Rede Nascer em Goiás visa a redução da Mortalidade Materno Infantil

Para alcançar o objetivo de mortes maternas, fetais e infantil, está sendo construído o fluxo do projeto com enfoque na estratificação de risco

Debate sobre estratificação de risco das gestantes foi um dos pontos altos do Seminário Rede Nascer em Goiás

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) tem planejado a construção do projeto que tem como principal foco a redução da Mortalidade Materna e Infantil, em todo Estado. Para isso conta com reorganização da linha de acesso e cuidado das gestantes.

A ideia é acompanhar as gestações com alto risco e existem vários fatores que podem levar a complicações na gestação, mas os principais são hipertensão, diabetes e gravidez gemelar. E além disso, a nota de estratificação de risco implementada no Estado, avalia não somente questões de saúde, mas também sociais de vulnerabilidade que podem elevar o risco gestacional. Como idade por exemplo (menores de 15 anos e maiores de 35), situação familiar, aceitação da gravidez, escolaridade e hábitos de vida (tabagismo, alcoolismo e uso de drogas) são considerados na estratificação de risco.

“A incidência de uma gestante necessitar de um especialista é muito grande e se isso não estiver alinhado, essa mulher vai ficar sem assistência, com risco maior de complicações”, resume a superintendente de Políticas e Atenção Integral à Saúde, Paula Santos.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS) e também da Organização Mundial da Saúde, cerca de 10 a 15% das gestantes terão comorbidades ou desenvolverão problemas durante a gravidez. O enfoque de risco, presente na assistência pré-natal, destaca a necessidade de cuidados diferenciados conforme o grau de risco de cada gestante. A organização do processo e dos cuidados é essencial para garantir equidade na saúde pública, reconhecendo que nem todas as pessoas exigem o mesmo nível de atenção, fluxo ou tecnologia em relação à sua saúde.

Estratificação de Risco
O uso rotineiro de recursos dedicados ao alto risco em gestantes de baixo risco não melhora a qualidade da assistência e pode atrasar o acesso das gestantes que realmente precisam. Por isso, é essencial fazer a estratificação de risco para direcionar os recursos adequadamente. A organização dos processos de atenção durante o pré-natal, incluindo a estratificação do risco, é crucial para reduzir a mortalidade materna. O Brasil não conseguiu cumprir a meta do milênio de redução da mortalidade materna, mas busca alcançá-la nos próximos anos através da discussão sobre rede materno-infantil, pré-natal e estratificação de risco para organizar fluxos e reduzir a mortalidade materna.

Antes da publicação do manual de 2022, o Ministério da Saúde já seguia uma estratificação de risco semelhante, criada nos Cadernos de Atenção Básica da Saúde em 2010 e 2012. O novo manual simplificou o algoritmo, mas manteve as premissas e passos semelhantes. O processo inclui desde aspectos sociodemográficos até a identificação de doenças e situações de agravação durante a gestação para classificar as pacientes em baixo, médio ou alto risco.

A médica ginecologista e obstetra Fernanda Rassi Alvarenga, da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia reforça a necessidade de uma organização na estratificação de risco para a redução da mortalidade. “Quando se faz o acolhimento da gestante na primeira consulta, é importante realizar uma anamnese completa para identificar os riscos. Com base em um algoritmo, as gestantes são classificadas em alto, intermediário e baixo risco.

O novo manual de 2022 trouxe quadros mais objetivos para classificar o risco das gestantes. Pacientes com comorbidades controláveis e sem fatores de risco específicos são consideradas de baixo risco. Aquelas com comorbidades controláveis, mas que demandam acompanhamento especializado, são classificadas como de risco intermediário. Já as gestantes com agravos maiores devem ser encaminhadas para serviços especializados de alto risco”, explica a médica, que sinaliza que para o Projeto Rede Nascer em Goiás, é essencial que em todos os centros de saúde haja uma organização para atender adequadamente as gestantes de diferentes níveis de risco, permitindo o acompanhamento correto e encaminhamentos quando necessários.

Outra indicação prevista no Projeto Rede Nascer em Goiás é a utilização da telemedicina como ferramenta útil para orientar a equipe de saúde no atendimento às gestantes de risco intermediário, enquanto aquelas de alto risco, devem ser direcionadas a serviços especializados com profissionais qualificados.

“Se um médico especialista consegue fazer essa interconsulta, a paciente não precisa se deslocar, mas consegue ter assistência em tempo oportuno. A gestante tem as 40 semanas, dentro desse prazo, tem que garantir a assistência que vai ajudar a reduzir a chance de morte, tanto para gestante, quanto para o bebê”. Reforça Paula Santos, superintendente de Políticas e Atenção Integral à Saúde.

Seminário Rede Nascer em Goiás
Entre os dias 10 e 11 de julho, foi realizado em Goiânia o Seminário Rede Nascer em Goiás, que tem como objetivo desenvolver uma metodologia de monitoramento e atendimento, de modo que a mãe e a gestante tenham o protagonismo das ações desenvolvidas para que o número de mortes materna e infantil seja reduzido no Estado. A iniciativa tem como modelo o projeto Mães de Minas. O evento reuniu gestores da SES-GO, diretoria do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems/GO), Superintendência Estadual do Ministério da Saúde em Goiás, gerentes, técnicos e convidados.

Yara Galvão (texto) e Iron Braz (foto)/Comunicação Setorial

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