Atenção a sinais e atendimento especializado podem salvar vidas

Hoje, 10 de setembro, é lembrado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio

Depressão, ansiedade, violência na família, dependência química e isolamento social. Estes tipos de problemas e comportamentos, muitas vezes avaliados como corriqueiros por amigos e familiares das pessoas que os apresentam, podem preceder uma tragédia familiar. Estudos indicam que eles são os principais sinais apresentados por pessoas que atentam contra a própria vida ou cometem o suicídio.

Mais que um drama vivido pela família, as tentativas e consumação do suicídio representam um problema de saúde pública que desafia profissionais e gestores da área. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que, anualmente, mais de 800 mil pessoas morrem em decorrência do suicídio. O óbito autoprovocado,  conforme o levantamento, corresponde a 1,4% das mortes em todo o mundo. Além disso, representa a 15ª causa de morte na população geral e a segunda principal causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos.

O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde destaca que “o suicídio é um fenômeno comum em todo o mundo, com impacto significativo na saúde e na qualidade de vida de familiares e demais pessoas envolvidas pelo processo”.  A gravidade da questão levou a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio a instituir o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. No Brasil, as ações relativas ao problema são desenvolvidas durante todo o mês, por meio da campanha Setembro Amarelo.

Atenção aos sinais 

Essa campanha, inaugurada em 2015, em Brasília, é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria. A psicóloga Paula dos Santos Pereira, uma das componentes da área técnica da subcoordenação de Atenção às Pessoas em Situação de Violência da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), ressalta a importância de os familiares e amigos das pessoas que apresentam os sinais característicos de suicídio levá-las urgentemente ao atendimento especializado. Segundo ela, a atenção a esses sinais e o encaminhamento da pessoa à assistência médica podem salvar vidas.

“É muito importante observar os casos em que a pessoa apresenta tristeza profunda de forma constante, isolamento social, falta de vontade de viver, se comenta que não vê mais sentido na vida”, enfatiza Paula Pereira. O atendimento na área de saúde mental é ofertado pelo município, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Nos municípios em que não há Caps, o atendimento e o encaminhamento ao serviço especializado são feitos por outras unidades de saúde.

Assim como ocorre no Brasil e no Mundo, em Goiás há um avanço dos casos de suicídio. Registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e da Coordenação de Vigilância de Violência e Acidentes (Viva) da SES-GO revelam que em 2015 ocorreram 435 casos de suicídio no Estado. Em 2016, o quantitativo passou para 481 e, em 2017, para 489. No ano passado, foram registrados 470 ocorrências. As notificações também mostram que o maior número de suicídio ocorre nas pessoas do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 29 anos.

Mutilação e autodestruição

Paula Pereira destaca que um dos principais sinais que indicam a possibilidade de suicídio apresentado pelo jovem, e que deve ser levado em consideração pelos pais ou responsáveis, é o envolvimento intenso da pessoa em grupos formados nas redes sociais que incitam a mutilação e a autodestruição. Pessoas que apresentam esse tipo de comportamento, acentua a psicóloga, precisam de apoio especializado.

A população jovem é a mais atingida pelo suicídio, o que acarreta impactos sociais e econômicos ao Estado e ao País, tendo em vista que se trata de população economicamente ativa. Paula Pereira destaca que, além disso, as consequências desses atos atingem todo o contexto familiar da vítima, levando a sofrimento emocional e influenciando na qualidade de vida de todos os envolvidos.

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o número de tentativas de suicídio registradas no período de 2011 a 2016 no País foram de 176.226 — casos relativos à prática de lesão  autoprovocada —, dos quais 116.113 casos em mulheres e 60.098 em homens. Em Goiás, só em 2018, ocorreram 2.415 notificações de lesões autoprovocadas. A maioria das vítimas foi mulher, representando 63%. A coordenadora do Viva, Maria de Fátima Rodrigues, destaca que, embora haja um aumento gradativo das notificações de lesões autoprovocadas em Goiás, no período de 2010 a 2017, observa-se elevada subnotificação e existência de municípios silenciosos.

Tal situação, conforme Maria de Fátima Rodrigues, não foge do padrão mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde existem evidências de que apenas 25% das pessoas que tentam se matar entram em contato com hospitais. Normalmente, são encaminhados para as unidades hospitalares apenas os casos mais graves. E mesmo estes costumam ser tratados apenas de forma emergencial quanto às lesões que causam.

Formação dos profissionais

Na tentativa de amenizar o drama relacionado aos suicídios e tentativas de suicídios, a SES-GO tem investido na formação dos profissionais de saúde e áreas afins que atuam diretamente no atendimento à população e na organização devida dos cuidados de atenção primária, saúde mental e serviços especializados.

A SES-GO também procura sensibilizar os profissionais com o intuito de ampliar a abrangência da notificação por parte dos estabelecimentos de saúde, assistência social e outros e melhorar a qualidade no preenchimento dos campos na Ficha de Notificação de Violência Interpessoal/Autoprovocada.

Maria José Silva, da Comunicação Setorial 

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