Integração para combate ao Aedes aegypti no Entorno do DF

A região é a mais crítica do Estado, tanto em relação aos criadouros, quanto das notificações de doenças. Foram mais de 7,5 mil casos de dengue em 2016

Concentrando mais de 1,2 milhões de moradores, a região do Entorno do Distrito Federal ligou o sinal de alerta do poder público por causa do aumento significativo do número de casos de dengue nesse ano. Houve um aumento de 245% das notificações da doença em comparação com as primeiras nove semanas de 2015. Foram 2.182 notificações no último ano, contra 7.531, em 2016. O cenário fica mais preocupante quando são levados em conta os moradores dos municípios do Entorno que foram diagnosticados com dengue no DF. Nesse caso o aumento é de mais de 600%. “A região é a mais crítica do Estado, tanto em relação aos criadouros, como das notificações das doenças”, afirma o secretário de Estado da Saúde, Leonardo Vilela.

Na tentativa de discutir soluções em conjunto com o governo do DF e com o Ministério da Saúde, foi realizada nesta quarta-feira, 16, reunião estratégica para promover uma força-tarefa na região buscando intensificar e estruturar ações de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti. A ação também se faz necessária pela volta da circulação do vírus tipo III da dengue, o que inicialmente ocorreu no DF e, ainda, pela complexidade e diversidades características da região. Vilela lembrou que a única maneira de resolver a questão é a soma de esforços. “Isolados não resolveremos nenhum problema. Temos um inimigo em comum, por isso é necessário buscarmos soluções em conjunto”, enfatizou.

Entre as medidas adotadas por Goiás e DF, a Sala Interfederativa é a que chama mais atenção. O local, instalado no escritório da representação de Goiás no DF, é a primeira iniciativa no País que une dois entes da federação para o combate ao Aedes. Do ambiente serão coordenadas as ações do Goiás contra o Aedes nos municípios do Entorno. A sala vai buscar, por meio do monitoramento efetivo, soluções em conjunto para aprimorar o trabalho. Todos os 19 municípios do Entorno também participarão dessa sala.

Segundo Tiago Coelho, subsecretário de Vigilância em Saúde do DF, o trabalho em conjunto acontece pelo apoio epidemiológico, com a troca de informações; o controle entomológico, que engloba pesquisas e bloqueio do vetor; a assistências às pessoas com as doenças transmitidas pelo mosquito e, por fim, a Sala Interfederativa. “É preciso uma ampla estratégia para enfrentar o mosquito. Com todas essas medidas será possível uma resposta mais rápida para enfrentar o problema”, ressalta o subsecretário.

Durante o encontro, o secretário Leonardo Vilela lembrou o sucesso da campanha “Goiás contra o Aedes”. Foram cerca de três milhões de imóveis trabalhos neste ano. No total foram encontrados 64 mil imóveis com focos e retirados de circulação mais de 60 milhões de mosquitos com potencial para transmitir doenças como dengue, zika e chikungunya.

De acordo com Neilton de Oliveira, secretário Executivo Substituto do Ministério da Saúde, o Brasil perdeu a guerra para o Aedes durante esses últimos anos, por isso é preciso cada um se responsabilizar pelo combate. “Goiás está assumindo a sua parte. É algo impressionante o esforço do Estado para combater o vetor. Inovou ao anunciar a erradicação o Aedes no território goiano. São iniciativas interessantes, como uma sala de monitoramento em tempo real, integração entre Saúde e Corpo de Bombeiros e a promoção de ações quase diárias. O ministro Marcelo Castro esteve em Goiás na última semana, voltou encantado com o que viu”, comentou Neilton e emendou que esse é um momento histórico para enfrentar e vencer o Aedes no Entorno, já que agora a participação é de todos.

Ele também ressaltou que Goiás é um forte candidato a ganhar a Mostra Nacional sobre o assunto, que ainda não tem data definida para acontecer. A mostra buscará promover experiências exitosas de combate ao Aedes aegypti. O representante do MS ainda anunciou que existem R$ 600 milhões para financiar pesquisas relacionadas a esse cenário, como implantação de novas tecnologias, vacinas e outras iniciativas e, ainda, está sendo avaliado a possibilidade de financiar a contratação de profissionais para o combate no Entorno.

Prefeitos do Entorno animados com a parceria

A prefeita de Valparaíso, Lucimar Conceição do Nascimento, lembrou que como moradora da região há 20 anos entende que os problemas do local precisam ser enfrentados pela parceira entre Estado, DF e municípios. “Por isso vejo como um ato sábio e corajoso a decisão desse trabalho em conjunto”. Ela ainda explica que o trabalho em Valparaíso está acontecendo de forma integrada com todas as secretarias e diálogo permanente com a sociedade ao promover ações educativas. “Percebemos que essa postura encoraja a população a mudar as atitudes”, diz.

Já Itamar Lemes Prado, prefeito de Santo Antônio do Descoberto, comentou que tem obtido bons resultados com o trabalho, reduzindo os focos nos imóveis. Perguntado sobre qual a expectativa do trabalho, ele foi enfático. “É erradicar o mosquito na cidade, protegendo a saúde das pessoas”, finaliza.

Goiás Contra o Aedes

A força-tarefa “Goiás contra o Aedes”, desencadeada pela SES-GO em parceria com o Corpo de Bombeiros e Prefeituras Municipais, teve início em dezembro do ano passado. Tem a missão de vistoriar uma vez por mês, até junho, todos os imóveis residenciais e comerciais do Estado e, desta forma, eliminar os criadouros do Aedes aegypti. Em todas as cidades serão realizados mutirões simultâneos e ações sincronizadas, com o objetivo de prevenir os casos de dengue, chikungunya e zika. Na ocasião, todas as residências, estabelecimentos comerciais e lotes baldios dos municípios serão vistoriados pelas equipes. Até o momento foram cerca de três milhões de imóveis trabalhos.

Governo na palma da mão

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