HGG reforça alerta sobre riscos causados pelo fumo e a covid-19
Às vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, pneumologista da unidade do Governo de Goiás explica que cigarro é fator de gravidade no combate à doença
O Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de conscientizar a população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao consumo de tabaco. Em 2020, o tema é "Tabagismo e risco potencial para a covid-19" com o foco voltado para os jovens e alerta sobre os agravantes do tabagismo frente ao novo coronavírus.
De acordo com Marcelo Rabahi, coordenador Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG, unidade do Governo de Goiás, o risco de adoecimento pela covid-19 para os fumantes é maior do que para o restante da população. "A fumaça do cigarro inibe a função dos cílios, que são pequenas vassourinhas que funcionam como a limpeza do nosso sistema respiratório, diminuindo, assim, parte da defesa do organismo", explica o médico pneumologista.
Rabahi ressalta que o cigarro atua como um fator de gravidade no combate ao coronavírus. "Existem alguns estudos, mesmo antes da covid-19, em relação à interferência que o cigarro provoca na resposta celular, e essa resposta está relacionada à capacidade de defesa aos vírus. Dessa forma, entende-se que o fato de fumar diminui a resposta do organismo em combater os vírus, inclusive o coronavírus."
Outras consequências
Além de aumentar o risco de adoecimento pela covid-19, o tabagismo também desencadeia outras consequências no organismo do fumante. Rabahi comenta que o cigarro causa lesões no aparelho respiratório por ação direta da fumaça nas células, e essas células vão produzindo secreção. Essa produção excessiva vai obstruindo os brônquios, além de destruir algumas enzimas reparadoras.
"A soma dessas duas coisas dá a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, que estão entre as principais causas de doenças relacionadas ao cigarro. Também existe uma alteração nos vasos e, com isso, desenvolve o processo de aterosclerose, muito relacionado às doenças cardiovasculares, como hipertensão, coronariopatia, outras doenças como AVC", comenta.
Segundo o médico, o cigarro altera cronicamente as células, com a transformação do seu material, inclusive o material genético dentro delas. Rabahi explica que elas começam a ter um crescimento desordenado e muitas delas podem, nesse crescimento desordenado, desenvolver e estimular o crescimento de células tumorais e cancerígenas.
Narguilé e cigarro eletrônico
Mas não é só o cigarro convencional que é nocivo à saúde. O narguilé e o cigarro eletrônico causam diversos males. Marcelo Rabahi explica que a ideia de que o narguilé é um fumo recreativo e que o cigarro eletrônico não faz mal é um grande engano.
"As pessoas que usam o narguilé estão inalando uma grande carga de fumaça e, junto, vai um monte de partículas que são nocivas ao pulmão, causando bronquite crônica, enfisema e câncer. Já o cigarro eletrônico causa uma queimadura interna nas células do pulmão e isso vai lesando o órgão progressivamente", comenta o médico.
Como o momento atual fez com que a população mudasse diversos hábitos, Rabahi enfatiza que, para o fumante, talvez esse seja um período oportuno para deixar de fumar. "Estamos num momento de ansiedade. Se o fumante aumentar o consumo de tabaco, vai criar a falsa percepção de que, no início, ele pode abrandar os episódios de ansiedade. Entretanto, o cigarro causa ainda mais dependência e, cada vez mais, os fumantes precisam de mais cigarro para atingir aquele falso controle da ansiedade", aconselha.
Flávia Rocha/Idtech