No Fevereiro Roxo, HGG promove conscientização sobre doenças autoimunes 

Com equipe especializada de reumatologistas, unidade do Governo de Goiás é referência no tratamento do lúpus e explica sobre a doença e suas variantes

Diagnóstico do lúpus inclui avaliação das articulações, e tratamento deve ser feito por reumatologista

A campanha Fevereiro Roxo é uma forma de relembrar a sociedade sobre a importância e atenção aos cuidados de doenças inflamatórias e autoimunes, como fibromialgia, mal de Alzheimer e lúpus, enfermidade para a qual o Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) é referência no tratamento, e conta com uma equipe especializada de sete médicos reumatologistas. 

Devido à pandemia do novo coronavírus os atendimentos tiveram uma baixa significativa, mas em 2021 foram realizados na unidade do Governo de Goiás aproximadamente 20 novos diagnósticos dessa doença inflamatória, crônica, que não tem cura e acomete pessoas de qualquer raça e sexo, embora seja mais comum em mulheres entre 20 e 45 anos. 

Alguns sintomas da doença podem surgir de forma lenta e progressiva, manifestando-se por meio de febre, emagrecimento, fraqueza e perda de apetite. Há ainda sintomas mais específicos, que estão relacionados a manchas na pele, queda de cabelo expressiva, dores nas juntas e articulações, problemas como hipertensão e nos rins, ocasionados por outras variantes da própria doença.

A doença se manifesta em vários locais do corpo, como a pele, em 80% dos casos, com manchas vermelhas na maçã do rosto e próximas ao nariz. Elas são conhecidas como “asa de borboleta”, pois o formato da lesão lembra a forma do inseto. Já nas partes articulares, a enfermidade apresenta dor com ou sem inchaço nas juntas e articulações, afetando mãos, punhos, joelhos e pés, tendo uma incidência em 90% dos casos.

Já a inflamação nos rins acomete 50% das pessoas com a doença, e é considerada uma as mais graves variantes. Seus sintomas estão relacionados à pressão alta, inchaço nas pernas e urina espumosa e diminuição da mesma. Se a doença não tratada da forma correta, o órgão pode ser comprometido.  O diagnóstico é realizado por meio de exames clínicos, além de análises de sangue e urina, solicitados de forma complementar.

De acordo com a reumatologista do HGG Nicolle Diniz, ainda não se sabe ao certo o que causa o lúpus, mas existem fatores genéticos, hormonais e ambientais que contribuem para o desencadeamento e evolução da doença. Nicolle ressalta que a enfermidade é decorrente de um conjunto de fatores. 

“Para ter Lúpus, você precisa ter uma predisposição genética. Existem outros gatilhos que ativam a doença, como a exposição solar ou alguma infecção. Então, se o paciente é acometido por alguma infecção dentária, por exemplo, isso pode acionar a doença. Além disso, fatores emocionais também são considerados. A perda de um ente querido pode estimular o surgimento do Lúpus, mas não significa que a pessoa terá a doença. É importante ficar atendo aos sintomas e sinais”, orienta.

Nicolle destaca que o tratamento do lúpus deve ser realizado apenas por médicos reumatologistas. “Essa doença é muito especifica. Não deve ser tratada por nenhum especialista que não seja o reumatologista. Não é só fazer o uso de uma pomada, por exemplo, que o lúpus vai melhorar. A doença é autoimune, precisamos manter um tratamento para não deixar a inflamação ficar exuberante”, reforçou.

O tratamento é realizado de forma individualizada, pois cada tipo da doença requer atenção e condutas diferentes. Entre os tratamentos estão o uso de algumas medicações para controle de sintomas, o hábito de uma alimentação saudável e até mesmo a indicação do uso regular de protetores solares, devido às lesões na pele.

Segundo o Ministério da Saúde, o lúpus é uma das doenças mais graves entre as mais de 80 doenças autoimunes existentes. Dessa forma, recomenda-se que, ao surgirem os primeiros sintomas, procure atendimento médico especializado imediatamente.

Superação
A paciente Alessandra Bandeira Bezerra, 36 anos, está internada HGG desde o dia 26 de janeiro, após uma recaída da doença. Ela tem o diagnóstico de lúpus desde os 16 anos de idade. Seu primeiro sintoma foi uma mancha avermelhada acima da sobrancelha e na bochecha. Foi somente após duas consultas médicas que Alessandra teve o diagnóstico confirmado, e durante os últimos 20 anos evoluiu para o lúpus renal, que acomete os rins.

A variante é considerada grave e, segundo Nicolle, não é uma aparição rara. “A doença ocorre como uma inflamação nos rins, porque o lúpus é uma doença que produz anticorpo contra as proteínas do próprio corpo, o que acaba deteriorando o órgão. Assim, o paciente começa a perder proteínas na urina, ficando com inchaços no corpo e o rim começa a parar de funcionar”, explica. 

“Esse é um dos piores tipos de lúpus. Evolui, para perda de função renal, com chances de realização de hemodiálise, e quando chega nesse estado, o paciente tem aproximadamente cinco anos de sobrevida”, alerta, ainda, ao ressaltar que  o tratamento para o lúpus no HGG tem um diferencial. 

“O paciente do nosso hospital não fica internado para fazer a medicação, o que é uma prática em outras unidades de saúde. Ele vem para sua consulta mensal, faz o uso da medicação e retorna para casa. Isso é ótimo para o paciente, pois ele fica com a imunidade muito baixa após receber a medicação”, destacou.

Sobre Alessandra, Nicolle conta que ela está sendo bem assistida pela equipe de profissionais do HGG, recebendo o melhor tratamento para combater a doença. Depois de um bate-papo com a médica, a paciente, muito emocionada, afirma que em sua trajetória teve momentos muito difíceis, mas que, apesar da oscilação da doença, ela consegue ter vida normal.

Suzana Meira (texto e foto)/Idtech

 

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