Histórias de vida e superação marcam ‘live’ sobre doação de órgãos

Debate apresenta relatos de filha de doador e mulher transplantada, cujos procedimentos foram realizados na rede estadual, que só em setembro beneficiou 19 pessoas com órgãos e tecidos

Captação de órgãos em unidade do Governo de Goiás: seis doações viabilizadas apenas em setembro

Para celebrar o Dia Nacional da Doação de Órgãos, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) promoveu, por meio da gerência de Transplantes, a ‘live’ Há Vida após o Sim. O ponto alto do encontro virtual foi a participação emocionada de Alda de Moraes Alves, transplantada renal e Itana Calos Dura, representando a família que doou os órgãos do pai. 

A ‘live’ faz parte da campanha Setembro Verde, mês em que são promovidas atividades, eventos e ações para esclarecer as pessoas sobre a importância da doação para salvar vidas e de manifestar esse desejo aos familiares. “Manter as doações de órgãos e transplantes durante a pandemia foi um desafio para as centrais estaduais", explica a gerente de Transplantes da SES-GO, Katiuscia Freitas. 

No Brasil, durante o primeiro semestre, houve queda de 13% no número de doadores de órgãos. Goiás, ao contrário, registrou aumento de 36% no número de doadores de órgãos e tecidos e de 12% de transplantes realizados no primeiro semestre de 2021, se comparado ao mesmo período do ano passado. 

O segundo semestre tem como destaque o mês de setembro. Desde o dia 9, unidades do Governo de Goiás viabilizaram a efetivação de seis doações – envolvendo 4 fígados, 2 corações, 12 rins e 8 córneas. Dessas, quatro doações foram realizadas na última semana, beneficiando 19 pessoas de Goiás, Distrito Federal, Pernambuco e São Paulo. No momento, aguarda-se o desfecho de uma captação em andamento no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), para fechar a semana com cinco doações. 

Vida
Os números frios trazem histórias de dor e superação, de esperança e fé na vida. Itana sofreu com a doença do pai, internado com um AVC no Hospital Estadual de Urgência Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e com a difícil decisão de doar os órgãos dele. “Hoje estou em paz. Sei que a atitude da minha família salvou outra pessoa”, diz Itana. 

Para ela, o acolhimento feito pela equipe de captação de órgãos da Gerência de Transplantes foi fundamental. “Eles nos receberam em um momento de dor, foram sensíveis e cuidadosos ao repassar as informações sobre o ato de doar. Sempre rezo para a enfermeira que ficou ao meu lado. Ela foi o meu anjo da guarda”, diz Itana. E deixa um recado:  “converse com a sua família. Não tenha medo de falar sobre doação de órgãos. A morte pode representar a esperança de outra vida e o momento de dor pode se tornar em superação.”

Ela também deixou um aviso para Alda de Moraes Alves: “Você agora tem duas datas de nascimento.” Em 1º de novembro, completa um ano que Alda, transplantada renal, fez a cirurgia para receber um rim doado, realizada no Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG). Nesse dia, ela encerrou um período de sofrimento, pois soube que estava com a doença renal no início da pandemia e passou a sobreviver mediante sessões de hemodiálise. 

“Fiquei muito fraca, precisando de ajuda para tudo, sem esperança. Hoje celebro a vida, posso fazer planos com o meu filho, sei que tenho futuro”, conta a moradora de Anápolis que voltou a ser uma pessoa ativa.
 
A coordenadora das Organizações de Procura de Órgãos (OPO), Nathália Carolyne Correia Mendonça, falou sobre a importância de disseminar informação sobre doação e recepção de órgãos. “Esse é o nosso papel, com palestras e principalmente contato com pacientes e familiares nas unidades de saúde. Para receber um órgão, a pessoa deve se cadastrar, fazer os exames e entrar na fila para o transplante. Muitos não sabem ou acham que é um processo longo e burocrático.” Alda esperou seis meses.

Setembro Verde 
A cor verde da campanha Setembro Verde é adotada para representar a saúde, a esperança e a liberdade, assim como agradecer o altruísmo e amor ao próximo demonstrados pelo doador. “A negativa familiar é ainda o principal motivo para a não doação. Muitos declinam do processo de doação, por crenças em informações desencontradas ou mesmo pela falta de informação adequada”, destaca Katiuscia. 

Em Goiás, 57% das famílias recusam a doação de órgãos. O principal objetivo da campanha é esclarecer e incentivar a população a manifestar a seus familiares a intenção de ser um doador, ato que pode salvar até dez vidas e que é regulamentado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Katiuscia informou que atualmente cerca de 46 mil pessoas aguardam na fila por um transplante no Brasil. Em Goiás, são 1,2 mil pessoas aguardando por um órgão ou tecido. No Estado, a fila de espera é composta por 161 pacientes aguardando rins; 8, fígado; e 1.031, córneas. 

Sistema estadual
A Gerência de Transplantes coordena todo o Sistema Estadual de Transplantes e atua no processo de notificação de morte encefálica, doação de órgãos e transplantes. Conta hoje com 115 profissionais capacitados e envolvidos diretamente nesse processo.

Na estrutura, há ainda três OPOs, unidades responsáveis por acompanhar os processos de diagnóstico de morte encefálica e doação de órgãos, de forma regionalizada, no âmbito estadual. Elas estão localizadas no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol)), no Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) e no Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Heana).

“O SUS é o maior sistema de transplante de órgãos e tecidos do mundo. A captação do órgão do pai de Itana ocorreu no Hugol. O transplante de rim da Alda aconteceu no HGG”, informa Katiuscia Freitas.

Maria Vitória/Comunicação Setorial

Fotos: banco de imagem e reprodução Facebook

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