União e apoio no combate ao tabagismo em Goiás

Sob coordenação da SES-GO, municípios realizam trabalho de prevenção e combate ao hábito de fumar, lembrado neste 31 de maio, durante Dia Mundial sem Tabaco

Para muitos, basta resignação. Mas, ao visitar o Centro de Referência em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (Craspi) no Setor Cidade Jardim, unidade vinculada à saúde municipal de Goiânia, confirma-se que é preciso muito mais que vontade para deixar o hábito de fumar. Parar de fumar demanda ajuda.  E foi no Craspi que os aposentados Paulo Silva Souza, de 57 anos; Etília de Sousa, 67; e Florentino Xavier da Costa, 63, encontraram o apoio indispensável contra as dependências psicológica, comportamental e química oriundas do fumo.

Antes, é preciso explicar que o trabalho realizado no Craspi e em outras unidades que realizam ações semelhantes nos demais municípios goianos é preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), que delegou aos Estados a aplicação das políticas da área. Com esse objetivo, em 1999 foi criada a subcoordenação de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco na Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).

Ligada à Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), a subcoordenação desenvolve atividades de coordenação e gerência operacional e técnica do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), do MS, para reduzir o número de fumantes e mortes relacionadas ao consumo do tabaco (leia mais no final da matéria).

No Craspi da Cidade Jardim, a nutricionista Angelita Evaristo Barbosa Pontes e mais duas psicólogas e uma médica coordenam o trabalho com 15 pessoas de um grupo iniciado com 20, numero definido pelo MS para esse tipo de ação. “Infelizmente, nem todos se sentem motivados suficientemente”, diz Angelita, ao explicar as desistências, que não são raras, nas 18 turmas que já passaram pela unidade em dez anos.

Adesivos de nicotina

Todas as terças-feiras, durante quatro meses, o grupo se reúne por uma hora e meia, para trabalhar a dependência psicológica, comportamental e química – neste caso, com uso do ansiolítico bupropiona e adesivos de nicotina, contra a síndrome da abstinência da nicotina. “Coloquei o adesivo e não lembro do cigarro; odeio”, lembra o motorista aposentado Paulo, que está a duas semanas de concluir o curso, com os demais colegas. “Graças a Deus não preciso nem mais, apenas para complementar o curso”, enfatiza.

“Mas as palavras de apoio que são ditas aqui vão marcando, e na hora de pegar o cigarro, você lembra delas”, ainda destacou Paulo, para quem os estímulos representam, no mínimo, 40% da ajuda necessária para deixar o cigarro. Em comparação na mesma linha, Angelita afirma que 70% dos concluintes do curso abandonam de vez o cigarro. No caso de Paulo, outro fator foi decisivo: uma cirurgia a laser para extipar um câncer de laringe.

A preocupação do filho com a saúde da mãe também influenciou Etília a buscar ajuda no Craspi.  “Sentia tosse, aquele mal-estar, que já não sinto mais”, confirma a aposentada, quase livre do cigarro. “Às vezes, acendo um, dou uma tragada e jogo fora. Fico até três dias sem nem olhar, mas é mais difícil após o almoço e café da manhã”, revela Etília, que roga à Deus para que, até o fim do curso, esteja 100% independente desse hábito. 

Como funciona o sistema de combate ao tabagismo em Goiás

Os serviços de tratamento comportamentais e também medicamentoso contra o tabagismo em Goiás são realizados pelos municípios, por profissionais treinados por equipe multiprofissional da subcoordenação de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco da SES-GO, que também monitora o fluxo dos atendimentos no Estado.

Somente neste primeiro quadrimestre, esse trabalho atendeu 2,7 mil pessoas, dos quais 78% com idade entre 18 e 59 anos, em 178 municípios. Ainda desse total, 70% utilizam algum tipo de medicação, como adesivos de nicotina ou bupropiona – ou os dois, conforme dados da subcoordenação.

O programa atua prioritariamente nas escolas, unidades de saúde e nos ambientes de trabalho, para as quais desenvolve estratégias voltadas para a prevenção à iniciação ao hábito de fumar, incentivo à cessação de fumar e promoção dos ambientes livres de fumo.

É também a subcoordenção que analisa informações sobre a incidência e mortalidade por câncer para definição do quadro epidemiológico da doença no Estado e de seus fatores de risco. Os dados de 2019 já estão sendo organizados para posterior divulgação.

Entre as atividades realizadas pela subcoordenação incluem ainda a promoção do Encontro Anual dos Coordenadores Municipais do Programa de Controle do Tabagismo e responsáveis pela Assistência Farmacêutica; elaborar e distribuir materiais gráficos para a execução das ações de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, bem como a distribuição dos medicamentos ofertados aos 246 municípios.

José Carlos Araújo (texto) e Erus Jhenner (fotos), da Comunicação Setorial

 

 

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