Em um mês de atividades, Credeq já atende com capacidade máxima
Nessa primeira etapa, são atendidos, por equipe multiprofissional, homens, com idade entre 26 e 51 anos
O Centro de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq) Jamil Issy, em Aparecida de Goiânia, inaugurado há um mês, já preencheu toda capacidade permitida de pacientes, nessa primeira etapa de abertura. A unidade está com 25 pacientes homens, entre 26 e 51 anos, em internação nas unidades terapêuticas residenciais (UTR), acompanhados pela equipe multiprofissional. Estão previstas novas internações, nessa semana.
O Credeq conta com uma equipe de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, profissional de educação física e musicoterapeuta. O tratamento na unidade vai além dos cuidados médicos e de enfermagem. Toda equipe multiprofissional faz um trabalho terapêutico, visando atender as necessidades particulares de cada pessoa. Além de abordar as necessidades individuais, são desenvolvidas atividades de “treinamento de habilidades”, “prevenção de recaída”, atividades para a reabilitação, estimulação cognitiva e autoconhecimento, atividades de reinserção social, atendimentos familiares e atividades esportivas (caminhadas, corridas, futebol, jogos de tabuleiro, natação, entre outras).
O paciente S.S., de 30 anos, que não quer ser identificado, é da região Leste Universitário de Goiânia e chegou ao Credeq, há quase duas semanas, debilitado pelo vício em álcool e outras drogas. “Eu cheguei aqui por meio do CAPS. Estava magro, havia passado noites sem dormir, bebendo e consumindo droga. Quando tomei a decisão de vir para internação, queria ser ajudado. Felizmente estou sendo tratado muito bem, por excelentes profissionais e me sinto melhor a cada dia”, relata.
Este é o primeiro tratamento de dependência química de S.S. O paciente abriu mão de seus pertences e de sua residência alugada, em busca de recuperação. O convívio com os outros colegas de internação tem ajudado nessa evolução do tratamento, já que o ambiente propicia a união e o companheirismo. “Quando a pessoa está no mundo das drogas, esquece até de si mesma, que tem outras pessoas que querem o bem dela e se sente em um mundo obscuro. Aqui, estou reaprendendo a viver, como se estivesse nascendo de novo. Esse ambiente faz com que eu não tenha vontade de usar mais drogas”, diz.
Quando finalizar o tratamento, S.S. já sabe o que quer fazer. “Pretendo recomeçar, arrumar um emprego e realizar todos os objetivos que tinha, antes das drogas”, afirma.
Para o psicólogo e supervisor multiprofissional do Credeq, Marcus Klein, embora os pacientes tenham demonstrado satisfação com a unidade, o momento é de manter a excelência. “Antes da inauguração do Credeq, planejamos a atuação de nossos serviços e neste primeiro mês isso aconteceu de maneira positiva. Agora é o momento de avaliações e o que precisamos melhorar no plano terapêutico aos pacientes, aumentar a qualidade das atividades e organizar mais as ações internas”, pontua o supervisor.
Próxima etapa
Em outubro deste ano, deverá ser liberada mais uma Unidade Terapêutica Residencial (UTR) do Credeq, com 12 vagas, e um ambulatório adulto. Esse ambulatório atenderá pacientes que não necessitam de internação, e sim de acompanhamento e consulta com psicólogos, psiquiatras, clínico geral, assistente social e terapeuta ocupacional. Esta nova ala do Credeq terá capacidade para realizar 1.050 consultas por mês.
Pioneiro no país, o Credeq visa o atendimento gratuito às vítimas do consumo de álcool, do crack e de outras drogas. Ao todo, a unidade oferecerá 96 vagas para pacientes graves e de maior complexidade, com possibilidade de internação, de até 90 dias, e retorno para mais tempo conforme avaliação médica. O público-alvo será de crianças, com até 12 anos incompletos, adolescentes e adultos. Todos serão admitidos na unidade, voluntariamente.
Os critérios de inclusão para internação na unidade são o encaminhamento por equipes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de todo o Estado (e por Unidades Básicas de Saúde, onde não existem CAPS), comprometimento biopsicossocial do paciente e avaliação feita por uma equipe multiprofissional do Credeq.