Secretário Sérgio Vencio concede entrevista a Jackson Abrão

Gestor destacou apoio do governador Ronaldo Caiado para combater a corrupção dentro da saúde, com mais transparência em editais, melhor precificação e monitoramento dos contratos com organizações sociais, com a finalidade de garantir que o dinheiro público seja bem utilizado

Vencio destacou que a estrutura da SES conta com a presença de uma subsecretaria de controle interno, que é um braço da Controladoria Geral do Estado

O secretário Sérgio Vencio concedeu entrevista ao jornalista Jackson Abrão na manhã desta segunda-feira, 27. Assumindo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) em novembro do ano passado, o gestor pode aprofundar-se em temas importantes para a Saúde Pública local e nacional, como a fila de cirurgia eletivas, as campanhas de vacinação, o ranking das principais doenças no Estado e os desafios da gestão por Organizações Sociais. Veja os principais trechos da entrevista. 

Doenças crônicas
Perguntando sobre os principais desafios da Saúde Pública, o médico com doutorado em Ciências da Saúde salientou que o contexto e os problemas de saúde são dinâmicos, e por mais que exista uma gestão eficiente, os desafios sempre existirão. 

“Tanto a saúde pública como a privada são muito demandadas. Com o envelhecimento da população, temos um aumento exponencial das doenças crônicas e degenerativas. Por exemplo, em torno de 20% da população tem hipertensão, 30% possui alguma alteração na gordura no sangue e 10% é diabética”, estimou. 

De acordo com o secretário de 30% a 50% das pessoas que têm diabetes não sabem da doença, e são diagnosticas quando já ocorreram complicações, principalmente, no sistema público de saúde. Dessa forma, 15% dos recursos destinados ao tratamento de diabetes, em todo mundo, é para tratamento de consulta e exames; e 85% dos recursos são destinados ao tratamento de complicações. 

“Nosso desafio é que as pessoas façam o diagnóstico e se cuidem. Aí já não é uma questão do Estado, é dos municípios, na atenção básica de saúde. De qualquer forma nós estamos fortalecendo isso com as policlínicas e com a reforma do Centro de Especialidade de Atenção em Diabetes, coordenado pelo doutor Nelson Rassi, e que vai nos auxiliar nessa regionalização do tratamento da diabetes”, afirmou.

Sobre o novo Programa Mais Médicos, do Governo Federal, o secretário disse que não foi consultado sobre a implantação do Programa. “Até eu acho que seria importante esse diálogo porque essa questão do mais médicos difere de Estado para Estado. Então há estados que não tem estrutura médica, e que talvez seja mais necessário que o nosso, que tem uma ampla rede e os municípios bem organizados”, avaliou.

Sobre a dificuldade de manter o médico atendendo no interior do Estado, ele ressaltou que já foi identificado esse gargalo e por isso o governador Ronaldo Caiado pediu para que se criasse um plano de carreira dos servidores da Saúde, com o objetivo de valorizar esses profissionais. “Estamos trabalhando com a Secretaria de Administração na construção de um plano de cargos e de salários para todos os servidores da saúde, isso deve sair até o final do ano, começo do ano que vem”, estimou.

Organizações Sociais
Sobre o aperfeiçoamento do modelo de gestão por meio de organizações sociais, o secretário destacou que hoje a estrutura da pasta está totalmente diferente, com a presença de uma subsecretaria de controle interno, que é um braço da Controladoria Geral do Estado dentro da SES.

“Teve uma operação policial na regulação, nós trouxemos a regulação para uma gestão direta porque esse é um atributo do Estado, a gente não pode delegar isso. E a partir dessa regulação é que nós temos o controle de todos esses casos, e estamos refazendo o pessoal dentro da superintendência de monitoramento, que tinha sido esvaziada, que é quem avalia, fiscaliza e monitora todos os contratos de gestão”, explicou.

