Novo coordenador de Informações em Saúde do Conecta SUS é veterano na SES-GO

O computador e as novidades tecnológicas que emergiam na década de 90 mudaram o sonho e os planos de um garoto que sonhava em fazer educação física e ser jogador de futebol. O desejo de ser jogador – muito comum e sempre presente no imaginário de milhares de pequenos brasileiros – surgiu após, o que ele diz ser, uma das maiores decepções da sua vida: a derrota do Brasil para a Argentina nas oitavas de final da Copa do Mundo de 1990, na Itália. Na época, ele jurou “que seria jogador de futebol, que iria para uma Copa do Mundo e seria campeão com o Brasil em cima da Argentina.”

Mas, como se sabe pela história, depois da Copa de 90, o Brasil foi campeão em 1994, jogando a final contra a Itália e, em 2002, contra a Alemanha. Além disso, não se tem conhecimento de nenhum jogador da seleção brasileira chamado Wisley Velasco.

Esta é uma parte do início da história de Wisley Velasco, o novo coordenador de Informações em Saúde do Centro de Informações e Decisões Estratégicas em Saúde – Conecta SUS Zilda Arns Neumann. Depois de ter ganhado seu primeiro computador em 1997, Wisley se apaixonou pelo mundo da informática e ao concluir o Ensino Médio, no ano seguinte, decidiu fazer faculdade de Análise de Sistemas.

Início da carreira na SES-GO

Sua história na Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) começou no ano 2000, quando ainda era universitário. O estudante recebia o benefício da Bolsa Universitária e deveria prestar serviço no Estado de Goiás como contrapartida. Foi quando um colega de turma, chefe da área de Informática da SES, o convidou para trabalhar na secretaria e ele aceitou. Foi este o seu primeiro contato com a saúde pública.

Quando chegou na SES-GO, Wisley foi atuar na Gerência de Vigilância Epidemiológica. Sua função era administrar os bancos de dados dos sistemas de informação em saúde, como SIM, SINASC e SINAN. Já logo neste início, ele percebeu a dificuldade dos técnicos em trabalhar com as ferramentas tecnológicas, os sistemas fragmentados e em diferentes plataformas computacionais. Após se formar como Analista de Sistemas, em 2001, ele continuou na SES por meio de contrato e, em 2007, foi aprovado em um concurso público do Estado.

Ainda no ano anterior, o governo de Goiás havia firmado uma cooperação técnica com a província de Quebec, do Canadá, para estudar o processo de regionalização da saúde no Estado. Um dos subprojetos da parceria era o Retrato de Saúde de Goiás, tendo como um dos seus produtos a primeira versão do atual Mapa da Saúde, inclusive já usando o mesmo software dos dias de hoje. Wisley ficou responsável por georreferenciar os indicadores produzidos pela equipe e, como parte da missão, foi convidado para ir à Montreal, no Canadá, conhecer e se apropriar da ferramenta Geoclip.

Com as mudanças administrativas ocorridas no órgão em 2009, o técnico recebe um novo convite, esse mais desafiador: o de assumir a gerência de Informação em Saúde da SES. Segundo ele, o principal objetivo era elaborar um projeto de gestão em saúde utilizando o diagnóstico situacional em saúde com os recursos tecnológicos disponíveis. “Nesta época, o levantamento das informações que fazíamos servia como subsídio apenas para a então superintendência de Planejamento da SES”.

Paralelamente ao novo cargo, Wisley se ingressa em curso de pós-graduação em Epidemiologia, na Universidade Federal de Goiás (UFG) e, dentre os mais de 300 alunos (o curso era na modalidade EaD), era o único Analista de Sistemas. A especialização rendeu ao técnico a publicação do seu primeiro artigo científico, na Revista Ciência & Saúde Coletiva.

Em 2011, um novo governo assume e outras mudanças são implantadas no órgão. A gerência de Informação em Saúde se transforma em Assessoria, ligada à Superintendência Executiva. O superintendente à época, Halim Girade, conhece o trabalho da equipe e Wisley continua na área, agora como Assessor de Informação em Saúde, e inicia um novo projeto. O técnico foi o responsável pela redação e organização da primeira Cartilha dos Indicadores de Saúde de Goiás, lançada em outubro de 2011, no IV Encontro de Saúde.

