HGG desponta na área de pesquisa científica

Hospital Ensino certificado pelos Ministérios da Educação e da Saúde, a unidade conta com um Comitê de Ética em Pesquisa atuante e pesquisadores de referência internacional

O funcionamento do corpo humano é um eterno mistério. Todos os dias a ciência apresenta novidades em relação ao que pode danificar ou salvar a vida. Nesta relação, os pesquisadores são responsáveis por processar todo o conhecimento da medicina para a longevidade. Em Goiás, o Hospital Alberto Rassi (HGG) tem sido palco para estudos científicos importantes que visam descobrir novas técnicas e medicamentos para o tratamento de doenças como diabetes, obesidade, xeroderma pigmentoso e várias outras.

Com um Comitê de Ética em Pesquisa atuante, o Hospital Alberto Rassi avaliou, somente no ano de 2015, quase 40 pesquisas científicas que estão em desenvolvimento no próprio hospital ou em outras instituições de saúde. Entre as mais frequentes estão as relacionadas à especialidade de endocrinologia, cujo Centro de Pesquisa Clínicas é coordenado pelo médico Nelson Rassi, doutor pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Referência quando a pauta é diabetes, Nelson Rassi explica que o Centro de Pesquisas Clínicas no HGG começou timidamente em 2005, com a participação de apenas dois investigadores e uma enfermeira da Seção de Endocrinologia. “Com o sucesso do trabalho, fomos convidados a participar de outras pesquisas de maior vulto”, explica o médico e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG). A doença mais pesquisada dentro do Hospital é o diabetes, principalmente em relação aos medicamentos destinados ao controle da glicose sanguínea.

“Todos os novos medicamentos antidiabéticos lançados no mercado farmacêutico, na última década, foram estudados pelo Centro de Pesquisas do HGG e estes estudos foram publicados em revistas internacionais de literatura médica, colocando o nosso nome nesta frente importante de inovações terapêuticas”, revela Nelson Rassi. O pesquisador cita como exemplo o medicamento “lixisenatide”.

Atualmente está em curso no Centro de Pesquisas um estudo sobre o uso injetável da insulina. “A insulina é um medicamento altamente eficaz no tratamento do diabetes, mas. por ser injetável, criou-se tabus para a sua prescrição, prejudicando o tratamento e adiando o bom controle. Esta pesquisa procura identificar quais as barreiras e criar estratégias para vencê-las”, explica. Recentemente os pesquisadores entraram para a área de medicamentos direcionados à nefropatia diabética (alteração nos vasos sanguíneos dos rins) com a colaboração das Seções de Nefrologia e de Cardiologia do HGG.

Balões no tratamento da obesidade

Referência no tratamento de pessoas com obesidade mórbida, o Hospital Alberto Rassi (HGG) iniciou em 2015, por meio da Seção de Gastroenterologia, uma pesquisa sobre o uso de balões intragástricos como estratégia auxiliar do tratamento cirúrgico. O médico gastroenterologista e coordenador da Comissão de Residência Médica da unidade, Américo Silvério, está à frente dos estudos, que devem ser concluídos ainda em 2016.

A pesquisa tem como objetivo verificar os efeitos do uso do balão instragástrico em pacientes obesos mórbidos que serão submetidos à cirurgia bariátrica (popularmente conhecida como redução de estômago). Dois grupos estão sendo estudados, o primeiro fez a retirada dos balões em junho de 2014 e o outro em janeiro de 2016.

“Fizemos a análise do primeiro grupo e o que vimos preliminarmente é que os pacientes que colocaram o balão e fizeram a cirurgia tiveram menos complicações pós-operatória”, explica o médico. A redução do tempo de internação também é vista como benefício do procedimento em obesos mórbidos.

Os pesquisadores, entre eles médicos gastroenterologistas, residentes e profissionais do Programa de Controle e Cirurgia da Obesidade (PCCO), pretendem finalizar o estudo após a realização das cirurgias bariátricas do segundo grupo. “Talvez esta pesquisa mude a rotina de tratamento de pessoas super obesas na medida em que os balões possam melhorar o resultado cirúrgico destes pacientes, que são de maior risco”, prevê.

Xeroderma Pigmentoso: referência mundial

O Hospital Alberto Rassi (HGG) é o único centro de referência mundial do tratamento de Xeroderma Pigmentoso, doença rara de pele cuja maior prevalência do mundo está em Goiás, mais precisamente no município de Faina. A dermatologista e pesquisadora Sulamita Costa está desenvolvendo um estudo sobre a formulação tópica de fotolíase, agente quimiopreventivo, com ação reparadora do DNA lesado.

O Xeroderma Pigmentoso é uma doença hereditária, fruto de uma mutação genética que gera hipersensibilidade a luz, deixando os pacientes até mil vezes mais suscetíveis ao câncer de pele do que as demais pessoas. O HGG acompanha cerca de 300 pessoas, entre assintomáticos e com manifestação clínica. Inicialmente os pacientes são atendidos no Ambulatório de Dermatologia, que nos últimos anos recebeu investimento em equipamentos e novas tecnologias.

Histórico

De acordo com o diretor clínico do HGG, Antonio Carlos Ximenes, o desenvolvimento de pesquisas no hospital teve início em 1975, quando começaram as atividades de ensino, com a implantação da residência médica. Ximenes, juntamente com os médicos Nelson Rassi, Carlos Alberto Gusmão, Maurício Viggiano, Ageu Clóvis Castro Rocha e a enfermeira Daniele Ferreira Dutra, foram os principais precursores desta área na unidade.

Entretanto, somente após a reabertura do HGG (que ficou fechado entre os anos de 1991 e 1998), no ano 2000, que o Comitê de Ética e Pesquisa foi oficialmente implantado e registrado junto à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)/Ministério da Saúde. “O HGG é referência no Centro-Oeste quando se fala em hospital com o tripé assistência, ensino e pesquisa”, descreve Antônio Ximenes.

“Atualmente todos os congressos científicos contam com trabalhos de pesquisas do HGG”, declara. Ximenes, que é doutor em Reumatologia e profere palestras em diversos países, cita como exemplo de destaque nacional um dos trabalhos da sua especialidade. “Fomos responsáveis pelo Registro Brasileiro de Espondiloartrites, que gerou 12 trabalhos científicos publicados em revistas científicas internacionais como a Journal of Rheumatology, Annals of the Rheumatic Diseases”. De acordo com o médico, o número de pacientes estudados no HGG só foi superado pela Universidade de São Paulo e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Incentivo

De acordo com o diretor de Ensino e Pesquisa do HGG, Marcelo Rabahi, o desenvolvimento científico do Hospital tem sido uma das prioridades durante a gestão compartilhada com o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech). “Nossa missão é se tornar um centro de excelência em ensino e pesquisa. Buscamos incentivar a produção científica também entre os residentes, oportunizando a divulgação dos trabalhos acadêmicos”, conta.

O pesquisador e endocrinologista Nelson Rassi afirma que a diretoria do HGG tem dado todo o apoio logístico para a realização de pesquisa. “Entretanto temos problemas ainda com espaço físico e burocracia imposta pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conepe), pois a política chamada protetora entrava a chegada de pesquisas internacionais e consequentemente de novos medicamentos”, desabafa.

Governo na palma da mão

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