Sérgio salientou que a gestão por OS é importante, pois devido a Lei de Licitação, é praticamente impossível manter um hospital abastecido com medicação. “A organização social é uma parceira que facilita esses processos, mas observamos que, muitas vezes, ela terceiriza, quarteriza os contratos para que a corrupção possa acontecer. Na época do Covid-19, nós tivemos um exemplo horrível, que não podia se fazer glosa nos contratos de gestão por determinação do Ministério da Saúde. Então, foi aproveitado aí, junto com a regulação, as OS não encaminhavam os pacientes e os hospitais ficavam vazios, as filas crescendo, e eles recebiam da mesma forma. Então isso é tudo que nós estamos mudando”, relatou o secretário, acrescentando que atualmente, o que não é realizado hoje, não é pago; e nos editais novos, dá-se preferência para quem faz contratações por meio de carteiras assinadas, pois isso diminui o desvio de dinheiro público. 

Atendimentos
Questionado sobre os problemas de atendimento, o secretário explicou que a Saúde Pública é municipalizada, no Brasil, com a maioria dos atendimentos sendo de responsabilidade das unidades geridas pelas prefeituras. 

“A maioria dos atendimentos devem ser feitos nos postos de saúde dos municípios. Os casos graves, os casos emergenciais, aí sim são encaminhados para os hospitais de alta complexidade. O Estado só se ocupa das coisas graves, ele não é responsável pelo atendimento do dia a dia”, explica. 

No entanto, em Goiás, devido a maior eficiência dos hospitais, onde existe o especialista, exames mais complexos, a população acha mais cômodo procurar esses locais. Porém, isso superlota os hospitais que não tem o objetivo de fazer atendimentos de rotina. 

Cirurgias eletivas
Sobre as cirurgias eletivas, o gestor pontuou que pela primeira vez no Estado houve a unificação da fila dos procedimentos cirúrgicos. Com isso, foi possível fazer um mapeamento e identificar que existem atualmente 175 mil pessoas esperando cirurgias eletivas, com um custo estimado em R$ 600 milhões. Destas, 3,5 mil são ortopédicas, com o custo estimado em R$ 90 milhões. O Governo Federal disponibilizou R$ 20 milhões, e o Estado vai financiar mais R$ 20 milhões. 

“O Estado decidiu complementar financeiramente a tabela SUS, para dar celeridade à realização destas cirurgias”, informou o secretário, acrescentando que se estima que em 18 meses é possível zerar a fila, mas é preciso antes buscar soluções para viabilizar financeiramente os procedimentos. 

Vacinação
A baixa cobertura vacinal é uma questão que também foi citada na entrevista. Na visão do médico, a politização da Saúde e a disseminação de notícias falsas estão criando um quadro em que não se escuta mais o cientista e se potencializa um receio de receber as doses da vacina por parte da população. 

“A vacinação contra o Covid mudou o panorama da pandemia, reduzindo a mortalidade e a incidência de casos graves. Mostrou-se muito eficiente. Por isso, é preciso continuar com a vacina em dia, tanto para se proteger da Covid-19 com de outras doenças também", destacou.

Ranking
Sobre o ranking das principais doenças do Estado, o secretário enumerou: diabetes, hipertensão e doenças respiratórias. Para combater esses males, Vencio informou que o Estado tem buscado fazer parcerias, com a Sociedade de Diabetes de Goiás e com o Centro Estadual de Atenção ao Diabético do HGG (Cead), e com a Universidade Federal de Goiás (UFG), para a hipertensão. 

Em relação a doenças respiratórias, foi criado o Programa Respira Goiás. “Vamos substituir as carretas por ônibus, com economia de R$ 80 mil reais por mês, na prevenção de asma, bronquite e tuberculose”, informou. 

Para finalizar, Vencio afirmou que o governador Ronaldo Caiado tem dado todo apoio para combater a corrupção dentro da saúde. “Nós estamos trazendo mais transparência para os editais, uma precificação melhor e um monitoramento desses contratos, garantindo que o dinheiro público seja bem utilizado”, disse. 

Thiago Lagares (texto) e Iron Braz (fotos)/Comunicação Setorial

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