Primeira paciente transplantada de pâncreas na rede pública de Goiás recebe alta no HGG

​Dona de casa de 40 anos, que convivia com a diabetes desde criança, estava internada desde o dia 23 de maio, quando foi realizado o transplante na unidade do Governo de Goiás

Gabriela Oliveira (vestido florido) em momento que registra seu último no HGG após alta

O Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) deu alta, na quinta-feira (4/6), à primeira paciente submetida a um transplante de pâncreas em uma unidade da rede pública de Saúde do Estado de Goiás. A dona de casa Gabriela Oliveira, de 40 anos, estava internada na unidade desde o dia 23 de maio, quando foi realizado o transplante. Este é o segundo transplante de órgãos ao qual Gabriela foi submetida. Em 2017, a paciente realizou um transplante renal, também no HGG.

Gabriela foi diagnosticada com diabetes aos 10 anos de idade. O médico Marcus Vinícius Chalar, cirurgião do Serviço de Transplantes do HGG, explica que o procedimento foi um sucesso e que, desde que o novo órgão foi implantado, a paciente não sofre mais com as complicações da diabetes. “Desde os primeiros dias de pós-operatório, o órgão funciona perfeitamente. A paciente nunca mais usou insulina, nunca mais teve hipoglicemia. Nós consideramos este primeiro transplante um sucesso”, disse.

A dona de casa permaneceu internada no HGG por 42 dias, um período considerado longo e excepcional para esse tipo de procedimento. Chalar reforça que, normalmente, paciente que recebem um novo pâncreas têm alta em até dez dias. “A Gabriela é um caso incomum. Ela convivia com a diabetes há 30 anos, e isso cobra um alto preço no organismo. Apesar dos órgãos estarem funcionando bem, nos primeiros dias, ela reclamava de muitas dores e nós preferimos mantê-la em observação”, lembrou.

O transplante ao qual a Gabriela foi submetido é indicado para portadores de diabetes tipo 1, que já tiveram o transplante renal, com bom funcionamento atual do rim. Um novo pâncreas é indicado para tratar a doença de forma mais eficaz, e evitar outras complicações da diabetes, como retinopatia, neuropatia e cardiopatias, além de evitar novas complicações renais.

O médico acrescenta ainda que o transplante de pâncreas também pode ser uma alternativa para diabéticos tipo 2. “É possível fazer transplante de pâncreas em pessoas com diabetes tipo 2, quando o pâncreas já não consegue produzir insulina, e há insuficiência renal, mas sem resistência grave à insulina pelo organismo, o que será determinado pelo médico, através de exames”, afirmou.

Gabriela disse estar aliviada por poder voltar pra casa. Para ela, uma nova vida de inicia. “Eu estou muito grata porque eu estou saindo daqui do jeito que eu sempre sonhei. Eu sou muito grata à família que me proporcionou esse momento. Porque só quem passa esse sofrimento todos os dias sabe o quanto é dolorido. Eu tenho diabetes desde os 10 anos de idade. Eu não sei o que é viver sem me preocupar com essa doença e minha preocupação dobrou depois do meu transplante renal. Eu não podia perder um órgão que é tão valioso e que tantas pessoas lutam para conseguir”, afirma Gabriela.

Unidade de Transplantes
O HGG é a única unidade de saúde estadual que realiza transplantes de órgãos. A nova Unidade de Transplantes do hospital foi inaugurada em setembro de 2022. Em abril de 2023, o Ministério da Saúde habilitou o hospital a realizar o transplante de pâncreas.

Com um investimento de aproximadamente R$ 2,8 milhões, as instalações contam com uma estrutura moderna em uma área de 644 m², 32 novos leitos, dos quais 26 para transplantes de rins, fígado, pâncreas e rim-pâncreas, e outros seis para transplante de medula óssea.

Neste mês de julho, o Governo de Goiás e a Secretaria da Saúde celebraram o milésimo transplante de órgãos realizado no Estado. Todos os procedimentos ocorreram no HGG, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Na lista estão 940 transplantes de rim, 56 de fígado, 3 de medula óssea e 1 de pâncreas.

Doação de órgãos
No Brasil, a doação de órgãos e tecidos só é realizada após a autorização familiar. Por isso, a melhor maneira de garantir efetivamente que a vontade do doador seja respeitada é fazer com que a família saiba sobre do desejo do parente falecido. Não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos. Os órgãos doados vão para pacientes que aguardam em lista de espera única, organizada por estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Alex Maia (texto e foto)/Idtech

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