II Fórum de Mobilidade Urbana reúne especialistas nacionais em Goiânia
O auditório Lago Azul do Centro de Convenções de Goiânia foi palco, nesta sexta-feira, de um debate sobre mobilidade e trânsito, que envolveu uma ampla plateia formada por técnicos, estudantes, autoridades e estudiosos sobre o tema. O Fórum faz parte da programação de eventos proposta em Goiás pela Semana Nacional de Trânsito.
Estiveram presentes no encontro, que tem continuidade neste sábado, o presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran), Manoel Xavier Ferreira Filho, o magnífico reitor da universidade Estadual de Goiás, professor Haroldo Reimer, e a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde de Goiás, Maria Cecília Brito.
Na pauta de abertura, comandada pelo antropólogo Roberto DaMatta, ouviu-se com a experiência de um dos mais renomados estudiosos do comportamento do brasileiro, o arcabouço que nos leva a compreender o porquê de termos no Brasil um trânsito tão violento e inseguro. Na avaliação do especialista, que é doutor pela Universidade de Harvard, é preciso que autoridades em trânsito e gestores públicos compreendam que a solução para atenuar conflitos na via pública passa, necessariamente, pela oferta de serviços públicos de transporte de qualidade (ônibus, metrôs, por exemplo), para que se traga mais segurança ao cidadão brasileiro e diminua o número de veículos individuais nas vias.
Damatta colocou, ainda, a falta da compreensão do brasileiro com o pedestre, que, pela sua característica, deveria ser o ente mais respeitado da via, citando, inclusive, exemplos de outros países cuja população concede ao pedestre a segurança e a prioridade nas vias públicas.
Damatta foi enfático ao afirmar que nos cursos de formação de condutores, por exemplo, os alunos deveriam ter o que chamou de um “ritual de passagem” para adquirir a CNH. Ritual esse que consistiria, assim como ocorre em outros países – onde os índices de colisões são bem menores – em assistir cenas reais de acidentes. “O candidato a condutor precisa compreender que a carteira de motorista é um documento de extrema responsabilidade. Porque da forma como se conduz o veículo ele é um meio de transporte e uma arma também”, disse.
A superintendente Maria Cecília Brito apresentou dados estatísticos sobre mortes no trânsito e demonstrou preocupação sobre os rumos das políticas públicas para frear dados tão trágicos. “Quando cai um avião no mundo, todos demonstram grande comoção pelo acidente que interrompeu a vida de tantas pessoas. Mas poucos sabem que no Brasil, a cada dois dias, morrem no trânsito o equivalente a dois aviões lotados de passageiros”, explicou.
Ao fim do debate, a mesa composta pelo magnífico reitor da UEG, Haroldo Reimer e Damatta enriqueceu o debate, quando os dois estudiosos pontuaram questões sobre a realidade brasileira e o comportamento no trânsito. Os professores também responderam, juntos, perguntas de alunos e fizeram considerações finais sobre o tema.