Capacitação destaca força da informação contra acidentes com animais peçonhentos

Nos dois dias da qualificação promovida pela SES e MS, especialistas ressaltam que o 08006464350 do Ciatox-GO deve ser consultado por profissionais de saúde e a população 

Fabrício Pereira: “distribuição (de soros) é feita de maneira equitativa aos municípios polos”

Facilitar e aprimorar o atendimento de acidentes por animais peçonhentos na rede pública, em especial nos municípios que fazem aplicação do soro contra acidentes por animais peçonhentos é o principal objetivo da capacitação que se encerra no fim da tarde desta quinta-feira (12/5), na Superintendência da Escola de Saúde de Goiás (SESG). E a principal mensagem dos especialistas na qualificação é: divulguem o 0800 do Ciatox, informem profissionais de saúde e a população sobre sua importância. Isso pode ser a diferença entre vida e morte.  

“O 08006464350 é um serviço especializado 24 horas, prestado por profissionais médicos que podem tanto auxiliar a população comum – diante de uma intoxicação, um envenenamento, um acidente por animal peçonhento – quanto o profissional que está lá na ponta e enfrente qualquer dificuldade que esteja tendo nesse atendimento”, afirmou a médica veterinária Veruska Castilho, do Ciatox/Cori/Suvisa, na quarta-feira (11/5), primeiro dia do evento promovido pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, por meio do Ciatox, em parceria com o Ministério da Saúde. 

Pelo 08006464350, o médico do Ciatox faz o suporte a distância para o profissional que está atendendo fisicamente”, acrescenta o diretor do Centro Estadual de Orientação em Saúde (Cori) e do Ciatox, Fabrício Pereira Montes, ao lembrar que a unidade é referência estadual e nacional de notificações de acidentes com animais peçonhentos. “Após um acidente, pode ocorrer de o profissional da unidade de saúde não ter o conhecimento específico pra saber qual soro aplicar para salvar a vida da pessoa em busca de socorro”, exemplifica.

E nesse momento, a aplicação do soro é a solução. “(O soro) evita os efeitos deletérios, maléficos que o veneno pode causar no organismo. Quanto menos esses efeitos puderem agir, maior é o benefício para o paciente”, acrescenta Veruska Castilho, que falou no evento sobre os aspectos epidemiológicos e o panorama dos acidentes com animais peçonhentos em Goiás. E é também o Ciatox que distribui os soros antiveneno enviados pelo Ministério da Saúde em Goiás. “Essa distribuição é feita de maneira equitativa aos municípios polos”, continua Fabrício Pereira.

Primeiros cuidados
Para o infectologista Francisco Oscar de Siqueira França, um dos principais palestrantes do evento, o soro é de fundamental importância nos casos de acidentes. “É importante que toda pessoa acidentada procure uma unidade básica de saúde, evitando resolver sozinha o problema”, alerta. E os primeiros cuidados são fundamentais. “O principal é não fazer nada errado, como não cortar o local, não fazer torniquete, não colocar nada no local (como pó de café, açúcar, etc. Isso só pode piorar), mas apenas lavar com água e sabão e aplicar um antisséptico”, aconselha. 

Ainda de acordo com o médico, que é assessor do Ministério da Saúde desde 1986, embora haja um grande conhecimento popular, o mais seguro é buscar a atenção médica, para prescrever o soro. “Há mais de 100 anos, já temos soro para tratar, gratuitamente, pelo SUS, um patrimônio dos brasileiros”, lembrou, orgulhoso. 

Ele também destacou a importância de informar o telefone do Ciatox. “Funciona e dá informação até para outros Estados. O tratamento é inteiramente gratuito”, repete dr. Francisco, que que atuou por mais de 26 anos no Instituto Butantã, onde foi diretor do Hospital Vital Brazil, conhecido mundialmente em termos de pesquisas na área.

Adesão dos profissionais
Outro ponto importante observado durante a capacitação, foi a participação dos profissionais. “Sabemos da dificuldade pós-pandemia e, agora que estamos voltando aos eventos presenciais, (o evento) foi muito bom,  porque colocamos uma capacidade máxima e lotou”, comemorou Fabrício Pereira, feliz com adesão dos profissionais de saúde à qualificação. Confirmação, segundo ele, da consciência dos profissionais de saúde sobre a importância da constante capacitação para a prestação do melhor serviço à população. 

Essa consciência foi o que levou a participar da qualificação a enfermeira e coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica de Niquelândia, Ludimyla Caetano. “(A capacitação é) de grande importância, pois há vários acidentes com animais peçonhentos na região, que é região do Lago de Serra da Mesa”, explica. Ela enumera que, só na semana passada, foram registrados seis acidentes com escorpião no município. Felizmente, nenhum grave, graças à aplicação do soro.

E mesmo quem passa as informações a esses profissionais buscou a qualificação. É o caso de Rogério de Paula,  ginecologista obstetra e toxicologista com atuação há três anos no Ciatox. “Há necessidade continua de aperfeiçoamento, e os profissionais não podem ficar atrás”, aconselha. Segundo o médico, ocorrem constantes mudanças no atendimento, medicamentos, antídotos e condutas terapêuticas. “Inclusive atualizações com pessoas de outros centros, para você ter essa troca, visto que fazemos atendimentos com pacientes de todo o Brasil”, frisa. 

Goiás primeiro
O ineditismo do evento e as carências apresentadas sobre o tema apresentado aos profissionais da área foram também sublinhados por Veruska Castilho. “Há um déficit desse tipo de conhecimento, e houve algumas mudanças nos protocolos recentes, por isso, estamos promovendo essa atualização, para um atendimento adequado, de prontidão, para o uso racional desses soros, que estão em escassez há alguns anos em todo o País”, explica.

Por outro lado, ela comemora o fato de Goiás ser primeiro Estado nesse ciclo de treinamentos do Ministério da Saúde, em parceria com o Governo de Goiás e os municípios, fundamentais, segundo a médica veterinária, por enviar ao curso seus servidores profissionais da área.

A capacitação contou ainda com a participação de Flávio Dourado Santos, do Grupo Técnico de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde, pasta que, segundo Flávio,  se coloca sempre à disposição para a busca da qualificação para a prestação do melhor atendimento dos brasileiros também nos casos de acidentes com animais peçonhentos.

Em sua apresentação, Flávio abordou diversos pontos do assunto, iniciando com um resgate histórico sobre os pesquisadores que atuaram e atuam no desenvolvimento de medicamentos e terapias, apresentou dados sobre o assunto e falou também sobre os programas oferecidos pelo MS nesse campo. 

Para quem não pode participara presencialmente da capacitação, as apresentações foram transmitidas ao vivo, por meio do Youtube, e estão disponíveis no endereço https://youtu.be/YAHtUI0rtho

Leia também sobre o primeiro dia da capacitação do Ciatox: SES atualiza profissionais do SUS para tratar acidentes por animais peçonhentos

José Carlos Araújo (texto) e Karim Alexandre (foto)/Comunicação Setorial
 

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