Outros projetos na área de Informação em Saúde que começaram a ser discutidos e rascunhados neste mesmo ano na SES também tiveram a participação e coordenação do assessor, como o Mapa da Saúde – um dos instrumentos de planejamento elencados no decreto 7508 que regulamentou a lei orgânica do SUS (lei 8.080) e Goiás foi pioneiro no lançamento –, o BI Saúde (Business Intelligence em Saúde), amplamente utilizado hoje na SES, e o então plano de construção do Conecta SUS.

“Desde minha época como gerente, e já um epidemiologista, defendia a ideia de que a informação em saúde não tinha a finalidade de, simplesmente, produzir relatórios e calcular indicadores. Como área estratégica, tinha a macro função organizacional de promover a intersetorialidade e a interinstitucionalidade, com cumplicidade e intervenções multiprofissionais, para a verdadeira definição de saúde pública”.

Qualificação profissional

Em 2012, Wisley Velasco deixou Goiânia, e a SES-GO, para residir no Rio de Janeiro e cursar o Mestrado em Informação e Comunicação em Saúde da Fiocruz. A defesa da dissertação “Regionalização em Goiás e o acesso a serviços de média complexidade: um estudo avaliativo do uso da mamografia” foi realizada em fevereiro de 2014.

Decidido a continuar na vida acadêmica, Wisley é aprovado no Doutorado de Engenharia Biomédica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde está desenvolvendo um modelo para mensurar a desigualdade na distribuição dos recursos de saúde no Brasil. O curso ainda está em andamento.

Retorno à SES-GO

Em outubro de 2016, o Analista de Sistemas, epidemiologista e mestre em Informação e Comunicação em Saúde retorna à Saúde de Goiás e passa a integrar a equipe da Coordenação de Informações em Saúde, agora ligada ao Conecta SUS. Além disso, ele ingressa na carreira de professor universitário, na Faculdade de Medicina da Uni-Evangélica. No mês de agosto de 2017, Wisley assumiu a coordenação de Informações em Saúde, após convite do gerente do Conecta SUS, Jean Pierre Pereira.

Após este período de qualificação profissional, Wisley vê com entusiasmo o destaque que a informação em saúde ganhou, e tem orgulho do protagonismo da SES-GO, referência nacional com o Conecta SUS. “Goiás teve um progresso estrondoso e acho que esse avanço rápido foi possível pela vontade política e maturidade dos produtos que os técnicos da SES produzem”, pontua o coordenador. Ele ainda acrescenta que “a informação tornou-se uma prioridade para a gestão da Saúde de Goiás e a qualidade dos dados e análises produzidos auxilia os gestores estadual e municipais a tomarem as decisões corretas, oferecendo, assim, uma saúde melhor para a população”.

O coordenador destaca o case já reconhecido do “Goiás contra o Aedes” e, mais recentemente, uma matéria publicada no jornal O Popular onde, com base no trabalho técnico do Conecta SUS, a SES-GO contestou uma pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) sobre mortes por AVC no SUS. “Com a capacidade que já desenvolvemos e aperfeiçoamento contínuo, conseguimos dar respostas rápidas para os problemas”, avalia.

Como novidade, o coordenador de Informações em Saúde tem um projeto em discussão com a equipe da Coordenação de Business Intelligence (BI) do Conecta SUS, resultado de mais uma especialização que está cursando na UFG, em Ciência de Dados. Wisley explica que eles pretendem estruturar uma área de Ciência de Dados na SES-GO, com vistas a desencadear processos analíticos a partir dos dados que a Saúde produz.

Para entender na prática como isso funciona ele detalha com um exemplo sobre mortalidade infantil. “Vários aspectos podem influenciar no indicador da mortalidade infantil, como rede de saúde da cidade, vacinação, etc. Por meio das técnicas propostas pela Ciência de Dados conseguimos extrair os aspectos mais relevantes que podem estar influenciando o indicador e, assim, atacar o problema. A Ciência de Dados permitirá extrair conhecimento dos dados, explorando melhor as informações com as técnicas da estatística e da computação e, por consequência, produzindo análises úteis para o gestor”, finaliza Wisley Velasco.

Governo na palma da mão

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