Seminário reúne instituições para debater combate e prevenção às drogas

Promovido pelo Geed, unidade da SES-GO, evento em Catalão discutiu a necessidade de pensar em rede o tratamento aos usuários de entorpecentes

“Vivemos uma sociedade doente, em que ver um dependente químico deitado na porta de uma loja ou até mesmo da nossa casa é algo comum, e só queremos afastar o problema e não pensar em alternativas sociais para tratar efetivamente a problemática das drogas”. Essa e outras preocupações da diretora-geral do Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas (Geed), Candice Castro, foram debatidas nesta quinta-feira, 25, durante o 1º Seminário de Políticas sobre Drogas, em Catalão.

Realizado na Câmara dos Vereadores do município para promover a integração intersetorial nas ações de prevenção e combate às drogas, o evento reuniu membros do Ministério Público Estadual, conselho tutelar, de comunidades terapêuticas e representantes das secretarias de Saúde, Segurança Pública, Educação e Assistência Social do município.

Ainda em sua participação no evento, promovido pela unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Candice destacou a necessidade de se pensar em rede o tratamento aos usuários de álcool e drogas. “É importante a atenção do profissional de saúde para identificar as necessidades dos pacientes e não postergar o atendimento especializado para usuários de entorpecentes”, explicou para ressaltar o trabalho de prevenção realizado pelo Geed também nas escolas com vulnerabilidade social, o que tem produzido importante retorno em médio e longo prazos.

Reinserção

O Geed coordena o tratamento a dependentes químicos em 24 comunidades terapêuticas conveniadas com o Governo de Goiás. “É necessário pensar na reinserção dos dependentes químicos após o período de internação, buscando oferecer emprego, educação e acompanhamento assistencial”, ressaltou Candice, como uma das sugestões para solucionar o problema, que não é apenas local ou nacional.

No mundo, aproximadamente 250 milhões de pessoas já fizeram uso de alguma droga ilícita, segundo dados do escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). É o que destacou o coordenador de Comunidades Terapêuticas e membro da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, José Henrique França, em sua palestra “Políticas públicas sobre drogas: oportunidades e desafios”. Entorpecentes lícitos também preocupam. “O álcool, por exemplo, é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, de acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirmou França.

Uma das causas desse problema é a publicização das bebidas alcoólicas, alertou José Henrique França. “O marketing com uso de cores e demais atrativos convidam os jovens para o consumo de bebidas alcoólicas, que deveria ser fiscalizado. Porém, não há fiscalização adequada, e a venda para menores de idade é realizada continuamente”, denunciou.

Encaminhamento

A psicóloga da SES-GO, Renata Silva, fez uma apresentação do Centro Estadual de Avaliação Terapêutica – Álcool e outras Drogas (Ceat-AD), responsável pelo encaminhamento de dependentes químicos para as comunidades terapêuticas conveniadas com o Estado e que prestam serviços gratuitos. No centro também são realizados tratamentos ambulatoriais, definidos após avaliação da equipe de enfermagem e demais profissionais.

A apresentação da psicóloga também teve como objetivo orientar os profissionais presentes no seminário a procederem na busca dos serviços ambulatoriais para dependentes químicos que desejam realizar tratamento. A triagem na unidade é feita pela equipe de enfermagem, psicologia e por médico.

Se houver necessidade, o paciente é encaminhado ao atendimento psiquiátrico e, na última etapa, para o serviço social, para identificar o contexto social dessa pessoa. “Tentamos perceber esse momento que ele está vivendo e, de um forma holística, definirmos um tratamento mais adequado”, disse ainda a psicóloga.

Integração intersetorial

Para Candice Castro, diretora-geral do Geed, o seminário cumpriu com seu objetivo, que é promover a integração intersetorial das ações de prevenção e combate às drogas, envolvendo os diversos setores da sociedade civil e governamental, o que permitirá “alcançar experiências positivas para o problema social e de saúde que são as drogas na vida das pessoas”.

As atividades do Geed em Catalão continuam até sexta-feira, 26, quando os técnicos vão se reunir com alunos da rede pública no Ginásio da Terceira Idade, para oferecer palestra e oficina de música, com a Banda EX4, do VemSer Música. Esse projeto é desenvolvido pelo grupo aos estudantes de escolas de todo o Estado.

VOCÊ SABIA?

– O Brasil é o maior mercado mundial de cocaína e/ou crack, respondendo por 20% do consumo mundial dessas substâncias

– Quase 3 milhões de brasileiros são usuários das duas drogas

Dados de 2012 divulgados pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas (Inpad), em parceria com a Universidade Federal de Saão Paulo (Unifesp)

José Carlos Araújo e Felipe Cordeiro (texto) e Erus Jhenner (fotos), da Comunicação Setorial 

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