Governo de Goiás alerta para riscos da obesidade infantil e dá dicas de prevenção

Doenças como diabetes, hipertensão, antes percebidas como enfermidades prevalentes na terceira idade, podem ser consequências da má alimentação e sedentarismo entre crianças

SES aponta erro alimentar como uma das causas da obesidade infantil em Goiás, que registrou 34,1 mil crianças nessa condição em 2022

A Secretaria de Estado da Saúde (SES/GO) monitora e atua no combate a obesidade infantil no estado e alerta pais e responsáveis para a situação. De 2018 a 2021, o número de crianças (0 a 10 anos) com excesso de peso no estado aumentou 6,05%. Já em relação a obesidade, o aumento no mesmo período foi de 16,21%, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Em 2022, a prevalência de crianças obesas em Goiás era de 10,21%, que em números absolutos representa 34.167 crianças obesas. Na comparação com 2021, houve uma sensível redução, pois a prevalência foi de 11,65%, mas os números ainda preocupam especialistas. 

André Rosetti, que é pediatra e Diretor Técnico do Hospital da Criança e do Adolescente (Hecad), explica que o diagnóstico de obesidade infantil em crianças é diferente de como é feito em adultos. “A obesidade infantil é a condição em que a criança se encontra acima do seu peso em relação a sua altura e idade, verificando se o peso está adequado ou não para aquela fase de desenvolvimento.” O médico ainda ressalta que “às vezes os pais pensam que a criança está apenas com sobrepeso, mas que, na verdade, ela já está obesa”, explica o médico.

O alerta serve também para adolescentes. De 2018 a 2021, o excesso de peso neste público aumentou 3,87%. Já a obesidade cresceu 28,5% no mesmo período. Em 2022, a prevalência de adolescentes obesos foi de 13,31%, o que representa, em números absolutos, 24.747 adolescentes obesos. Na comparação com 2021, há também uma sensível redução, pois a prevalência de adolescentes obesos foi de 14,2%. Apesar disso, os números ainda não retornaram aos patamares anteriores à pandemia. Pra se ter uma ideia, a prevalência em 2018 foi de 10,01%. Em 2012, esse número era 6,42%.

Segundo a nutricionista Liana Lima Vieira, da Coordenação Estadual de Alimentação e Nutrição (Cean) da Superintendência de Vigilância em Saúde da SES/GO, existe uma tendência de aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade com o aumento da idade, inclusive em crianças e principalmente em adolescentes como observado por meio dos dados do Sisvan, alerta Liana.

Principais causas

Para o pediatra André Rosetti, as principais causas da obesidade infantil são o erro alimentar, com alimentos ricos em açúcares, ultraprocessados e baixa aceitação de legumes, vegetais de modo geral e também o uso excessivo de telas, como celulares, tablets e televisões, que podem causar o sedentarismo. O médico ainda alerta para as doenças emocionais. “As crianças sedentárias tendem a ser mais ansiosas, depressivas e às vezes têm sintomas semelhantes de déficit de atenção com hiperatividade.”

Crianças obesas podem ter predisposição a desenvolver na vida adulta diabetes precoce, colesterol e hipertensão, necessitando de uso precoce de medicamentos. “O principal tratamento para a obesidade infantil é o acompanhamento com o pediatra de rotina, intervindo na alimentação não só da criança, mas da família, pois é muito comum encontrar muitos erros alimentares no lar de uma criança obesa. Também é preciso incluir atividades físicas no seu cotidiano”, explica o médico. 

Paciente do Hospital da Criança e do Adolescente, a pequena Valentyna Nauany dos Santos Araújo, de 3 anos, apresentou problemas de saúde relacionados à obesidade infantil, o que resultou em uma quadro alta de pressão arterial, pré-diabetes, colesterol alto e problemas nos rins. "Hoje a Valentyna está fazendo acompanhamento com a nutricionista, fazendo tratamento no Hecad para os problemas desenvolvidos e ela também é uma criança muito ansiosa", afirma a mãe Nayara Ribeiro.

Ações da SES

A SES/GO desenvolve programas para o combate e prevenção da obesidade infantil. Um deles é o programa Saúde na Escola (PSE), projeto interministerial do Ministério da Saúde, com 13 ações, sendo uma delas a alimentação saudável e prevenção a obesidade, que teve como tema prioritário no ano passado, a obesidade. O programa é desenvolvido em todos os municípios de Goiás, com a implantação de hortas e oferta de alimentos saudáveis nas escolas.

De acordo com a subcoordenadora de Programas e Projetos da Coordenação Estadual de Promoção da Saúde da SES/GO, Rosane Santos, outras iniciativas são desenvolvidas, como o programa Estratégia Nacional de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (Proteja) que funciona em 24 municípios goianos, com recursos federais. Já os programas Academia da Saúde e Incentivo a Atividade Física nas Unidades Básicas de Saúde (IAF) trabalham com grupos infantis.

Segundo a nutricionista, Laísa Dalafini (Cean), a coordenação também é responsável pela implementação do Programa 7- Ampliação do Proteja, que faz parte do Projeto de Cofinanciamento das ações de vigilância em Saúde do Estado de Goiás. Com a ampliação, o Governo de Goiás promove a expansão do Proteja para mais 19 municípios no estado. "Este programa visa incentivar os municípios selecionados a executarem ações em todos os espaços frequentados pelas crianças e suas famílias com vistas à prevenção e atenção à obesidade infantil e contribuição para a oferta de ações de saúde para crianças e adolescentes com excesso de peso", destaca.

Aliado a essas ações específicas voltadas para a prevenção e o enfrentamento da obesidade infantil, a SES trabalha na reformulação do Plano Estadual de Enfrentamento de Doenças e Agravos não Transmissíveis (2023-2033). O plano atua na prevenção, promoção da saúde e no controle das doenças como as cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas, com ações voltadas para a vigilância. Ele prevê o monitoramento para prevenção e cuidado da obesidade, sedentarismo e uso excessivo de bebidas alcoólicas, que são fatores de risco para agravos não transmissíveis. As ações voltadas para o controle da obesidade vão desde a organização nas unidades de saúde, regulação de alimentos, comunicação com a população para aquisição de hábitos saudáveis até ações na infância. O plano está alinhado com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Foto: SES/GO
Secretaria de Estado da Saúde – Governo de Goiás

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