Esap: 37 anos de história
Neste 8 de maio de 2018 a Escola Estadual de Saúde Pública Cândido Santiago – Esap/Sest/SUS completa 37 anos de existência. Hoje é uma instituição de ensino referência para a região centro-oeste e de importância nacional na formação do profissional de saúde para o Sistema Único de Saúde em Goiás. Quando nasceu em 08 de maio de 1981 a Esap recebeu o nome de Escola Auxiliar de Enfermagem do Hospital Geral de Goiânia e teve como uma das três docentes a enfermeira Valdivina Eustáquio da Silva.
Durante as quase 4 décadas de existência da escola Valdivina foi a única servidora que permanece na unidade e, portanto, acompanhou todo o processo de evolução e dificuldades enfrentados para que a unidade de ensino conquistasse a importância atual. Segundo relatos da enfermeira o curso de auxiliar de enfermagem foi um projeto de larga escala do Ministério da Saúde já que à época 70% da mão de obra da área de saúde não tinha qualificação. Segundo ela o processo de qualificação era feito através de transmissão do conhecimento onde eram repassados para funcionários do hospital que atuavam em outras áreas, inclusive da limpeza.
Em 1988, com a promulgação da nova constituição, o Ministério da Saúde iniciou o processo de descentralização do SUS incluindo a qualificação dos trabalhadores da saúde. Através da Resolução 118 do antigo INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social foi criado o Centro Formador de nível médio e elementar para a área de saúde e em 1989 a Escola Auxiliar de Enfermagem foi transferida para atual endereço no Bairro Santo Antônio, quando a qualificação foi ampliada para os municípios e foram criados novos cursos.
Dificuldades
Segundo relatos de Valdivina Eustáquio este foi um período de muitas dificuldades. A primeira delas foi o local de funcionamento que ficava muito distante do centro da cidade e sem muita infraestrutura. Conforme revelou da 3 professoras ela foi a única que se dispôs a trabalhar no novo prédio enfrentando os inconvenientes do transporte precário e da insegurança do lugar.
Os alunos que vinham de municípios distantes tinham que ser alojados na própria escola para participar dos cursos, o que era outro problema. “A escola é que transportava e hospedava os alunos”, revelou. Foi assim que todos aqueles trabalhadores sem qualificação daquele período foram formados e partir daí o processo tornou-se contínuo.
Outra grande dificuldade foi a implantação do novo sistema de ensino que encontrou grande resistência dos servidores e até dos gestores da época. O Conselho Estadual de Educação também não emitia a autorização para a implantação da metodologia ativa (que consiste na discussão de problemas e realidades locais para a busca de soluções e conhecimentos) como sistema de ensino. Com o apoio do estado do Rio Grande do Norte foi instituído o currículo integrado, por nível de conhecimento, e com o apoio do ministério da saúde foram formados multiplicadores para as novas qualificações.
Valeu a pena
Nestes 37 anos a história da Esap/Sest/SUS e a vida pessoal de Valdivina Eustáquio se fundiram. Segundo ela a responsabilidade de cumprir um projeto federal enfrentando resistências locais dos gestores e as dificuldades de atrair professores e alunos para a escola, também lhe proporcionaram crescimento profissional. Em meio aos desafios diários foi possível também se capacitar, conquistar melhores cargos e melhorar a remuneração.
Em meio a dois casamentos, três filhos (perdeu um deles para o câncer) uma viagem de 2 anos para o Japão, Valdivina garante que valeu a pena. Hoje como coordenadora pedagógica do Curso de Agente Comunitário de Saúde ela garante que viveria tudo de novo. Sem saber quando pretende se aposentar a enfermeira considera que contribuiu com a saúde pública de Goiás e, consequentemente, para a melhoria de vida da população. “Viveria tudo de novo”, concluiu.