Saúde avança com formação para melhor vigilância da Doença de Chagas em Goiás

Formação em vigilância entomológica de triatomíneos e no software SISVetor no módulo de doença de Chagas compõe um sistema de apoio às atividades de vigilância visando planejamento, execução, monitoramento e controle de vetores no Brasil

Capacitação realizada em São Luís de Montes Belos teve como público-alvo agentes de combate a endemias do município para melhor detecção e tratamento da doença

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), tem atuado para melhorar, cada vez mais, a detecção e tratamento da doença de chagas em território goiano. Uma das principais ações nesse sentido é o IntegraChagas Brasil, projeto financiado pelo Governo Federal, por intermédio do MS e desenvolvido em quatro unidades da federação: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Goiás. Aqui no estado, São Luís de Montes Belos foi escolhido para a execução da pesquisa estratégica, por ser um dos municípios goianos com maior número de notificações de casos crônicos de Chagas.

Por meio da iniciativa, foi realizada, entre os dias 29 e 31de agosto, uma capacitação no módulo de doença de Chagas no software SISVetor, sistema utilizado para sistematizar dados vetoriais, entre eles, os dados relacionados a triatomíneos, transmissor da doença de Chagas. A formação teve como público-alvo os agentes de combate a endemias de São Luís de Montes Belos e foi realizada no auditório da Câmara Municipal do município.

A capacitação ocorreu como complemento após módulo geral realizado por acesso remoto em maio de 2024. Inicialmente, a pesquisadora do Instituto René Rachou da Fiocruz-Minas, Janice Maria Borba de Souza, trouxe um debate geral sobre o controle de triatomíneos no Sistema Único de Saúde (SUS), resgatando conceitos básicos e debatendo o processo de trabalho no município. Na sequência, o processo formativo sobre o módulo específico do SISVetor abordou funcionalidades do sistema, aspectos como cadastramento de imóveis, territórios e atividades de base territorial, envolvendo ainda a utilização do sistema para inserção de dados vetoriais no campo.

A responsável técnica pelo Programa Estadual de Chagas da SES-GO, Liliane da Rocha Siriano, destaca que nesta etapa do IntegraChagas é importante o foco no vetor, já que no Brasil ainda existem muitos barbeiros (triatomíneos), com potencial para a transmissão da Doença de Chagas. “O SISVetor vai permitir a modernização da informação e isso é muito importante na vigilância vetorial dos barbeiros”, destacou. O SISVetor foi criado para substituir o atual sistema e nasceu como uma nova solução para captação, organização e análise de dados vetoriais.

A consultora do Grupo de Trabalho Chagas do Ministério da Saúde, Rafaella Albuquerque e Silva, explica que o objetivo central é “garantir a tomada de decisão baseada nos dados entomológicos obtidos em cada um dos territórios”. Ela traz em perspectiva também que como o software faz parte do processo de caracterização do território, ele se adequa plenamente ao propósito do projeto IntegraChagas Brasil. “[O SISVetor] vai facilitar no sentido da análise dos dados que estão sendo coletados e o direcionamento onde deveriam ser buscados os casos de doença de Chagas”, pontuou.

Rosângela Cabral, coordenadora da Vigilância em Saúde de São Luís de Montes Belos, reconhece a importância do processo formativo para a rotina dos agentes de combates a endemias do município. “Os agentes de endemias possuem papel fundamental no controle da transmissão da doença de Chagas e por isso a importância desse momento de capacitar estes profissionais a terem um olhar mais amplo e novas ferramentas tecnológicas como o SISVETOR, que possibilitem ações de controle e combate a presença dos triatomíneos em nosso município”, ressaltou.

Dados
Considerada silenciosa, a doença de Chagas atinge, ainda hoje, pelo menos 8 milhões de pessoas ao redor do mundo. Ela pode atingir órgãos como o coração, intestino e esôfago e é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como negligenciada, por ter relação com determinantes sociais. Menos de 10% das pessoas infectadas tem acesso ao diagnóstico e menos de 1% tem acesso ao tratamento. Em Goiás, estima-se que entre 200 mil e 300 mil pessoas sejam portadoras da doença na forma crônica.

Dados do boletim “Perfil epidemiológico e sociodemográfico dos casos crônicos de doença de Chagas notificados em Goiás”, mostram que durante os últimos 10 anos, foram notificados 7.802 casos de Chagas na forma crônica no estado de Goiás, com taxa de prevalência média de 10,25 casos a cada 100 mil habitantes. A maior frequência de casos foi verificada em pessoas do sexo feminino (58,7%), de raça/cor parda (32,1%), que residiam em zona urbana (88,8%) e estavam na faixa etária maior ou igual a 70 anos (28,4%). O boletim foi elaborado pela Gerência de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmissíveis da SES-GO, em colaboração com a equipe do IntegraChagas, a partir dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Projeto IntegraChagas Brasil

O IntegraChagas Brasil é um projeto estratégico demandado e financiado pelo Ministério da Saúde (MS) do Brasil, que tem como objetivo ampliar o acesso à detecção e ao tratamento da doença de Chagas crônica na atenção primária à saúde (APS), sob coordenação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Foto: Ana Maria Rodrigues / IntegraChagas Brasil

Riva Kran (texto) / Comunicação Setorial SES/GO – Com informações de Ana Maria Rodrigues – IntegraChagas Brasil

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