Isso é um incentivo para gente mudar de vida, seguir um caminho melhor e buscar a família.” 

 

Musicoterapia

As oficinas de musicoterapia têm, além de diversão e ocupação do tempo dos socioeducandos, papel importante para que os profissionais envolvidos na parte pedagógica tenham acesso à causa das questões que levam os adolescentes ao envolvimento em atos infracionais, e possam, assim, trabalhar com eles a parte psicológica e o autoconhecimento. 

“A partir dessa conscientização que oferecemos com a musicoterapia, eles podem refletir e curar feridas do passado, repetições e emaranhamentos familiares, e assim, por meio de um novo olhar e consciência, reconstruir o seu presente, que transformará instantaneamente o seu futuro e destino”, explica a musicoterapeuta Adriana Silvestre. Ela é especialista em saúde mental, consteladora familiar sistêmica, instrutora de yoga e meditação e atua há seis anos como analista de políticas públicas no Case de Goiânia.

Ela trabalha com os adolescentes do grupo de musicoterapia e faz atendimento com constelação individual, para ajudá-los a superar seus problemas. “Eu só sentia raiva. Agora, eu sinto paz”, diz um dos socioeducandos atendidos, após participar de mais uma atividade com Adriana. 

Segundo Adriana, todo o trabalho é realizado de forma leve, por meio da reconciliação, liberação, comunicação não-violenta e gratidão. “E mesclado, lógico, com muita música e expressão.”

Comunicação Setorial – Seds

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