Hospital de Campanha para Enfrentamento ao Coronavírus começa a receber pacientes com a Covid-19
Goiás poderá contar com cerca de 1100 leitos em todo o Estado para atendimento de pacientes. Só o HCamp possui capacidade para 222 leitos
O governador Ronaldo Caiado e o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, anunciaram na manhã desta quinta-feira (26/03) a abertura do Hospital de Campanha para enfrentamento ao coronavírus (HCamp). A unidade, com capacidade para 222 leitos, já está pronta para receber pacientes com a Covid-19, que serão encaminhados pela Central de Regulação do Estado. O governador ainda ressaltou que Goiás poderá chegar a 1100 leitos exclusivos para tratamento de pacientes com o coronavírus. “Estamos preparando mais outras unidades que o Estado pode lançar mão nesse momento, na cidade de Luziânia, Itumbiara, além do Hospital das Clínicas de Jataí. Também daremos o apoio na estruturação no Hospital de Porangatu, que é municipal”, afirmou.
Além dos leitos no interior, a Maternidade Oeste, em parceria com a Prefeitura de Goiânia, será integralmente dedicada ao tratamento do Covid-19, com 180 leitos. “Teremos a capacidade de chegarmos a cerca de 1.100 leitos, incluindo os 300 leitos do Hospital das Clínicas, que é Federal, mas foi colocado à disposição do Estado”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino.
No HCamp são 70 leitos para pacientes críticos e 140 em estado semi-crítico. O secretário de Saúde explica que o atendimento segue um protocolo respeitando fluxo unidirecional e durante o período de internação os pacientes não terão contato com nenhum de seus familiares. “O hospital foi todo equipado. Temos camas automatizadas, monitores, capacidade de fazer a leitura beira-leito da tomografia do paciente, de realizar ultrassonografia, ecocardiograma, radiografia. Um tomógrafo em pleno funcionamento já está disponível”, destacou Alexandrino.
Apesar de o Estado estar se preparando para atender de forma adequada os pacientes infectados com a Covid-19, o governador Ronaldo Caiado reforçou o pedido para que os goianos respeitem o período de quarentena. “A região do Entorno é a mais preocupante nesse momento. Não temos ali estrutura hospitalar. Por isso, nós pedimos: evitem viajar para essa região. Fiquem em casa”, afirmou.
Hospital de Campanha
Localizado no Parque Acalanto, em Goiânia, a unidade dispõe, neste primeiro momento, de 406 profissionais preparados e treinados, sendo 89 médicos, para receber os primeiros pacientes com casos suspeitos do novo coronavírus em Goiás. Sob gestão da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO e da Organização Social (OS), a diretoria do Hospital definiu metodologias e fluxos de atendimento para que os pacientes esperem o menor tempo possível até que sejam diagnosticados.
A unidade receberá pacientes de duas formas: ou pela emergência, que chegam de ambulância, em estados mais críticos, ou pelo sistema de regulação, após terem passado pelas unidades básicas de saúde do município. Nesse segundo caso, as pessoas entrarão pela porta principal do Hospital de Campanha e farão um cadastro. Em seguida, serão encaminhadas para a triagem, onde serão atendidas inicialmente pela equipe de enfermagem, que coletará informações e sinais vitais como a temperatura, a taxa de oxigênio no sangue (a saturação do paciente).
Com as informações preliminares, a equipe médica já consegue iniciar a consulta, em algum dos 16 postos de atendimento separados para a triagem, de forma mais rápida. Feita a anamnese, que é a coleta de todas as informações sobre sintomas dos pacientes, o médico decidirá qual será o encaminhamento. Se for um caso simples, com sintomas mais leves e que não exija internação, o paciente receberá alta e fará o tratamento e a quarentena em casa. A expectativa é que esse atendimento seja feito entre 15 e 18 minutos, para evitar que pessoas com nível menor de infecção fiquem na unidade de saúde, mas que possam retornar logo para suas casas.
Caso o paciente necessite da realização de exames de imagem e de laboratório para a conclusão do diagnóstico, isso será feito dentro da própria unidade de saúde. Realizados os exames, que demoram em torno de duas horas para ficar prontos, o paciente aguardará na sala de decisão, onde a equipe médica definirá a melhor conduta para essa pessoa, se receberá alta, por não estar infectada com a Covid-19, ou se será internada. Conforme o diretor-geral do Hospital, o médico infectologista Guillermo Sócrates, a expectativa é que 80% dos pacientes sejam considerados de baixa complexidade.
“Esses pacientes serão destinados para casa. São pessoas que vieram aqui, passaram pelo primeiro atendimento, viu-se que o critério de gravidade era baixo e vão embora. Agora, o percentual de 15 a 20% que pode necessitar de algum recurso, quer seja de diagnóstico ou de terapia, passam pelo processo de exames, aguarda na Sala de Decisão, e sobe para a internação ou pode receber alta”, explica Guillermo. O diretor-geral ressalta que o fluxo de atendimento foi organizado para que o diagnóstico seja feito rapidamente. “Acreditamos que o tempo de passagem [do paciente] entre a porta de entrada até a decisão seja de duas horas e meia, que esse paciente tenha pelo menos uma decisão sobre o que deve ser feito. Agora, os pacientes do pronto-socorro esperamos que o tempo de atendimento não dure mais que 15 e 18 minutos.”
Estrutura
Neste primeiro momento, o Hospital de Campanha terá disponível 16 pontos de atendimento, também chamados de consultórios; 70 leitos de pacientes críticas; e 140 para pacientes em estado semi-crítico. Ao todo, o Hospital tem capacidade física de oferecer até 222 leitos à população, mas essa utilização será gradual, conforme a chegada de mais pacientes, assim como a contratação de mais funcionários para atendimento.
A unidade funcionará 24h por dia e terá suporte das seguintes especialidades: infectologia, radiologia, cardiologia, pneumologia, cirurgia torácica, medicina intensiva, nefrologia, fonoaudiologia, psicologia, assistência social, e nutrição. O Hospital de Campanha conta com setor de imagens, com dois equipamentos de tomografia, raio-X, dois aparelhos de ultrassonografia e ecocardiograma, além de laboratório de análises clínicas. Cada equipamento ou sala utilizada será devidamente higienizada antes que outro paciente faça uso, conforme os protocolos de esterilização para minimizar ainda mais todo e qualquer risco que possa existir no Hospital para a saúde dos profissionais e dos pacientes.
Os pacientes internados serão encaminhados para alas com cores diferentes, ou amarela ou vermelha. A área amarela é intermediária, para pacientes em estado grave, enquanto a área vermelha é destinada para os pacientes em estado crítico e gravíssimo. Ambas são locais em que as pessoas ficam aguardando um leito de internação na enfermaria ou na UTI para a realização do tratamento.
Ainda haverá a possibilidade de utilização de quatro salas modulares, que já se encontram no terreno do Hospital. Elas poderão auxiliar a gestão da unidade de saúde de diversas formas, segundo Guillermo Sócrates, como locais para a realização da telemedicina e videoconferência entre familiares de pacientes e a equipe que está dentro do Hospital.
“Apesar de não indicarmos que os familiares fiquem aqui na porta do Hospital para receber as informações dos seus familiares, isso é uma coisa que deve acontecer. Então, será um local para acolher esses familiares e fazer também uma videoconferência com a equipe interna do Hospital”, destaca Guillermo. Caso seja necessário, as salas, que são grandes e têm ar-condicionado, também poderão servir como local de triagem e orientação aos pacientes.
Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás
Fotos: Iron Braz/SES-GO