Governo de Goiás alerta sobre a hanseníase: doença pode causar incapacidades físicas e deformidades

Estado de Goiás é o 8º em números de casos. Diagnóstico precoce e tratamento adequado são as melhores maneiras de evitar formas graves da doença

Paciente do Ceap-Sol durante tratamento de hanseníase, com lesões características da doença e amputação de parte dos membros

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES), alerta a população sobre a hanseníase, doença infectocontagiosa, que apresenta manifestações principalmente dermatológicas e neurológicas, com potencial de levar a incapacidades físicas permanentes. O Brasil é o segundo país com maior número de casos. Goiás é o 8º estado em registros, sendo que quase 8% destes diagnósticos já contam com incapacidades físicas visíveis.

Entre 2019 e 2022, foram contabilizados 4.141 casos de hanseníase em Goiás. Só nos primeiros seis meses deste ano, já são 470 novos registros. Os municípios com maiores concentrações da doença são: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Senador Canedo, Jussara e Nova Crixás. “A letalidade não é o dado de maior importância na vigilância da hanseníase. Poucos pacientes morrem pela doença. Porém, ela é altamente incapacitante”, explica a Coordenadora Estadual das Doenças Negligenciadas da Gerência de Vigilância Epidemiológica da SES, Eunice Salles.

Durante a pandemia da COVID-19 houve uma redução de 35% no diagnóstico da doença no estado."Devido ao isolamento a população não se deslocava para procurar atendimento médico e a prioridade do serviço de saúde foi voltado para o controle do coronavírus, isso dificultou o acesso. A redução não foi porque a doença diminuiu. Inclusive, vamos voltar a diagnosticar casos mais avançados por falta de diagnóstico precoce por conta da pandemia", afirma a médica dermatologista Ana Lúcia Maroccolo da Coordenação de Doenças Negligenciadas da Gerência de Vigilância Epidemiológica. 

A doença

A hanseníase evolui de forma lenta, mas possui cura. De acordo com a médica, a doença é ocasionada por um tipo de bactéria chamado bacilo de hansen. A transmissão acontece por meio das vias respiratórias de uma pessoa já contaminada que ainda não iniciou o tratamento para outras pessoas suscetíveis geneticamente a contrair a doença e que estejam em contato direto com a pessoa infectada, que moram dentro do mesmo ambiente, são as mais subjetivas a adoecer. A bactéria da hanseníase tem preferência por pele e pelos nervos periféricos. Os sintomas vão desde dormências, acometimento dos nervos, aparecimento de lesões com manchas brancas ou avermelhadas, até a perda da sensibilidade ao calor e frio, dor e tato, caroços espalhados pelo corpo (estes nem sempre com perdas de sensibilidade). 

O diagnóstico da hanseníase é basicamente clínico. Geralmente, são observados os sinais e sintomas detectados no exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. Em alguns casos, pode ser necessário solicitar exames complementares para confirmação diagnóstica. A hanseníase não tem vacina específica, a BCG é utilizada nos contatos intradomiciliares que foram descartados a doença.

O tratamento

O tratamento consiste na aplicação de um conjunto de antibióticos, que são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um caso recente no estado é o do aposentado Elvis Oliveira Gonçalves, de 57 anos, que está internado no Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (Ceap-Sol), unidade da Secretaria de Saúde. O paciente, que inicialmente não fez o tratamento de forma adequada, com as medicações prescritas, acabou tendo uma evolução da doença, quando as lesões múltiplas ulceradas características da hanseníase evoluem para necrose. O quadro incluiu ainda a contração de infecções secundárias, que levaram à amputações de parte da mão. “Hoje me encontro no Ceap, não sinto dores e estou fazendo o tratamento de forma adequada, tendo uma melhor qualidade de vida”, ressalta Elvis.

Ações da SES

A SES-GO por meio da Coordenação Estadual das Doenças Negligenciadas coordena o programa de hanseníase, dentre as ações, o monitoramento direto e indireto em que acompanha o comportamento epidemiológico da doença e a efetividade dos resultados dos serviços realizados nos municípios para adoção de medidas de prevenção e controle da doença, realiza 
treinamentos/capacitações, assessorias às Secretarias municipais de Saúde (SMSs), no desenvolvimento das condutas, criação e divulgação de documentos norteadores das diretrizes terapêuticas, dentre outras. 

No dia 29 de agosto deste ano, será realizado o Seminário de Hanseníase do Estado de Goiás 2023, com o slogan Detectar para Eliminar. O evento, que irá ocorrer de 9h às 16h, em Goiânia, irá abordar diversos temas, entre eles, políticas públicas de enfrentamento à doença, cenário epidemiológico no estado de Goiás, estratégias de enfrentamento, diagnóstico e tratamento. O seminário terá como público-alvo profissionais de saúde do estado e dos 246 municípios goianos, com realização da SES-GO e apoio da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG). 

Texto: Lara Eduarda (estagiária da Comunicação Setorial da SES-GO) 
Foto: Aline Santos

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