Protocolo para atendimento aos transexuais é assinado com o apoio do movimento LGBT
O Dia Nacional de Visibilidade Trans foi marcado pela solenidade de assinatura do protocolo de intenções para o atendimento médico e multiprofissional aos transexuais no Hospital Alberto Rassi – HGG, na manhã desta quinta-feira, dia 28 de janeiro. Mais de cem pessoas, entre profissionais de saúde, autoridades e representantes do movimento LGBT, participaram do evento, que contou com depoimentos emocionantes sobre a necessidade de um atendimento respeitoso dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
A emoção começou com o discurso da servidora do HGG Bianca Lopes, que representou a Organização dos Homens e Mulheres Transexuais do Brasil (Origem). “Este momento é histórico. Reafirmo a importância que as pessoas transexuais e travestis tenham acesso à cidadania e à dignidade, como lhe é direito constituído. Nós, pessoas transexuais, só queremos o direito de coexistirmos plenamente.”
O protocolo de intenções para a implantação de serviços do processo transexualizador no HGG foi assinado pela superintendente de Políticas de Atenção à Saúde, Evanilde Gomides, que representou o secretário de Estado de Saúde, Leonardo Vilela, e pelo diretor técnico do HGG/Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), Rafael Nakamura. Os representantes do movimento LGBT assinaram como testemunhas. Após a solenidade, foi dado início ao workshop sobre o tema para os profissionais de saúde.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), Aldair Novato Silva, ginecologista que atuou no serviço do processo transexualizador no Hospital das Clínicas, declarou seu apoio ao programa que será implantado no HGG. “A cirurgia de mudança de sexo em si é a ponta do iceberg e a base é o atendimento ambulatorial, com a urologia, proctologia, endocrinologista, ginecologia e outras especialidades. Fico muito surpreso ao ver a quantidade de profissionais aqui no HGG que estão envolvidos neste projeto”, discursou ele, que destacou a participação “de peso” do chefe da Endocrinologia, Nelson Rassi, que prestigiou a solenidade.
“Este programa de atendimento levará as pessoas à libertação. Quantas noites mal dormidas, quantos choros calados tivemos?”, disse também emocionado o médico Aldair, que é considerado pelo movimento social o pai do projeto TX em Goiás. O envolvimento dos profissionais no HGG também foi citado pelo assistente social Lion Ferreira, transexual masculino. “Quando cheguei já fui muito bem recebido na entrada. Isso para nós é uma vitória, pois nós temos receios até de como vamos ser atendidos nas unidades de saúde. Um dos nossos principais desafios é ser chamado pelo nome social, aquele que a gente se reconhece.”
O workshop também contou com o depoimento da professora Ester Sales Matos, integrante do Coletivo Acadêmico TransAção, que destacou o atendimento não só para a cirurgia de mudança de sexo, mas de cirurgias específicas como a retirada dos seios e do ovário. O workshop, organizado pela Coordenação de Promoção da Equidade da Spais/SES, foi encerrado com um espaço aberto para a palavra dos presentes. A gerente especial da Diversidade Sexual da Secretaria de Cidadania, Rafaela Damasceno, destacou que o programa pode aliviar um pouco do preconceito que enfrentam e informou números alarmantes. “Em Goiás foram mortos 7 travestis somente neste ano. No Brasil já foram 56 mortes”, revelou.