Chocolate é saudável, mas pede moderação na Páscoa

Nessa época do ano há um aumento do consumo da guloseima e Saúde orienta que é preciso cuidados na hora de escolher os produtos

A época de páscoa é sempre recheada de chocolates. O universitário Vitor Carneiro Zocolli, de 18 anos, ‘chocólatra’ assumido, aguarda esta época do ano com ansiedade e esperança de ganhar vários ovos. Ele até pesquisou na internet os preços dos produtos para dar subsídio aos tios, pais e amigos que vão presenteá-lo com a guloseima. E avisa que gosta de ovos grandes, acima do tamanho 10.

Vitor espera ganhar de cinco a seis ovos na Páscoa. Reconhece que algumas vezes exagera no consumo: “é inevitável”, diz, em tom brincalhão. A nutricionista Marlice Marques, da Coordenação de Doenças e Agravos não Transmissíveis da Secretaria do Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) explica que o cacau, principal base do chocolate, é um alimento muito saudável e tem vários benefícios. “Porém, ovos de chocolates podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e obesidade, devido ao excesso de açúcar e gordura. Também podem causar problemas gastrointestinais, se consumido em excesso”, adverte a especialista. Quem procura opções mais saudáveis deve optar por chocolates com baixo teor de açúcar e alto teor de cacau (acima de 70%).

Para quem ganhou uma grande quantidade de chocolate, compartilhar é um modo simples de redobrar esse prazer e evitar que se coma uma grande quantidade. É o que pretende fazer a servidora pública Priscila Jardim. Como os produtos estão com os preços salgados, ela não comprará ovos este ano e tampouco pedirá como presentes. Para saciar a vontade, tem esperança de que os avós e os tios presenteiem Antônio, o seu filho de 2 anos. “Ele gosta, mas ainda não pode comer muito chocolate. Darei pequenas quantidades e vou aproveitar o que sobrar para saciar o meu desejo”, diz a mãe cuidadosa.

A técnica da SES-GO faz uma advertência para casos como esse: o doce não está liberado para menores de 1 ano e, na verdade, deve ser oferecido às crianças só após os 3 anos. A melhor opção é dar preferência ao chocolate meio amargo, por ter um índice de gordura menor, praticamente não ter açúcar e contar com bastante cacau. E alerta que castanhas e especiarias, que são acrescentados com frequência ao chocolate, são alimentos mais alergênicos e podem causar crises em algumas crianças.

Quem exagerou no chocolate deve aumentar o consumo de frutas, verduras, legumes e água, pois auxiliam na hidratação e reposição de sais minerais perdidos. Marlice dá um último conselho: quem tem diabetes não precisa restringir-se ao chocolate diet. Para consumir o chocolate normal, é preciso apenas ter o controle da quantidade de carboidratos diária permitida. Além de calcular a ingestão de carboidratos, a pessoa com diabetes pode procurar amenizar os efeitos do chocolate sobre a glicemia consumindo o produto após a refeição, como sobremesa. A presença de outros nutrientes, inclusive das fibras, faz com que a absorção não seja tão imediata e não eleve tão bruscamente a glicemia.

CHOCOLATE PARA TODOS OS GOSTOS

O cacau tem antioxidantes que ajudam a prevenir o colesterol ruim e a reduzir o risco de doenças cardiovasculares. O ideal é dar preferência aos chocolates que têm mais cacau.

Chocolate amargo (51% – 75% de cacau) é o mais rico em antioxidantes,  porque tem mais massa de cacau e menos manteiga de cacau. Como o próprio nome diz, é amargo ao paladar, pois tem reduzido teor de açúcar.

Chocolate meio amargo (35% – 50% cacau) tem composição bem diversificada e o sabor amargo é suavizado pela presença do açúcar. No entanto, é uma opção muito boa para aqueles que não apreciam o sabor forte do amargo.

Chocolate ao leite (10% – 25% cacau) inclui cacau sólido, manteiga de cacau, mais de 12% de leite e açúcar. A massa de cacau é substituída em parte por leite em pó, resultando em um gosto mais adocicado.

Chocolate branco – Tem como componentes principais: leite, manteiga de cacau e açúcar. E, muitas vezes, a manteiga de cacau é quase totalmente substituída por gordura vegetal hidrogenada (a de pior qualidade biológica). Sendo assim, não traz benefícios relevantes para a saúde e deve ser consumido com bastante moderação.

Chocolate diet – é assim chamado por não conter açúcar em sua composição. Porém, continua apresentando um açúcar naturalmente encontrado no cacau (frutose) e normalmente apresenta uma quantidade elevada de gordura (adicionada pela indústria para melhora do sabor).

Alfarroba – é utilizada como substituto do cacau, em alternativa para intolerantes a lactose ou celíacos. Apesar de o seu sabor ser similar ao do chocolate amargo, trata-se de uma vagem que, após torrada e moída, resulta em uma farinha e pode ser utilizada em produtos que se assemelham ao cacau.

DE OLHO NO RÓTULO

Na hora de comprar, um ato importante é ler o que está escrito na embalagem, conferindo a data de validade e a composição do produto. Para saborear sem problemas, confira estas dicas da nutricionista Marlice Marques:

1 – Teor de cacau: quanto mais, melhor! Para quem gosta de chocolate mais doce, uma dica é ir adaptando o paladar aos poucos,  para acostumar a comer os chocolates mais amargos;

2 – Teor de açúcar: o ideal é buscar opções sem açúcar ou adoçados com açúcar de coco ou adoçantes naturais, como stevia ou xylitol;

3 – Tipo de gordura: esse é o item mais importante. Fique longe dos produtos que contenham gordura hidrogenada em sua composição, uma vez que esse tipo está muito relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares;

4 –  Verificar o prazo de validade dos produtos e sua procedência;

5 – Pesquisar bem e pensar primeiro no seu bolso e, dependendo do valor, tenha em mente que oval, redondo ou em barra, chocolate é chocolate;

6 – A embalagem de ovos ou da barra de chocolate deve estar em boas condições de armazenamento, longe de produtos de limpeza, de odor forte e de qualquer fonte de calor;

7 – Verificar se há sinais de violação do conteúdo. Evite produtos amassados ou com furos na embalagem;

8 – Os rótulos devem trazer, além da identificação do fabricante, a data de validade, peso e composição, já que determinadas doenças impedem aos seus portadores a ingestão de açúcar ou glúten, por exemplo;

9 – Quando houver inclusão de brinquedos, que tanto chamam a atenção dos pequenos, o consumidor deve observar se a embalagem traz, em local de fácil visualização, o selo de certificação do Inmetro, que garante que o brinquedo está dentro das normas estabelecidas por lei e adequado à idade da criança.

Maria Vitória, da Comunicação Setorial

 

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