Curso de cuidados pediátricos termina com aula sobre violência contra a criança
Durante a solenidade de encerramento do Curso de Cuidados Pediátricos para Profissionais médicos que atuam na Rede de Atenção Primária à Saúde/Estratégia de Saúde da Família, realizada nesta sexta-feira (20 de maio), no Conselho Regional de Medicina, o secretário de Estado da Saúde, Leonardo Vilela, prometeu oferecer o treinamento para médicos de todos os municípios de Goiás. Como o resultado foi positivo já está sendo estudada a possibilidade de ampliar o mesmo modelo de qualificação para outras áreas como a de ginecologia e clínica médica, por exemplo. Leonardo Vilela disse que deposita muitas esperanças de que, a partir da conclusão do curso, os resultados possam ser sentidos na prática. “É um passo importante para melhorar a assistência à comunidade, que é o nosso objetivo maior”, concluiu.
Para a superintendente de Educação em Saúde e Trabalho para SUS, Irani Ribeiro, a qualificação dos trabalhadores da saúde, principalmente os da atenção primária, é fundamental para os gestores públicos. Para ela, estes treinamentos ajudam na eficácia de toda a rede já que as unidades de atendimento dos casos de alta e média complexidade também podem prestar os atendimentos com mais eficiência. Ainda durante a solenidade, que reuniu alunos e professores, a superintendente questionou os clínicos sobre o conteúdo do curso já que, segundo ela, esse tipo de ação só vai valer a pena se o atendimento significar melhoria na vida das crianças e suas famílias.
Segundo a maioria dos alunos o conteúdo apresentado deve ajudar bastante no dia a dia com os pacientes. Para o médico Carlos Magno, que atende no posto de saúde do Jardim Guanabara, em Goiânia, valeu muito a pena participar do curso. “Sei que a partir de agora terei mais segurança em manusear uma criança”, disse. O clínico Caio César Di Elias, de Senador Canedo, agradeceu a oportunidade e cumprimentou aos professores classificados por ele como muito capacitados. Como no posto em que trabalha não tem pediatra, Caio César afirmou que o conhecimento adquirido será de grande importância.
Aula Magna
A última aula do curso de cuidados pediátricos foi sobre “Violência Contra a Criança” e aconteceu antes do encerramento. Ministrada pela pediatra, especialista em medicina do adolescente e em impactos da violência na saúde, Marce Divina de Paula, a apresentação mostrou como identificar e notificar os casos dentro do consultório. Ela alertou que, além da violência física gerada principalmente por castigos onde são encontradas fraturas, queimaduras e edemas graves, a violência sexual é a mais comum.
Segundo dados apresentados na aula, 90% dos casos de violência infantojuvenil é sexual, a maioria sem deixar marcas. Marce explicou que é necessária muita atenção aos sinais de comportamento como regressões de etapas de desenvolvimento. Situações que podem levar a transtornos comportamentais para toda a vida. Segundo os levantamentos, 80% dos casos confirmados são identificados como violência intra-familiar, provocada pelos pais ou pessoas próximas da família. Desses, 90% dos autores são do sexo masculino e 80% das vítimas é do sexo feminino.
Para a especialista, a principal causa deste quadro é a hegemonia masculina ao longo da história da humanidade. Ela acredita que os avanços alcançados até agora são lentos e pequenos. Os maiores aconteceram na área da assistência através de portarias e protocolos do Ministério da Saúde. Um dos exemplos é a assistência integral à mulher vítima de estupro. Para a médica, a sociedade ainda precisa evoluir muito no que tange à conscientização, principalmente entre as pessoas do gênero masculino.