Entenda como é feita a investigação dos óbitos suspeitos por arboviroses em Goiás

Trabalho envolve equipe multiprofissional do Governo de Goiás e dos municípios que analisa, de forma detalhada, histórico dos pacientes para confirmar ou descartar as mortes

Comitê estadual realiza duas reuniões semanais para investigar casos de óbitos

O Estado de Goiás totalizou, até o momento, 94 mortes confirmadas de dengue e outras 133 que ainda deverão passar por análise do Comitê Estadual de Investigação dos Óbitos Suspeitos por Arboviroses. O trabalho do comitê segue as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue do Ministério da Saúde (MS) e busca identificar os fatores determinantes para o óbito, confirmando ou descartando a morte pela doença.

Assim que um paciente morre pelas chamadas arboviroses (dengue, chikungunya e zika), a unidade de saúde tem o prazo de 24 horas para notificar ao serviço de vigilância epidemiológica dos municípios e Estado. Depois que isso ocorre, as Secretarias Municipais de Saúde preenchem um formulário detalhado com todo o histórico do caso, incluindo todas as unidades por onde o paciente passou, informações sobre o atendimento realizado nesses locais, além de dados da investigação domiciliar feita com os familiares. O encerramento dos casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do MS precisa ser feito em até 60 dias.

A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, explica que o comitê tem como principal objetivo investigar todos os óbitos suspeitos cuja causa principal ou secundária foi registrada como sendo por arboviroses, em especial a dengue. O trabalho garante o encerramento dos casos de maneira adequada, com dados fidedignos que vão nortear as ações de assistência, vigilância e combate a essas doenças.

“Vamos imaginar que uma pessoa teve dengue, confirmou o caso, foi notificado como dengue, e quando a gente cruza os sistemas de informação (Sinan e Sistema de Informação sobre Mortalidade), a gente descobre que a pessoa não morreu realmente por dengue, mas, por exemplo, num acidente de trânsito. Fora essas causas externas, a gente tem outras doenças também. Às vezes é uma pessoa que já está em tratamento de câncer, em fase terminal, e que a dengue não foi a causa principal que a levou à morte”, esclarece.

Flúvia Amorim destaca ainda que o comitê tem papel importante na hora de identificar se as unidades de saúde estão seguindo o protocolo de manejo clínico do paciente é preconizado pelo MS. Conforme a superintendente, a identificação de algum problema durante a investigação ajuda a pasta a trabalhar melhor as capacitações com os profissionais de saúde para o manejo clínico adequado, diminuindo, assim, a quantidade de óbitos por essas doenças.

Segundo o coordenador de arboviroses da SES-GO, Murilo do Carmo, muitas vezes a demora para concluir a investigação dos óbitos está relacionada a uma série de fatores, que incluem a necessidade de contatar a família no momento de luto, a demora no envio das informações pelas unidades de saúde e também para receber o resultado dos exames feitos por laboratórios de outros Estados após a coleta das amostras pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).

“Outros que tem uma demora muito expressiva, às vezes mais de seis meses, são de pacientes que são de fora do Estado e que acabam sendo atendidos aqui em Goiás. A gente tem que fazer uma linha do tempo para tentar buscar as informações, que acabam demorando muito”, detalha.

Estrutura
O comitê estadual conta com uma equipe multiprofissional com médicos, enfermeiros, equipes do SVO e do Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO), que auxiliam na análise dos exames realizados. Em algumas situações, os profissionais dos municípios onde aconteceram os óbitos também são convidados para participar das discussões.

Aline Rodrigues (texto) e Secretaria de Estado da Saúde – Governo de Goiás

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo