CRER fará pesquisa sobre microcefalia

“São muitas as respostas que precisamos ter para sair da fase de palpites para a evidência científica”, disse o pesquisador Heitor Rosa, um dos maiores nomes da medicina goiana ao apresentar o projeto de pesquisa sobre microcefalia e zika. Ligado ao Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), unidade de referência da rede própria da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), ele vai liderar a partir de maio, uma pesquisa voltada para o estudo da microcefalia e das causa relacionadas, dentre elas a possível relação com o zika vírus.

O projeto do estudo foi apresentado pelo superintendente executivo da Agir, Sérgio Daher, que administra o CRER, e pelo gastroenterologista e hepatologista, Heitor Rosa, na sede da SES-GO, nesta segunda-feira, 22 de fevereiro ao Colegiado da pasta, liderado pelo Secretário da Saúde Leonardo Vilela. A pesquisa buscará alternativas para a reabilitação de bebês com este tipo de malformação e será coordenada por Heitor Rosa, que é também pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG).

“Serão 12 pesquisadores com diferentes linhas de estudo no CRER, cada um deles com uma parte da investigação”, explicou Heitor Rosa. A pesquisa vai procurar respostas, como por exemplo, qual o melhor tratamento para bebês com microcefalia, se há diferenças anatômicas ou clínicas entre a microcefalia por zika e aquelas que têm outras origens e se existem diferenças na evolução clínica dos pacientes.

De acordo com o cientista, várias são as perguntas ainda sem respostas definitivas. “Tratamento e pesquisa serão realizados em paralelo e o nosso objetivo é exatamente descobrir métodos eficazes para a reabilitação das crianças com microcefalia.”

Lacuna preenchida

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Leonardo Vilela, o estudo preencherá uma lacuna dentro do rol de ações que vem sendo desenvolvidas em Goiás desde o mês de novembro. “Já estamos desde o ano passado focados no combate ao vetor, o mosquito Aedes aegypti, e ainda na busca por oferecer aos pacientes o melhor tratamento possível. A pesquisa era algo que faltava. E é uma satisfação que, em Goiás, um hospital público de referência nacional abrigue um projeto dessa importância para a saúde pública, já que a reabilitação em microcefalia é o que mais preocupa neste cenário das doenças transmitidas pelo Aedes.”

De acordo com o superintendente executivo da Agir, Sérgio Daher, na quarta-feira, 24/02, deve ser realizada uma reunião na unidade de saúde para tratar de detalhes do projeto com a equipe de pesquisadores.

Tratamento

Heitor Rosa ressaltou que, a partir da pesquisa, novas opções de tratamento poderão ser desenvolvidas. “Já existem processos tradicionais como os de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Neurologia. Mas nunca tivemos essa quantidade de bebês com microcefalia. E possivelmente, ao estudar mais essa malformação, novas técnicas de tratamento podem ser incorporadas.”

O médico destacou também que por ser uma unidade de referência para atendimento a bebês com microcefalia, o CRER tem condições para a construção da base de dados necessária para os estudos. “Uma vez admitida no CRER, a criança não precisa sair da unidade de saúde porque lá ela tem tudo para seu diagnóstico e tratamento. E essa base de dados não é algo que pode ser construído do dia para noite, mas precisamos dela para a avaliação de resultados.”

A pesquisa deve estabelecer protocolos precisos de acompanhamento, coletar e ordenar dados, desenvolver um programa específico em Radiologia e formar uma soroteca dos pacientes, que consiste no armazenamento de amostras para investigação. “Este não é um estudo regional ou de Goiás. O que queremos é contribuir com o país na busca de soluções para o problema”, afirmou Heitor Rosa.

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